O Conselho de Estado, Portugal e a União Europeia

Não interessa saber se Cavaco foi ou não favorável a sanções da UE contra Portugal, na reunião do órgão consultivo do PR. É irrelevante o que pensa Cavaco Silva. A política não é um ramo da espeleologia e os fósseis não são o seu objeto de estudo.

Grave é o acolhimento da comunicação social à reiterada e patética negação dos factos, por Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. As sanções com que é chantageado este governo referem-se ao falhanço do governo de Passos Coelho no cumprimento de metas de 2014 e 2015. Estes são os factos.

O que o país não pode esquecer é a dilatação da última legislatura, até ao prazo máximo legal, o que inviabilizava a apresentação oportuna do OE-2016, situação agravada pelas manobras dilatórias para investir o legítimo e atual governo. Não foi culpa exclusiva do notário de Belém, foi responsabilidade do PSD e do CDS, que o impeliram ao patético adiamento, de gravosas consequências para Portugal.

Quando é preciso desviar atenções da colossal crise financeira dos bancos de Itália (360 mil milhões de euros), da monstruosa dimensão dos problemas do Deutsche Bank e dos imprevisíveis efeitos do Brexit, Portugal e Espanha são, depois da Grécia, fundamentais para disfarçar a crise financeira da UE, em permanente adiamento.

Vale a pena lembrar uma resposta recente de Jean-Claude Juncker, quando confrontado com sanções à França: “Não há, já que se trata da França” (sic).

Não me surpreenderia, perante a leveza ética dos atuais dirigentes europeus, executores da estratégia do Partido Popular Europeu, que, depois de terem obtido do PP espanhol um qualquer compromisso (impossível de cumprir, por falta de apoios parlamentares), usem Portugal, cujo governo incomoda, como único bode expiatório.

E não lhes faltam cúmplices autóctones.

Ponte Europa / Sorumbático

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