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A mostrar mensagens de setembro, 2016

Notas Soltas – setembro/2016

Notas soltas – setembro/2016 Espanha – Rajoy ficou a saber que 40% dos deputados não são a maioria, e a Espanha, alheia à onda de corrupção que atingiu proporções inimagináveis, é incapaz de mudar o sentido de voto para permitir uma alternativa democrática ou a simples alternância. Brasil – A cumplicidade judicial e parlamentar, no golpe de Estado que destituiu Dilma, arruinou a reputação do País e das instituições democráticas, mostrando que as votações de governos progressistas deixam de ser respeitadas na América latina. Aquecimento global – A ratificação do acordo alcançado em Paris, em dezembro, pelos dois maiores poluidores mundiais, EUA e China, foi um dia histórico para uma tentativa séria de prolongar a vida na Terra e salvá-la do fim prematuro. Alemanha – Há, na ascensão da extrema-direita nas eleições regionais, à custa da CDU, motivo de extrema preocupação. A derrota de Merkel não foi por boas razões, deveu-se à sua estatura política, coragem democrátic

Turbulencia no PSOE e a crise 'mayor'..

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A situação político-eleitoral espanhola conheceu ontem um novo sobressalto. A demissão em bloco de um significativo número de elementos da Comissão Executiva do PSOE visa provocar, no imediato, alterações na liderança partidária e consequentemente mudar o posicionamento institucional deste partido face ao impasse político que Espanha vive link .   Figuras históricas preponderantes no PSOE, como é o caso de Felipe Gonzalez  link , há muito que defendem para o partido um posicionamento de ‘oposição-árbitro’, permitindo pela abstenção a posse de um governo minoritário do PP, presidido por Mariano Rajoy, com ou sem apoio explícito, do Ciudadanos. Seria um governo fraco, dependente de negociações caso a caso com toda a Oposição (e não só com o PSOE), permanentemente no fio da navalha que, teoricamente estaria condicionado refrear a prossecução de políticas de austeridade.   Esta será a visão simplicista e muito idílica da situação já que pressupõe um facto que carece de demon

Vitórias e derrotas

Não há vitórias eternas, nem derrotas definitivas. O processo de acumulação do capital levou à concentração da riqueza em cada vez menor número de pessoas. Há de atingir um ponto de fratura.´ Os tempos que correm, no dealbar da quarta revolução industrial, em que pela primeira vez os postos de trabalho destruídos são em maior número do que os criados, com robôs capazes de substituírem as pessoas, não tem uma resposta política para os desequilíbrios criados, e acentuados pela incontrolável explosão demográfica mundial. Pelo contrário, com a multidão crescente de desocupados, exige-se a quem tem emprego que aumente a frequência, duração e intensidade do trabalho, fruto da ganância de quem acumula capital e do desespero do número crescente de marginalizados. Não é apenas a riqueza que urge distribuir, é o próprio trabalho e a sua retribuição, pois acabará por ser insustentável que não se dividam ambos, para maior equilíbrio social. Só existe uma situação em que os ricos arriscam t

ONU

O aparecimento de uma candidatura não escrutinada [hoje, dia 28] é o resultado de interesses protegidos por negociações ocultas. A sua eventual vitória será a subalternização do cargo de secretário-geral. Nem a nova candidata nem quem a patrocina se prestigiam. Apenas conseguem que a ONU se torne uma mera correia de transmissão de certos interesses geoestratégicos. Pode ser uma boa candidata para a Alemanha e para os EUA, mas não o é para o mundo. A alegada transparência que as cinco votações secretas pretendiam demonstrar fica manchada pela não aceitação do candidato mais consensual e considerado o melhor preparado. Guterres tem o perfil ideal para secretário-geral da ONU, mas nunca seria um vassalo de quem quer que fosse. O nome defendido por Durão Barroso, essa referência ética da UE, na última conferência de Bilderberg, acabou por avançar, em desespero de causa, com a bênção do Partido Popular Europeu. Temeram em Guterres a coragem e independência de um Dag Hammarskjöld. Nã

