Europa: Mais uma ‘cimeira do Sul’…

A reunião que está a decorrer em Lisboa e que reúne representantes dos governos de Portugal, Malta, França, Espanha, Itália, Grécia e Chipre (o 'grupo EUmed') tem uma agenda vasta. A reunião de dirigentes destes países vai debruçar-se sobre problemas de emigração e segurança. Por detrás do pano e não menos importante (pelo contrário!) estão questões basilares como a Defesa e a União económica e monetária link.
 
Estes dois últimos temas adquiriram especial relevância nos últimos tempos.
 
A Defesa com a eleição de Donald Trump foi empurrada para a situação de necessitar de reavaliar as funções e o âmbito da NATO. O que foi colocado em questão por Trump ultrapassa o mero empenhamento financeiro na organização. Na realidade, os EUA estão a revelar o intuito de querer adotar a 'via mercenária' para qualquer tipo de intervenção no exterior e assim dar satisfação às exigências do complexo industrial de armamento americano. A política externa norte-americana reserva-se o direito de provocar o número de guerras (regionais ou locais) que lhe convier e depois vende a ‘pax americana’ ao preço de mercado, isto é, de acordo com mecanismos especulativos. Só que para futuro as guerras, desenhadas em Washington, deverão ser pagas pelos outros (membros da NATO). Está aqui subjacente a mesma filosofia expressa relativamente ao muro do México (os EUA impõem-no e o México paga).
 
A União económica e monetária, é outro assunto candente. O Brexit tornou-se num problema agudo na agenda política europeia e veio desencadear diversas reações. Mas o Brexit poderá funcionar como [mais] uma arma de arremesso contra a Europa, quando a Srª. May aliar-se ao presidente Donald Trump (como se viu na primeira visita da primeira-ministra a Washington) para transformar a saída inglesa ‘num êxito!’.
 
Por outro lado o processo de construção do euro é, neste momento, contestado a diversos níveis. Mas mais do que contestado é equacionada a seguinte questão: a quem serve?.
Os europeus na sua maioria (há exceções) têm consciência das fragilidades existentes à volta da moeda única, das políticas orçamentais e do sistema financeiro, nomeadamente, acerca do papel do BCE.
 
E o grande sobressalto é exatamente em que medida a União económica e monetária tem contribuído para a coesão europeia. A resposta é simples e curta: nada!
 
Na UE acerca de tudo e de nada fala-se de reformas estruturais. Ora, se há um campo em que essas reformas têm absoluto cabimento é precisamente no terreno da União Económica e Monetária, nomeadamente, na consolidação e unificação do sistema bancário, reformulação e redimensionamento das políticas orçamentais comunitárias, regulação e tributação do sistema financeiro, uniformização fiscal, entre outras.
 
Esta cimeira do Sul retoma uma atitude diferente. Os dirigentes desses países reúnem-se à luz do dia sem recearem as diatribes do senhor Wolfgang Schauble...

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Enquanto o legítimo governo português procura uma solução coletiva, Passos Coelho defende uma capitulação orgulhosamente só.

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