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A mostrar mensagens de março, 2016

Notas soltas – março/2016

EUA – Donald Trump, o Le Pen americano, é misógino e racista. Defende a tortura e o assassinato das famílias dos terroristas como profilaxia e terapêutica do terrorismo. É o imbecil, demente e perigoso, que atrai eleitores embrutecidos e medrosos. Trágico! Coreia do Norte – No país, onde a exótica monarquia dirige a mais obscura ditadura do Globo, Kim Jong-un responde com a ameaça nuclear às sanções da ONU. Não podemos continuar reféns da esquizofrenia de um líder insano e imprevisível. Maria Luís Albuquerque –A ministra deixou pesada herança. A mestra em Economia Monetária e Financeira não foi apenas imprevidente e calamitosa no Governo, revelou total ausência de princípios éticos nas funções, públicas e privadas, antes e depois. Eslováquia – A chegada do partido neonazi ao Parlamento, com 14 deputados e 8% dos votos, segue a tendência europeia, ampliada pelo medo dos refugiados que procuram a Europa, a lembrar o ambiente que levou Hitler ao poder e precedeu a II Grand

O combate da civilização contra a barbárie

Massacres em Istambul, Damasco ou Bagdad não aterrorizaram os europeus, apesar de a primeira cidade se encontrar no seu continente, e ainda menos os da estância de Bassam ou de Ouagadougou, porque a Costa do Marfim ou o Burkina Faso são países arredados da geografia das preocupações europeias. O ataque suicida, em Lahore, contra a minoria cristã, no domingo de Páscoa, fez mais de 70 mortos e 280 feridos, num parque infantil, mas o Paquistão fica longe e as notícias foram parcas e efémeras! Nova Iorque comoveu o mundo civilizado, esquecido dos seus erros e crimes e da troca de princípios por interesses. As Torres Gémeas sepultaram milhares de inocentes e houve um clamor internacional, mas quando se esperaria a severa punição da Arábia Saudita, cuja origem e financiamento do ataque esteve na base dessa tragédia, quatro ‘Cruzados’ atacaram… o Iraque, liderados por Bush, aconselhado por Deus –, disse ele. Agora, depois de Madrid, em 2004, Londres, em 2005, Paris (janeiro e novembro), e

Cama, comida e roupa

No Japão, aumenta de forma preocupante o número de idosos que praticam roubos, não pela vontade de se apropriarem do alheio, mas pelo desejo de serem presos. O que pode levar pessoas, ainda na posse de faculdades intelectuais, a trocarem um bem que se convencionou ser dos maiores, pela obsessão da prisão? Afinal, a explicação é simples. As magras reformas não permitem o sustento enquanto a prisão garante cama, comida e roupa, certamente na companhia de outras pessoas, o que a perda de mobilidade exonerou das suas vidas. Já não basta a solidão que deprime os velhos, as carências de toda a ordem podem levar à troca da liberdade por sopa e agasalhos, mesmo em economias desenvolvidas. E vem-me à memória aquele texto escolar da minha infância, de um país imaginário em que era costume os filhos levarem os velhos pais a um monte, com uma manta para se agasalharem, até que a morte os levasse. Foi numa dessas viagens que um pai pediu ao filho para regressar com metade da manta, para que

Frases históricas - Courrier Internacional. Abril 2016. Página 18

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O PR e aprovação do OE-2016

O PR, promulgou ontem o OE-2016, cujo adiamento se deveu à mesquinha embirração do seu predecessor que protelou a posse do governo legítimo, com graves prejuízos para o País. Marcelo fez o que devia, sob pena de ter de o promulgar, exatamente igual, depois de a AR o confirmar, sem as humilhações reincidentes do antecessor, quiçá por masoquismo, em vários diplomas. A inovação desta promulgação residiu na inédita e simpática explicação ao país, durante uma conversa em família, à hora do chá. Fê-lo com a mestria de excelente comunicador, deixando a impressão de que podia fazer diferente e, com os exemplos herdados, lhe era permitida uma birra numa matéria que não é da sua competência e em que não lhe cabe a mínima responsabilidade. Entre lugares-comuns, instou o Governo e a administração pública a serem rigorosos na execução, sob pena de voltarmos a ter um OE Retificativo “como a nossa prática dos últimos anos já demonstrou”, numa estridente censura ao anterior Governo que nem um só