O IMI e os locais de culto

O ataque à isenção de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), em relação às sedes dos partidos políticos, quase sempre carregado de demagogia e mal disfarçado populismo, é um assunto que entrou na discussão pública, graças ao tempo de antena que é concedido a quem se acomoda mal ao pluralismo partidário, ou seja, à democracia. Aceito a isenção de todos os locais de culto, desde sedes de partidos políticos e templos de qualquer religião a sedes de sindicatos e de associações patronais, desde que afetos à função. Mas aceito a abolição, de forma definitiva e universal, se a decisão for tomada pela AR, o órgão que legitimamente representa todos os portugueses. Já não aceito a isenção de impostos ou benefícios fiscais, IMI, IRC ou outros, para bens móveis ou imóveis e atividades comerciais de partidos políticos, religiões, sindicatos ou associações patronais. Os donos de imóveis alugados ou afetos a atividades comerciais no ramo da restauração, ensino, saúde ou de qualquer outro, devem p

Os últimos fuzilamentos do franquismo – 27-09-1975

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Há 41 anos, o frio e pio genocida, Francisco Franco, escreveu a última página de horror, perpetrou o derradeiro crime, e derramou o último sangue com que manchou o cadáver adiado de último ditador europeu. Mais do que as palavras, vale a imagem que os democratas espanhóis publicaram há 1 ano, sobre a última orgia de sangue de que se alimentou o facínora.

Ocultar o passado é evitar a vacina contra a reincidência

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Quando reaparecem os tiques salazaristas e se faz já a defesa despudorada do fascismo, às escâncaras, urge revelar o que foi em Portugal o período da ditadura, abençoada pela Igreja católica, e que a Pide, a censura, o medo e a ignorância protegeram. A apreensão de livros, as prisões sem culpa formada, os tribunais Plenários, a tortura, o exílio, a fome, o analfabetismo, enfim, tudo o que era mau e anacrónico, prolongou-se num país tão atrasado que até na descolonização foi o último, quando a tragédia era já inevitável e a guerra injusta e criminosa tinha custado milhares de mortos e estropiados em ambos os lados das frentes da guerra colonial. Não faltam historiadores que documentem e interpretem esse período sombrio de meio século, mas faltam leitores interessados para os conhecerem e divulgarem. E sobram os que pretendem reescrever a história e criar eufemismos para absolverem a ditadura. O salazarismo não foi apenas perverso e castrador, formatou gerações em princípios que

A 2ª. vida de Jemery Corbyn

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A (re)eleição de Jeremy Corbyn para a liderança do Labour, ocorrida há poucos dias, mostra como os políticos profissionais e carreiristas podem estar (e ficar) isolados das suas bases link .   O grupo parlamentar trabalhista decidiu, após o Brexit, retirar o apoio político ao seu líder. Teria sido um golpe ‘ao estilo brasileiro’ se não fosse a política britânica ter uma raiz democrática muito profunda e consolidada. Era suposto que os deputados representassem as suas bases partidárias e eleitorais. A auscultação directa dos militantes do partido revelou um total desfasamento entre os deputados e a maioria do partido. Tão-somente isso, o que já não é pouco.   A ‘3ª. via’, pretensamente uma versão moderna e revista da social-democracia, concebida por Tony Blair, não trouxe nada de bom para a Esquerda, não ‘vingou’ na Europa, mas continua a estrebuchar, no covil originário. A acomodação às exigências do conservadorismo neoliberal é um dos caminhos para o suicídio da Esque

Manuel Buíça - mártir da liberdade

Para memória futura deixo aqui arquivado o acesso a um relevante documento histórico. Testamento de Manuel Buíça

Imposto sobre o património imobiliário: deambulações reflectivas e alguns incómodos…

