A política e os independentes

Não há independentes em política, há indiferentes e dissimulados, sendo estes últimos os que gozam da preferência dos menos politizados.

Nunca fui independente e raramente me identifiquei com qualquer partido, talvez fruto de uma militância frentista que começou em 1961 e terminou em 25 de abril de 1975, data em que me afastei da CDE. Julguei erradamente que já não fazia falta, que bastaria cumprir os meus deveres cívicos, mas não imaginei que regressassem os derrotados em 25 de Abril de 1974.

É por isso que, sem me sentir inferiorizado por estar arredado da militância partidária, procuro intervir pela palavra, dita e escrita, no apoio às posições em que me revejo e no apoio aos partidos de que me sinto mais próximo.

Assisti, nestes 43 anos de democracia, à reabilitação de velhos fascistas, à condecoração de crápulas, à eleição de salazaristas, à humilhação de antifascistas e ao esquecimento de resistentes, para não falar da ostracização dos militares de Abril.

O período cavaquista, na sua indigência, deu lugar a uma contrarrevolução permanente, à subversão de valores democráticos e à recuperação do horror à política e aos políticos, para favorecer os dissimulados.

Hoje, uma enorme quantidade de ‘apolíticos’ apresenta-se a eleições contra os partidos e os políticos, como se a dissimulação fosse uma virtude e a cobardia um currículo.

Quando alguém diz que não é de esquerda nem de direita, é, sem dúvida, de direita. É contra esses que estarei vigilante.

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