Bruxelas, no rescaldo da barbárie…

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As manifestações promovidas pela extrema-direita na praça de Bolsa de Valores em Bruxelas que degeneraram em violência revelam algo que se mantinha larvar.  Os manifestantes que se auto-denominavam ‘ Belgian Hooligans ’ parecem ter sido recrutados nas claques de clubes de futebol que mantêm um nível elevado de organização e de mobilidade link . Manifestando o ensejo de protestar contra a barbárie dos atentados terroristas que ocorreram em Bruxelas a concentração extremista não se eximiu a exibir para além de violência que caracteriza o hooliganismo, cartazes fascistóides e  a gritar palavras de ordem xenófobas e de incitamento à expulsão dos emigrantes. Compreende-se a indignação popular. Mas não se pode aceitar o incitamento e a deriva populista. Não é tolerável que os mesmos que idolatram os ídolos da bola importados do estrangeiro para integrar os seus clubes apareçam na rua a exigir a expulsão de 'outros' que, pelas vicissitudes da vida ou pela crueza da guerra

Não há talibãs só no Islão

Não há só talibãs no Islão Ontem, domingo da Páscoa dos cristãos, encontrei uma católica, apostólica romana, talvez debilitada pela longa Quaresma em que os quarenta dias de jejum, orações e penitências lhe devem ter atenuado o entendimento, apesar da licenciatura em Humanidades numa Universidade autóctone. Disse-me que ‘os ateus deviam ser mortos’. Compreendi a sua dor perante o martírio do seu Deus, morto na sexta-feira da Paixão e ressuscitado no sábado de Aleluia, um tempo de ansiedade que lhe pareceram três dias, e não lhe atribuí um intuito que me visasse. Não estranhei a falta de alegria, que atribuí não à Ressurreição deste ano da Graça, mas à morte anunciada para o próximo, numa sequência mórbida que se prolongará pela vida da devota. Admirou-me o pio desabafo ‘os ateus deviam ser mortos’, numa pessoa cuja ilustração lhe permite distinguir o significado do verbo ‘ser’ do do verbo ‘estar’. Se tivesse dito ‘os ateus deviam estar mortos’, em vez de ‘…ser mortos’, significa

Alguns episódios invernosos que precederam as ‘primaveras’….

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O curso e as circunstâncias – essencialmente as políticas - das ‘primaveras árabes’ tem de ser estudadas, pensadas e divulgadas.  Meio mundo [ainda] não percebeu o que se passou.   Desde a justificação simplista de que uma multidão de descontentes e marginalizados desceu à rua (árabe, também) levantando uma onda de protestos para reivindicar melhores condições de vida (sociais e laborais) e tais massivas manifestações levaram à queda de regimes ditatoriais até à realidade de hoje vai uma distância enorme.  Na verdade, passados 5 anos desde o início da rebelião tunisina que levou à queda de Ben Ali e da sua quadrilha familiar que vampirizava o País e a posterior instauração de um novo regime de periclitante de participação democrática sob a permanente pressão de instalação de um ‘ contra-golpe islamizante ’, em todos os outros lados, Líbia, Egipto, Síria, Iemen, Barhein, o saldo é simplesmente catastrófico. Na verdade, esta movimentação pretensamente florescente (primave

O Mediterrâneo, sob um feroz e incansável ‘mistral’…

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O chefe do Igreja católica constatou, ontem, junto ao Coliseu de Roma, nas cerimónias pascais, que o Mediterrâneo “é um cemitério insaciável…” e “a Europa insensível…” link . É, de facto, a constatação de uma evidência. Um relato mais apropriado a um observador distante do que um pensamento adequado a quem deseja ser um protagonista da História. O Mediterrâneo com um infindável percurso histórico foi o berço das grandes civilizações europeias tem uma ancestral carga política, económica, financeira e cultural. A revolução industrial marginalizou este Mar interior, deslocando a centralidade do desenvolvimento económico e financeiro para o centro e Norte da Europa e deixando o Mare Nostrum entregue às sobras - ao pequeno comércio de cabotagem e ao cultivo das oliveiras. Mas regressemos ao tempo presente, à contemporaneidade. O problema tornou-se extremamente grave e difícil de ocultar e na Cimeira de Paris (2008) link sob o pomposo objectivo “ União para o Mediterrâneo ”