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Os impostos têm sempre uma marca – e uma carga - ideológica. Quando os despimos dessas características tornam-se medidas meramente contabilísticas onde – para usar a linguagem arcaica – impera o deve e o haver. Hoje, chama-se a isto, quando tem a ver com as contas públicas, ‘equilíbrio orçamental’ e todo e qualquer desvio pode ter uma conotação terrível – défice.   Os impostos - a política fiscal - são, por outro lado, um tema difícil para um leigo. Mas, concomitantemente, são a inevitabilidade que nos cerca, aflige e interroga.   Não vamos recuar à origem dos impostos mas recorrer a um notável cientista do século XX que, falando sobre o velho ‘imposto profissional’, disse: “ A coisa mais difícil de compreender no mundo é o imposto profissional ”. – Albert Einstein.   É sintomático que um homem que foi capaz de elaborar e dar ao Mundo a Teoria da Relatividade tenha este grau de incompreensão sobre uma taxação que vigorou em muitos países europeus durante grande parte do

Bom domingo

Este blogue não é apenas um espaço de intervenção cívica, cabendo nele o excessivamente sério e o moderadamente frívolo. Aqui ficam, para a boa disposição dominical, algumas respostas sobre o vinho, aquele líquido que o biltre de Santa Comba dizia dar de comer a 1 milhão de portugueses. Para quem ainda tinha dúvidas sobre a ingestão do VINHO, aqui ficam as respostas que um velho amigo me enviou: 01. O VINHO PODE MATAR? Pode. Há uns anos, um rapaz foi atingido por um barril de vinho que caiu de um camião levando-o a morte instantânea. 02. O USO CONTINUADO DO ÁLCOOL PODE LEVAR AO USO DE DROGAS MAIS PESADAS? Não. O álcool é a mais pesada das drogas: uma garrafa de vinho pesa cerca de 900 gramas . 03. O VINHO CAUSA DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA? Não. Cerca de 89,7% dos psiquiatras, psicólogos e psicanalista entrevistados preferem cerveja. 04. MULHERES GRÁVIDAS PODEM BEBER SEM RISCO? Sim. Está provado que nas operações STOP a polícia nunca faz o teste do balão às grávidas. 05. O

Memória antiga para memória futura e eterna

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Durão Barroso (DB) apanhado com a mão no Gold[man Sachs]

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O cúmplice da invasão do Iraque afirmou que está a ser prejudicado pelo facto de ser português (só faltou dizer que é por ser de direita) e que o atual presidente da Comissão Europeia (CE) também já trabalhou no nebuloso e pouco respeitável banco. Só não explicou se o facto de ser português o prejudicou no percurso ínvio que o levou à presidência da CE e não sabe distinguir entre a saída e a entrada, entre o passado e o futuro, entre trazer uma experiência e levar uma agenda de contactos. O atual presidente da CE é também um homem de mão do PPE, pouco recomendável, mas teve de dar um sinal de que o PPE não pode caucionar todas as levezas éticas dos mais destacados dos seus paquetes. O que está em causa é, de facto, a promiscuidade entre o grande capital e os centros de decisão política, a porta giratória entre a política e os negócios, mas é preciso salvar as aparências para que tudo fique na mesma. DB diz que não se juntou a nenhum cartel da droga. É verdade. Prefer

Escolas públicas - laicidade é isto

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Pobres & Ricos: Olof Palm, Otelo e derivas actuais …

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Uma troca de ideias informal atribuída, nos tempos do PREC, a um encontro entre o capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, e uma das referências da social-democracia nórdica, Olof Palme, sobre estratégia económica e social, aparentemente, revela uma profunda discordância. O militar português teria afirmado ao seu interlocutor estar empenhado em ‘acabar com os ricos’ ao que o político sueco retorquiu que, no seu País, queriam acabar com os pobres. A Direita tem aproveitado ad nauseam este hipotético trocadilho para a atirar-se às cegas sobre a pretensão do Governo de - no próximo OE - poder vir a tributar o património imobiliário. Em primeiro lugar, convém ter presente que a tributação do património (trata-se do ‘volumoso’) é uma velha e permanente reivindicação da Esquerda, de todo o seu espectro (da social-democracia mais moderada ao comunismo mais ortodoxo). E essa circunstância que deveria estar presente quando abusivamente se pretende fazer comparações entre o pre

