Santos e milagres

Santos e milagres da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR)

Há muito que os bispos diocesanos perderam o alvará para a atribuição da santidade aos defuntos bem-aventurados. O próprio privilégio papal está, na prática, dependente de 1 milagre, para criar um beato, e de um segundo, para criar um santo.

Há um departamento no Vaticano – Sagrada Congregação para as Causas dos Santos –, cujo nome atual é da autoria de João Paulo II, o maior criador de beatos e santos da História da ICAR. Cabe-lhe certificar milagres, que germinam em terras católicas como cogumelos em noites de outono, se a temperatura e a humidade são propícias, e aprovar os resultados sobre o martírio e virtudes heroicas de Servos de Deus.

Depois do avanço da medicina e da farmacologia, os milagres são cada vez mais rascas. Não curam leprosos, coxos ou cegos, e um amputado jamais substitui a prótese por um membro ou um desdentado dispensa a placa, por mais que rezem aos melhores defuntos.

É curioso que os santos mais celebrados se arredaram do ramo e deixaram os prodígios aos novos, isto é, aos que não são ainda beatos nem santos, independentemente dos anos de defunção que carregam.

A D. Emília dos Santos não pediu a S. José que a pusesse a andar, pediu aos pastorinhos de Fátima que precisavam da beatificação antes de concorrerem à canonização.

A D. Guilhermina de Jesus, ao queimar o olho esquerdo, com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, não rezou a S. Pedro, invocou D. Nuno, cuja canonização, em tempos de maior fé, os espanhóis vetavam. Evitou o colírio e permitiu à ICAR, registar o nome do Santo Condestável no catálogo romano, já depois da bênção municipal na toponímia de uma freguesia de Lisboa, alcançada por intercessão política do Patriarcado.

Os milagres não são dogmas, mas é mais fácil crer nos primeiros, em desespero, do que nos últimos, em momentos de sensatez.

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