TPI - Justiça e poder

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Quando a justiça tem dois braços desiguais não é dos juízes que devemos queixar-nos, é da balança. Os homens são todos iguais, mas o seu poder é diferente, tal como o destino que lhes é reservado, segundo a nacionalidade e as vicissitudes das guerras. O ex-dirigente político dos sérvios da Bósnia, Rodvan Karadzic, responsabilizado pelo genocídio de Srebrenica, foi condenado – e bem –, pelo TPI, a 40 anos de prisão. «O acusado era o único na República Srpska com o poder para impedir a morte dos bósnios muçulmanos», disse O-Gon Kwok, juiz-presidente do TPI para a ex-Jugoslávia. Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, afirmou: «É um sinal forte a todos em posições de responsabilidade, indicando que serão pedidas contas pelos seus atos». Zeid Ra’ad Al Hussein, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, declarou: «A mensagem deste processo é de que ninguém está acima da lei, este veredicto deve constituir uma viragem». Vão para o raio que os parta! Tive uma sensação de náu

Conferência Genebra (II): a marcha lenta e vários engulhos…

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Enquanto Obama acompanhado da sua família faz um périplo pela América Latina continuam as conversações em Genebra sobre a guerra civil Síria, que afecta todo o Médio Oriente. O cessar fogo dura há cerca de 1 mês e muito embora não tenha trazido grande espaço para negociações diplomáticas tem permitido, em certa medida, incrementar a ajuda humanitária o que , no contexto regional, é bastante positivo. De acordo com declarações do Secretário de Estado John Kerry e do ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Lavrov continuam as divergências sobre o futuro do País nomeadamente quando ao papel a desempenhar por Bashar al Assad. Kerry exige o seu afastamento imediato mas Moscovo considera que a sua permanência no poder é uma condição de estabilidade link . Aparentemente, sobre esta questão existe o consenso de deixar correr o tempo. Se em Genebra se tentar ignorar ou passar ao lado da 'lição líbia', então, as conversações são uma pura perda de tempo, um terrível

Terrorismo, morte e propaganda

A morte ao serviço da manipulação das emoções e do fanatismo é recorrente na política e explorado de forma obscena pelas religiões. As monarquias, sempre ligadas a uma Igreja, fazem da morte de um príncipe ou de um rei um espetáculo, com cenas de histeria coletiva e mórbida comoção. A comunicação social torna-se cúmplice, como se viu, até à náusea, na morte da princesa Diana. Em Portugal, a encenação da morte de Salazar foi a tentativa de oxigenar o regime que não demoraria a segui-lo no funeral que provocou alívio e explosões de alegria. Em Espanha, o cadáver de Franco serviu para reunir turbas fascistas e dignitários clericais, na esperança de que o regime se eternizasse e os crimes do genocida ficassem impunes. Já em democracia, a morte de Sá Carneiro foi instrumentalizada para alterar o sentido de voto nas eleições presidenciais que decorriam em Portugal. Nada disto é novo. A morte é uma arma carregada de emoções. No comunismo, Engels apelou à luta junto ao túmulo de Marx,

O Ocidente de novo em apuros…

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A educação, doutrinação e eventual radicalização dos muçulmanos funcionou durante séculos nas madraças adstritas às mesquitas através de escritos (arabescos) e da leitura e interpretação do Corão feita por muftis.  Há cerca de uma dezena de anos ainda funcionava deste modo. Os esparsos incidentes que aconteceram foram sempre desvalorizados como sendo obra de fanáticos e marginais debaixo da afirmação de que o Islão era outra coisa. Isto é, uma religião de paz e misericórdia.  Entretanto, se passarmos ao lado da grande escola de difusão do fundamentalismo que é a Arábia saudita e olharmos para a sua doutrina wahabita (sunita), com quem o Ocidente aceitou contemporizar em troca dos dinheiros do petróleo, verificamos que sempre existiram diversos (graves) incidentes internacionais, entre eles, as 'guerras israelo-palestinas' (hoje 'esquecidas'). Os mais recentes e gravíssimos incidentes acirraram toda esta cascata de doutrinação islamita. Primeiro, o Afegani

Carlos Cruz e a Justiça

Carlos Cruz, foi um dos mais populares apresentadores da televisão portuguesa. Coautor do zip-zip, figura central de numerosos programas, diretor de informação, diretor de programas e diretor-coordenador da RTP1, foi o excecional comunicador que criou com os telespetadores uma notável empatia. Foi julgado pelo crime de pedofilia. Públicas virtudes, vícios privados. Foi com mágoa que vi condenado o homem por quem nutria simpatia, mas jamais duvidei da prova e da justeza da condenação. Teve bons advogados e todos os meios legais para se defender. Arruinou a imagem, a honra e a carreira. Foi preso. Repito, jamais duvidei da culpabilidade, apesar dos protestos reiterados de inocência. A justiça pode cometer erros – e comete –, mas é mais provável a negação do crime pelo arguido do que o erro judicial. A dúvida, para além do razoável, conduz à impunidade. Carlos Cruz já cumpriu o tempo de prisão suficiente para que lhe possa ser concedida a liberdade condicional. O juiz recusa-a porqu

Terrorismo - França e Bélgica

Mohammed ben Nayef, extremista islâmico e eventual sucessor da monarquia saudita, foi agraciado pelo presidente francês com a Legião de Honra, perante o silêncio dos partidos tradicionais. Só a extrema-direita protestou. Uma vergonha para os democratas. Era importante saber se o biltre saudita já manifestou o seu pesar pela carnificina de Bruxelas bem como os líderes das teocracias do Médio Oriente. Quando se ouve falar em muçulmanos extremistas é obrigação da comunicação social falar dos outros.