O Goldman Sachs e os colaboradores recrutados em Portugal

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O banco que, entre suspeitas e factos provados, não teve escrúpulos com os lucros dos piores escândalos, desde a maré negra do México, à falência do Lehman Brothers e da manipulação das contas gregas, à crise do euro, é escrupuloso na escolha dos seus quadros. O poderoso banco não enjeita quem possa levar-lhe competências e, sobretudo, agendas recheadas de bons contactos, logo que tenham passado no crivo de ex-membros da CIA, que elaboram dossiês sobre os futuros ‘trabalhadores’. Por estranho que pareça, só António Esteves não teve militância conhecida no PSD. - António Esteves, foi do Santander Negócios em Portugal até 1998, ano em que teve o convite da Merrill Lynch mesmo antes da entrada em vigor do Euro. Em 2007, quando surge a crise, a Merrill Lynch foi das primeiras afetadas e, em 2008, era convidado pelo Goldman Sachs. O convite, irrecusável, foi para responsável de todas as operações do nebuloso banco em Portugal, Itália, Espanha e Grécia. - José Luís Arnaut, advogado,

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Para gab.ministro da Educação Cc. Grupos Parlamentares da AR Tiago Brandão Rodrigues Ministro da Educação Excelência, A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa ao ler na Gazeta de Paços de Ferreira, de 18 de agosto, que, após proposta conjunta do presidente da Câmara de Paços Ferreira, Humberto Brito, e da diretora do Agrupamento de Escolas de Freamunde, foi dado o nome de um bispo auxiliar do Porto, D. António Taipa [sic], à referida escola. A cerimónia, que teve a presença do patrono a inaugurar a placa, no dia de 15 de agosto, feriado com que o Estado privilegia o mito católico, de ‘Nossa Senhora da Assunção’, a subida ao Céu, em corpo e alma, contou com a presença de três bispos e com o patrono, nas garridas vestes talares, a descerrar a placa toponímica com o presidente da autarquia, como se lê e vê na notícia e foto da referida Gazeta. Perante o grave atentado à laicidade do Estado numa escola pública, onde a neutralidade religiosa é uma exigência ética e

Crimes sem castigo e castigos sem crime

A senhora Merkel soma derrotas, não por boas razões, mas pela má, aquela que deu força aos seus adversários da extrema-direita, que renasce, com a corajosa decisão de acolher refugiados em 2015, perante uma onda de xenofobia que cresce na Europa e no mundo. Há analogias que remetem para as condições que precederam a última Guerra mundial. Nos EUA, um Trump a ganhar velocidade, não é um mero epifenómeno americano, é a ameaça que paira nas democracias, o ódio anti-partidário e a demagogia. Imparáveis. A Comissão Europeia, cada vez mais satélite do PPE, não suporta que a mais moderada esquerda possa cumprir promessas eleitorais, com a chantagem permanente e o desvelo dos partidos afiliados. Em Portugal, não lhe basta a comunicação social, exclusiva de grupos económicos, e o ressentimento da direita que gostaria de ilegalizar o PCP e o BE. Não desiste de os ostracizar e de negar a legitimidade que as urnas lhes conferem, e só vê que “os riscos estão inclinados para a negativa”. Depoi

A lei autárquica e os independentes à moda do Porto

O Dr. Rui Moreira, certamente um excelente autarca (digo-o sem ironia), pretende que às listas dos candidatos “independentes” sejam dadas as mesmas condições que às dos partidos políticos. E está em vias de o conseguir. Aqui está uma ideia capaz de gerar uma quase unanimidade, tal é a desconfiança dos partidos políticos e da luta partidária, como se, sem uns e outra, existisse democracia. Pessoalmente prefiro remar contra a maré e suspeitar dos partidos que apoiam no plano legislativo uma velha reivindicação de caciques (não digo que seja o caso), ansiosos de fazerem propaganda contra os partidos, de se afirmarem apolíticos, enfim, demagogos e reacionários, inconformados com a democracia representativa. Quem é independente? Quem teme assumir-se politicamente ou quem se dissimula? O facto de eu não estar inscrito em qualquer partido não faz de mim independente, nem me confere qualquer alvará de isenção partidária. Abandonei, em 1975, a militância de 14 anos, convencido de que a

Quem é Passos Coelho?