A encruzilhada do terrorismo …

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Começa a ser recorrente que, depois dos ataques terroristas, os jihadistas apresentem uma curta ou longa carreira ‘curricular’ de passagem pela Turquia link , onde – acabamos por ser informados à posteriori - foram julgados, deportados, expulsos, absolvidos, ignorados, etc.  Ergodan é um pouco como o ex-presidente Cavaco. Depois de as tragédias acontecerem vem sistematicamente com o paleio de ...“ eu bem vos avisei ”.  Entretanto, preferem ficar a ver passar os comboios. Sem querer adiantar mais presunções perante uma situação tão grave e confusa como a que se vive no Médio Oriente torna-se absolutamente estranho que a Europa pague a Ankara para dar guarida aos migrantes aos quais não seja aplicável o estatuto de refugiado. Não estaremos a alimentar uma placa giratória do terrorismo?

Laicismo e laicidade – Recordar hoje, com o medo vindo de Bruxelas

«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista» Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907). «O Estado nada tem com o que cada um pensa acerca da religião. O Estado não pode ofender a liberdade de cada qual, violentando-o a pensar desta ou daquela maneira em matéria religiosa». Afonso Costa, in «A Igreja e a Questão Social» (1895) [R & L] Laicismo é o nome de uma doutrina do séc. XVI que pretende para os leigos o direito de governar a Igreja, mas hoje diz-se da doutrina que tende a emancipar as instituições do seu carácter religioso. O Laicismo defende a exclusão da influência da religião no estado, na cultura e na educação e tende a emancipar as instituições estatais do carácter religioso. Expandiu-se na Revolução Francesa e conduziu à separação entre a Igreja e o Estado. O laicismo facilita a irreligios

O golpe de Bruxelas…

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O golpe do Daesh no centro nevrálgico do poder da Europa deverá ter, no mínimo, consequências políticas.  Em França, Espanha e Reino Unido os anteriores e bárbaros atentados visram amedrontar e ameaçar instituições cívicas da sociedade europeia e seus valores essenciais que se podem traduzir numa palavra: Liberdade. Foram, por assim dizer, crimes contra a Humanidade. Hoje, em Bruxelas, o Daesh deu um passo em frente na escalada terrorista. A estação de metro de Maelbeeck está praticamente encostada às instituições europeias.  Ninguém está a imaginar as comissões europeias e outras instituições comunitárias a trabalhar por detrás de valas e trincheiras e rodeadas de forças de segurança num verdadeiro ambiente de guerra. Quando se decide atacar o ‘coração’ de um conglomerado de edifícios onde assentam os instrumentos da democracia europeia (por pior desempenho que tenham) ultrapassou-se tudo e todos. Acabou-se a paciência, faliu a persuasão e o tempo para a diplomacia esgo

O beijo na mão e o beija-mão

Não, não sou contra o beijo, essa revelação de afeto que pode começar na mão e acabar onde a geografia do corpo e o entusiasmo dos sentidos possa levar, num percurso a que as hormonas e o consentimento mútuo marcam a duração, intensidade e reciprocidade, numa explosão de prazer e satisfação mútua. Desprezo o beija-mão, uma tradição de reverência que na minha juventude se praticava em relação aos pais, padrinhos e párocos, de que os hábitos familiares me exoneraram. As origens medievais, na cultura lusófona, fizeram dele o costume monárquico, herdado depois pela corte imperial brasileira, em que o vassalo mostrava reverência ao monarca, em cerimónia pública ou, antes de solicitar alguma mercê, em privado. Há sociedades onde o beija-mão permanece, não como mera tradição, mas com carácter obrigatório, nas religiões e na máfia, duas instituições onde os graus hierárquicos são de respeito imperioso e, na última, condição de sobrevivência. Permanece em algumas religiões o hábito do bei