O pior não é a incompetência, é o mau carácter. Não foi ele que teve a ideia de como ajudar a resolver o problema da Grécia? Aqui está 

O que a comunicação social não pergunta

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No início do seu mandato, o PR mandou passar a pente fino as contas nebulosas do Palácio de Belém. O relatório, se acaso o há, anda perdido algures entre a TVI e o Expresso, quiçá, misturado com os papéis do Panamá.

No rescaldo de Bratislava: uma discreta solicitação, mas urgente…

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A cimeira de Bratislava, ou seja o Conselho Europeu reunido a 16.09.2016, organismo com reais capacidades decisórias e o fórum privilegiado das análises estratégicas sobre políticas europeias acaba divulgar que os resultados obtidos foram (mais) um fiasco link . Nem acordo para negociar o Brexit, nem consenso sobre o problema dos refugiados, nem estratégias para incentivar o crescimento. Tudo na água. Para confirmar tais resultados basta interpretar a atitude do primeiro-ministro, italiano Matteo Renzi, que achou por bem distanciar-se dos termos do comunicado final e fugir da fotografia da 'closing ceremony' link .   Com uma crise de crescimento a ganhar terreno e a reversão das taxas de desemprego a marcar passo e em níveis intoleráveis a União Europa não consegue encontrar saídas. O mais preocupante são os calendários eleitorais nacionais que como tudo indica acabarão por ditar o adiamento de decisões necessárias e urgentes. Uma delas é o problema dos refugiados

O livro (Eu e os políticos), o autor (JAS) e o apresentador (PPC)

Que… Que José António Saraiva, arquiteto que enveredou por projetos jornalísticos a soldo da direita, da pior direita, monárquico e amoral, resolva ganhar dinheiro como alcoviteiro, a revelar conversas pessoais e a vender a vida sexual de políticos a quem gosta de espiar pelo buraco da fechadura, apesar de crime, aceita-se pela decadência ética a que chegou. Que a demência cívica o prive de entender o respeito que os mortos lhe devem merecer, para não lhes expor a sexualidade, verdadeira ou inventada, é próprio da leveza ética do autor do livro e da baixeza moral de quem o lê. Que, depois de falhar como diretor do luminoso Sol e como jornalista, se transforme em vendedor de sexo saído dos canos de esgoto, em conversas privadas e sem a autorização dos seus interlocutores, escrevendo um livro, não é um problema para a literatura, é um caso de polícia. Que quem foi primeiro-ministro, graças a indivíduos do estofo moral do autor, se preste a apresentar o livro, não faz um mero paga

Luís, o Amado (de quem?)…

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Luís Amado foi convidado para ‘botar faladura’ nas Jornadas Parlamentares do PSD. E o ex-ministro que, para ‘fogo-de-vista’, continua a ser referido como um influente personagem dos 2 Governos socialistas presididos por José Sócrates mantendo, no presente, uma indefinida aura de socialista, assumiu a condição de pensador e sentiu-se impelido a propor uma solução governativa.   Agora, defende, como solução política para a resolução dos problemas do País, uma nova invenção/revelação: o ‘ centro radical ’ link .   Este súbito radicalismo de matriz liberal, uma reminiscência do jacobinismo, é uma saída perfeitamente compatível para um político que perdeu referências doutrinárias (se é que alguma vez as teve) e se ‘estampou’ no exercício de actividades bancárias (sobre o que evita falar).   O modelo que apresentou como ‘salvador da pátria’ é mais uma blague do nosso círculo político (e partidário). Na realidade, o que tentou revelar como inovador não é novo e o que seria n