A PERVERSA INFUÊNCIA DOS PASQUINS

Quase todos conhecerão o processo de Ana Saltão, inspetora da PJ que está acusada de ter assassinado a avó do marido, sendo defendida pela ilustre advogada Mónica Quintela.  O Tribunal de 1ª instância absolveu-a por não se ter provado que foi ela que cometeu o crime. Porém, tendo o M.P. recorrido, o Tribunal da Relação de Coimbra entendeu que havia prova suficiente e condenou-a a 17 anos de prisão. Recorreu então a defesa, e o Supremo Tribunal de Justiça, entendendo que havia deficiências no acórdão da Relação, devolveu o processo a este Tribunal para novo julgamento. Isto é : o processo está a correr os seus termos normalmente.  Hoje vem no diário coimbrão "As Beiras" uma pequena nota dizendo: "Supremo reenvia processo Ana Saltão para a Relação de Coimbra". Tal nota mereceu dois comentários de leitores, do seguinte teor:  1º comentário: "Neste país, mais vale ser assassino que ladrão".  2º comentário: "Que vergonha".  Quer dizer: este

Carta-resposta a um pároco

Senhor padre Renato Poças Agradeço a carta que enviou à Associação Ateísta Portuguesa (AAP) e que me mereceu a melhor atenção. Procurarei responder-lhe às perguntas que faz. Pergunta o Sr. Padre em que é que o ato do PR (beija-mão ao Papa) nos [a nós, ateus] pode ter ofendido. A ofensa não foi feita aos ateus, mas ao carácter laico do Estado que representa e à separação da Igreja e do Estado que a Constituição da República exige. - Se o Sr. Prof. Marcelo Rebelo de Sousa fizesse uma viagem privada, à sua custa, e não em representação do Estado, onde é o PR dos crentes, descrentes e indiferentes, tinha o direito de se prostrar perante quem considera o representante do deus do Sr. Padre e dele, não o de se colocar numa posição de inferioridade perante outro chefe de Estado, como se Portugal fosse um protetorado do Vaticano. (O beija-mão é um ato medieval de reverência do inferior para com o superior). Pergunta a seguir: «… é possível um cidadão NEUTRALIZAR a sua identidade religio

Pontos de vista

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«Devem ouvir-se igualmente ambas as partes.» (Demóstenes, séc. IV a. C.)

Um prévio e sucinto alerta…

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Todos os dias a evolução política europeia traz surpresas. Assentemos arraiais sobre a câmara de Roma link .  Nas eleições municipais de Junho próximo concorrem 4 candidatos que se reclamam da herança política de Mussolini.   São eles: Georgia Meloni , Francesco Storace , Simone Di Stefano e Alfredo Lorio . Alguns deles directamente ligados ao MSI (Movimento Social Italiano) de inspiração mussoliniana, outros passaram pelas sórdidas governações de Berlusconi e de Fini e finalmente quase todos mergulhados em organizações secretas e ultra-nacionalistas. Um ' caldo' perfeito. Di Stefano, p. exº, nasce das profundezas da extrema-direita como é a ‘casa Pound’ (neo-fascista) e Lorio que se acoita na “Trifoglio-Popolo della vita” (Movimento do Trevo) até pretendeu vestir as roupagens de 'okupa'. Vale tudo! Esta a nóvel expressão política europeia de proximidade (autárquica). Baseia-se em questões sociais candentes e fraturantes como a habitação, a família, o

340.000 euros ‘caídos’ em saco roto…

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Prisioneiros republicanos construindo o Vale dos Caídos Os falangistas tudo fizeram para manterem aceso o facho no Vale de los Caídos. Franco contratualizou um ‘corpo’ residente de 20 monges beneditinos pela módica quantia de 340.000 anuais link . Ao que supomos para ‘encomendar’ a ‘alma’ do ditador. Tal verba perfaz uma mensalidade de cerca de 1.400 € per capita (o dobro do salário mínimo espanhol). Trata-se de um monumento polémico que serve de sepultura às vitimas de uma parte dos mortos da guerra civil espanhola. Outras vítimas - da facção contrária (republicanos) - são aqui e acolá exumadas de valas comuns ao sabor de achados de investigações históricas. Mas uma verdadeira caricatura histórica é a sepultura do caudilho ter sido ‘imposta’ junto ao altar da ‘basílica’ do Vale dos Caídos. Trata-se de um homem que morreu, na cama de um hospital de Madrid, de complicações sistémicas da doença de Parkinson e da sua proveta idade. Grave, em termos públicos, é que a organiza

AAP _ DN + JN

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Declarações do presidente da AG da AAP ao DN  e, sobretudo do presidente da Associação República e Laicidade, Ricardo Alves