Sócrates é capaz de tudo…

Em 22 de novembro de 2014 escrevi o último texto em que me referi a Sócrates, pelas razões do excerto que aqui transcrevo e que pode ser lido no Ponte Europa: «Abstraindo do drama pessoal de Sócrates, desejo que os motivos que conduziram ao seu linchamento público sejam cabalmente provados. Os Tribunais são o único órgão da soberania em que ainda devemos acreditar. Não é um cidadão que está em causa, é a Justiça que fica sob escrutínio.» A entrevista do juiz de instrução, Carlos Alexandre, à SIC, foi de tal modo nefasta para si próprio, para a imagem da Justiça e para os cidadãos que nela confiam, que permite pensar que algum primo de Sócrates subornou a SIC para solicitar a entrevista e outro amigo, infiltrado na ‘Fábrica da Igreja Paroquial de Mação’, o persuadiu a dizer que não tem contas em nome de outros para, assim, desacreditar o processo que tem em mãos. Só pode ter sido maquiavelismo de Sócrates. Apostila - Depois deste ataque público a um arguido, feito por quem não t

Brasil: FHC, Lula, Dilma, Temer e …?

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O Brasil está em pleno rebuliço. Depois da destituição de Dilma a nova presidência encabeçada por Temer começou a preparar as próximas eleições presidenciais. Pelo meio o PSDB despachou Eduardo Cunha um peão do tipo Kleenex (de usar e deitar fora) para promover o impeachment de Dilma que não logrou prever a armadilha para onde foi empurrado. Agora, vão começar a ser despachados, um a um, os eventuais adversários. E dos possíveis candidatos, Lula da Silva, transitou de suposto indiciado para o ‘general’ da corrupção na Petrobrás e o PT transformou-se no alvo principal da ‘operação Lava-Jacto’. link .  Todo este conturbado trânsito judicial começa a esclarecer em que estado está a política brasileira e como o Estado pode estar a ser capturado por uma ‘deriva justicialista’. Se ninguém puser cobro a esta deriva as próximas vítimas serão os autores e actores do impeachment, com Michael Temer à cabeça. O caminho que se está a ensaiar não andará longe dos contornos de um ‘ neo-

Maria da Assunção Cristas – A queda de um anjo

Maria da Assunção quis fazer jus ao nome subindo ao olimpo autárquico português, tal como a homónima, mãe de Jesus, que, segundo o mito católico, subiu ao céu, em corpo e alma [Assunção], em data, local e meio de transporte incertos. Evocaria ainda a terra onde nasceu, chamada, em tempos mais pios, São Paulo da Assunção de Luanda. Assunção Cristas julgou que o seu partido tinha crescido quando apenas inchou, graças à habilidade de Paulo Portas a extorquir a Passos Coelho o quarto grupo parlamentar da AR. Foi um negócio faraónico que não teve em conta que o PSD tem gente mais capaz que Passos Coelho e o CDS não tem melhor que Portas, por menos honroso que seja. Julgava fazer refém o PSD e ficou refém de si própria, à espera do desastre que abre a porta a Nuno Melo, menos recomendável, mas mais sagaz, educado na escola do tio, o cónego Melo, da Sé de Braga, e na de Paulo Portas, tal como ele, amante de veículos de alta gama. Em Oliveira do Bairro, a 252 km de Lisboa, justificou a s

Café Santa Cruz – um caso político em Coimbra

Não há sotainas que me assustem, saprófitas do clero, difamadores ou chantagistas pios que me afastem deste caso e do dever cívico de expor eventuais autarcas que venham a mancomunar-se com a Igreja contra o interesse público. A Concordata é iníqua e precisa de ser denunciada e a lei da liberdade religiosa (Lei n.º 16/2001) é uma fonte de privilégios da Igreja católica, que urge revogar. A lei deve ser comum a todas as associações. É inaceitável que o casamento religioso produza efeitos civis, quando celebrado por um clérigo católico, e que a dissolução pelo Vaticano produza efeitos civis em Portugal. As capelanias militares (incluindo polícias), hospitalares e prisionais, sustentadas pelo erário público, ofendem a laicidade do Estado. As aulas da Disciplina de EMRC devem ser abolidas nas escolas públicas. Os docentes são discricionariamente nomeados pelos bispos e pagos pelo Estado, e acumulam tempo de serviço com que ultrapassam colegas em concursos futuros de outras disciplina