Sondagem

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Imagem merecida

ASSOCIAÇÃO ATEÍSTA PORTUGUESA (AAP)

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Comunicado A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a foto de Sua Excelência, o Presidente da República Portuguesa a beijar a mão do Papa romano, na visita de Estado. O cidadão Marcelo Rebelo de Sousa pode manifestar perante o Papa a reverência que achar adequada à sua fé pessoal. Mas o Presidente da República, em representação oficial de todos os cidadãos de Portugal, de todos os credos e de nenhum, não se pode inclinar subservientemente e deixar-se fotografar num ato humilhante de vassalagem a um líder religioso. Portugal não é protetorado do Vaticano e o PR sacristão. Ao bajular o Papa não cumpriu uma visita de Estado, levou a cabo uma promessa pia, denegriu a imagem de Portugal e traiu a laicidade. A AAP lamenta que o presidente de todos os portugueses se pretenda reduzir a um mero presidente dos católicos portugueses, excluindo os que, mesmo sendo católicos, honram o carácter laico da Constituição. a) Direção

Marcelo e o Papa

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O católico Marcelo pode oscular o anelão de um bispo, ajeitar-lhe a sotaina, polir-lhe o báculo ou ajoelhar-se-lhe aos pés. O devoto, para salvar a alma, pode dobrar a espinha dorsal, salivar de volúpia nos pés de um ícone do seu deus, empanturrar-se em hóstias e demorar-se a rezar o terço enquanto nada no mar ou aguarda o sono. O que o Presidente da República não pode fazer é lamber a mão de um clérigo, inclinar-se subservientemente, deixar-se fotografar num ato humilhante para a República laica que representa e portar-se como se a CRP, que jurou, permitisse o aviltamento do seu guardião. Portugal não é protetorado do Vaticano e o PR sacristão. Ao bajular o Papa não cumpriu uma visita de Estado, levou a cabo uma promessa pia e denegriu a imagem do País. Este foi o mau começo da primeira saída do país, o fim do respeito que merecia a todos, e passou a ser o presidente dos católicos portugueses.

Brasil, meu amor!

Os níveis de corrupção no Brasil são de tal modo elevados que podem atingir todos os escalões do Estado, salvo, eventualmente, o impoluto juiz Sérgio Moro. Não serei eu que louvarei a atitude de Lula da Silva, que há muito resistia à solução que lhe evita a prisão imediata, certamente perante as câmaras de televisão, com excelentes planos adrede estudados. Mas, quando o Juiz Sérgio Moro, segundo acabo de ler no DN, sem recriminação do jornal, divulga, à cadeia Globonews, conversas gravadas entre Lula e Dilma, fico com a impressão de que a chefe de Estado pode ser escutada por um juiz, e enxovalhada, como represália. Quando a chefe de Estado está sujeita a escutas e represálias do juiz, não é a corrupção que se investiga, é o Estado de direito que fica refém e a democracia sequestrada.

A frase

«A esperança que eu tenho é que o PSD vença o rancor e o azedume, consiga chegar ao tempo presente, tem muito tempo à sua frente, e se liberte desta prisão do passado em que se deixou fechar.» (António Costa, primeiro-ministro de Portugal)

Brasil - Lula e os Tribunais

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Pior do que a judicialização da Política é a politização da Justiça. Depois de manifestações orquestradas, onde só havia brancos, torna-se mais difícil formar uma opinião sobre a honestidade dos políticos visados. Uma opinião .

A (des)coligação de direita e o Banco de Portugal

A autonomia do Banco de Portugal (BP) levou os governos a acertarem a nomeação dos governadores com o maior partido da oposição. O atual, Carlos Costa, foi nomeado pelo PS, consultando o PSD. Na recondução, Maria Luís e Passos Coelho decidiram ignorar o PS, como se o anterior mandato não devesse ser escrutinado, depois da tragédia BPN. Hoje, percebe-se melhor a “demissão irreversível” de Paulo Portas quando da elevação a ministra de Maria Luís Albuquerque, com falta de currículo e de preparação, além do passado, que a desaconselhava. Portas não suporta a impreparação e as falhas éticas, nos outros partidos. A recondução de Carlos Costa teve oposição declarada do PS, PCP e BE, e a silenciosa do CDS, o que não obstou a que, após 8 [oito] chumbos de Bruxelas a sucessivos planos de reestruturação do Banif, ocultados aos portugueses, Maria Luís imputasse ao BP a culpa própria, dizendo ser “claramente um problema de supervisão” o que ocorreu com o Banif e o Novo Banco, já esquecida do ap

Nicolau Bryner e o nicolauviuvismo

Nicolau Bryner foi o excelente ator e grande humorista a quem outros devem as suas carreiras. Aliou a enorme simpatia e imagem de pessoa bondosa à notoriedade que o cinema e, sobretudo, a televisão lhe deram. Eis a razão por que tantos se aproveitaram da sua morte, do PR ao edil de Serpa, dos transeuntes que a comunicação social achava aos numerosos amigos que procurou. O País perdeu, com a sua morte, aos 75 anos, um ator de referência das telenovelas e do cinema, sem que se lhe conteste o talento e as virtudes ou recorde, sequer, o cidadão conservador que emprestou a notoriedade e simpatia ao CDS e à sua cisão reacionária, o PND. Nicolau era o português suave, talentoso e simpático, que fez rir um país sorumbático. A sua memória permanecerá viva nos que o viram no palco e seguiram o seu percurso profissional de ator, realizador e humorista. Só não se percebe como foi possível passar dois dias, de relevantes notícias de interesse nacional e mundial, em obsessiva e lúgubre evocação

Revolta das Caldas - 16_março_1974

Os militares que, no dia 16 de março, arriscaram sair dos quartéis, para derrubar a mais longa ditadura europeia, falhando os objetivos, não falharam o cumprimento do dever. Foram pioneiros do 25 de Abril. A derrota desse dia esteve na génese da vitória do mês seguinte. Alguns foram presos e outros, à espera da prisão, juntaram-se a todos os que fizeram dessa madrugada o dia de todos os sonhos e o fim de um longo pesadelo. Aos militares do 16 de março, aqui fica um abraço de solidariedade pela esperança que devolveram, há 42 anos. O fim da ditadura era uma questão de tempo. Faltavam 40 dias.

Brasil - Para reflexão

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A última sondagem

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O destaque vai para Boliqueime

A decisão

«Fundamentalmente, vou seguir o mesmo caminho que tenho seguido nos últimos meses. Esta é a atitude correta e não considero que tenha sido posta em causa.» (Angela Merkel, após o mau resultado eleitoral)

Um pedido que é uma obrigação cívica

Olá, ajudem-nos a partilhar este negócio muito católico entre a Câmara de Braga e a Arquidiocese de Braga. São 768.000€ por 10 anos de renda quando o Estado tem um edifício muito melhor ao lado à venda por 900.000€… Oposição contesta renda que autarquia vai pagar à Diocese Vereadores da oposição criticaram ontem o contrato da autarquia com a Diocese para a ocupação do Pé a Lado, futura sede da União de Freguesias de S. Lázaro e S. João de Souto.

Angela Merkel é uma grande estadista

Só por preconceito ou cobardia poderia calar o respeito e consideração que a chanceler alemã me merece. A vitória eleitoral dos populistas de extrema direita, nas eleições regionais, não é apenas uma derrota para o governo alemão, é uma derrota para todos os democratas que veem na Sr.ª Merkel a estadista com um projeto político de apoio aos imigrantes. O fascismo avança de forma perigosa e, enquanto alguma esquerda se cala, na procura de mais alguns votos, Merkel prossegue a sua política migratória e enfrenta o revés que a progressão eleitoral dos extremistas xenófobos infligiu aos democratas-cristãos e social-democratas no poder. É na adversidade e na defesa de causas que se vê a fibra dos grandes estadistas, seja qual for o quadrante ideológico a que pertençam. Não é recuando que se vence o fascismo, é enfrentando-o.

Rússia: uma retirada oportuna e não uma rendição estratégica…

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A retirada das forças militares russas da Síria link acaba por introduzir uma nova dimensão no conflito no momento em que decorrem complexas negociações de Paz. Considerando que a retirada russa se deve ao cumprimento dos objectivos político-militares essenciais, nomeadamente o bloqueio de Alepo, o cerco de Palmira e a retoma dos campos petrolíferos circundantes, esta posição russa, significa, em termos políticos, que a exigência da retirada imediata de Bashar al Assad caiu por terra. Quando se olha os recentes mapas de influência no terreno (foto) vemos um Daesh ensanduichado entre as forças de Assad (no litoral e ao longo da fronteira com o Líbano) e as forças curdas (em quase toda a fronteira norte, junto à Turquia) que estão a desenhar uma forte tenaz.  Os pequenos grupos armados são residuais (p. exº o grupo Al Nusra) e já perderam a oportunidade de desempenhar qualquer papel no futuro da  Síria  (que não será exactamente igual ao que foi antes da guerra civil).