Durão Barroso – maoísta com destino de Trotsky

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Um estalinista nunca deixa de o ser. Um fascista pode tornar-se democrata, mas um estalinista, nunca. Um estalinista pode chegar a líder de um partido democrático, e não deixa de o ser. Zita Seabra aproveitou a última relação conjugal para batismo, confirmação, eucaristia, penitência e matrimónio, cinco sacramentos pios por atacado, mas não deixou de ser o que foi no PCP, uma estalinista. Até entrou para o Opus Dei, para o confirmar. Durão Barroso, maoísta, nunca deixou de ser estalinista no glorioso percurso de Mao a pior, sempre com amplo proveito pessoal. Com a leveza ética [só Passos Coelho e Luís Montenegro não a veem] com que aceitou, quando PM, férias, com a mulher, os 3 filhos e um primo, viajando no jato privado do empresário João Pereira Coutinho para a sua ilha privativa, no Brasil, em 2002, aceitou as de 2005, no iate de Spiro Latsis, um banqueiro grego, quando estava indigitado para presidente da Comissão Europeia. Quem se admira que o ex-presidente da CE, presen

Miranda do Corvo, 11 de setembro

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A data de 11 de setembro está carregada de amargas recordações históricas, desde o golpe de Estado do torcionário Pinochet, com apoio do clero autóctone e do Vaticano, até à abominável demência islâmica no cruel ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, há 15 anos. Ontem, em Miranda do Corvo, no alto da serra, procedeu-se, sob os auspícios Fundação ADFP: Parque Biológico da Serra da Lousã, à inauguração d’O Templo Ecuménico Universalista’, uma peça integrada num conjunto vasto de realizações, com a presença de convidados de todas as religiões, do GOL e da Associação Ateístas Portuguesa. Uma bela peça, diga-se, a permitir uma viagem culta pela história da humanidade, e a apelar à fraternidade humana. Quanto ao diálogo inter-religioso, um sonho do Dr. Jaime Ramos, como se fosse possível haver diálogo entre o dogma e a razão, entre a vontade de deuses mudos e funcionários convictos da verdade absoluta, e prosélitos, não me pronuncio agora. Assisti com agrado à cerimónia de um grupo pa

As cíclicas e imparáveis manobras vindas de Bruxelas...

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A pressão das instituições europeias (Comissão Europeia, Ecofin, Conselho Europeu, BCE, Eurostat,…) sobre Portugal e Espanha acerca do défice orçamental, considerado excessivo (como se qualquer défice pudesse de deixar de o ser), faz parte de uma longa série de avaliações em que se misturam as prestações dos burocratas e estratégias políticas.   Terá sido fixado o prazo de 15 de Outubro link para serem introduzidas medidas de correcção orçamental sob pena de 'congelamentos' da utilização dos fundos europeus. Isto é, perante a necessidade de investimento que acelere o crescimento económico agita-se o garrote.   Ambos os países (Portugal e Espanha) estão a ser discriminados face a situações semelhantes existentes noutros países, nomeadamente com a França, o que está bem patente na célebre frase de Junker: “Défice? A França é a França…”  link .   Mas, se partimos (Portugal e Espanha) no mesmo barco, não será de estranhar que ao Governo espanhol seja concedido o ala

Cristas e a municipal Assunção …

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  Cristas foi lançada para a arena política da capital link e não vai ter uma ‘Assunção’ fácil na capital. Este recente passo encetado para a consolidação da sua liderança é, à primeira vista, demasiado temerário. Soa a uma falsa partida ou a um empurrão.   As eleições municipais dão, no presente, sinais que podem, paulatinamente, estar a alterar as suas características originais. Durante largos anos - na nova fase democrática do poder autárquico decorrente do 25 de Abril - gravitaram à sua volta inúmeras manobras político-partidárias (locais, distritais e nacionais). Esta ‘gravitas’ originou, em muitas situações, graves perturbações nos aparelhos partidários, que atingiram transversalmente todos e é fastidioso enunciar os casos.   A abertura das candidaturas autárquicas a independentes foi, em princípio, a ‘válvula de escape’ deste sistema mas, também, o rastilho da mudança ainda em curso. Salvo honrosas excepções (que as há) as candidaturas independentes foram a ‘saída