Brasil, corrupção e manifestações

É difícil condenar juízes no combate à corrupção, sob pena de conivência com a imensa teia que enlameia políticos, mas é ingenuidade apoiar manifestações que os denigrem, orquestradas para preparar um golpe de Estado contra o governo eleito. Dois milhões de brasileiros protestam na rua contra Dilma e pedem a prisão de Lula, um presidente que tirou da miséria milhões de pobres. Tenho medo das turbas ululantes que incensam um juiz e execram todos os políticos, do deslumbramento dos julgadores e da sede de linchamento de multidões famintas, açuladas por privilegiados. Lembro-me da lufada de ar fresco que constituiu Jânio Quadros, obrigado a renunciar pelos ministros militares, de João Goulart, deposto por um golpe militar, do governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, ex-comunista que virou populista e reacionário, num país que acabaria por eleger Lula duas vezes e parecia ter abandonado as ditaduras dos coronéis e o subdesenvolvimento. A memória recua meio século e repete-se a H

PSD: Uma hipócrita chicana que é um elogio à ‘geringonça’…

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O PSD quando é obrigado a largar o Governo a primeira coisa que faz é a (orto)eutanásia sobre os seus anteriores líderes. Cavaco nada tinha a ver com Balsemão, Durão Barroso não ‘(re)conhecia’ Cavaco (que protegia Fernando Nogueira), Santana Lopes um eterno candidato à presidência do PSD fugia de todos porque muitos ansiavam por Ferreira Leite e, finalmente, Passos Coelho surge como um outsider perante as frustrantes apostas em Marques Mendes e Filipe Menezes. O único dirigente que ainda não eliminaram é Sá Carneiro por duas razões: porque precisam de um ídolo e porque está morto. Cavaco é também uma exceção mas como sabemos desde a última campanha presidencial suspeita-se que poderá ter nascido duas vezes... Desta vez não existiu uma derrota fulgurante e o líder do passado ainda tenta sobreviver. O PSD apesar de ter pedido a maioria para governar foi o partido mais votado. Aparentemente serve-lhe de pouco mas é possível – na Oposição que em certas circunstâncias aceita ser – po

As cerimónias de entronização de Marcelo … Rebelo de Sousa

A tomada de posse do novo PR demorou 3 dias. Foi a mais longa fora do continente africano [3 dias], uma cerimónia inédita na Europa. Trouxe-me à memória um belo poema de Bertolt Brecht. «Se este homem insubstituível franze o sobrolho Dois reinos estremecem Se este homem insubstituível morre O mundo inteiro se aflige como a mãe sem leite para o filho Se este homem insubstituível ressuscitasse ao oitavo dia Não acharia em todo o império uma vaga de porteiro.»

O desejo, a necessidade e o cansativo….

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Cavaco Silva anunciou que vai descansar link . Sem pretender negar a qualquer português o direito ao descanso – mesmo para aqueles que alinharam na histeria dos feriados a mais e se apressaram a cortá-los – o homem tem razão. Quantitativamente foram demasiados anos de exercício de funções públicas que lhe foram atribuídas pelo povo português através do voto. É necessário, porém, desfazer um mito. Ninguém o foi buscar a casa ou à Faculdade (onde não era muito assíduo) para o obrigar a tal esforço. Quando muito desviaram-no – de automóvel - para um jantar lá para os lados de Cascais, onde aceitou a ‘encomenda’. Sendo assim o natural cansaço daí advindo partilha com a expressão popular de que que quem corre por gosto não se cansa. Ora o cansaço pode também advir de outras circunstâncias. Por exemplo de um hercúleo, pródigo e levado esforço qualitativo (mesmo que por reduzido tempo). Os 10 anos de Cavaco não parecem terem sido muito exigentes em termos de esforço mental, i

A Babilónia do Médio-Oriente….

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Ultimamente tem sido intensas as conversações entre a UE e a Turquia em grande parte por 3 motivos: o sanguinário conflito sírio; a vaga de refugiados e a adesão deste País à UE. Vamos ficar pelo primeiro. Sobre o conflito sírio a atitude turca é por sistema dúplice (quando não tríplice). Sendo o Governo de Erdogan um histórico aliado da Irmandade Muçulmana, logo integrando a facção sunita, a sua postura nesta contenda nunca foi neutra. “A Primavera síria” cavalgou a ‘onda das primaveras árabes’ e pretendia substituir o regime de alauita de Al Assad (que segue a prática xiita) transformando-o num Estado Islâmico (sunita) dentro da órbita hegemónica regional da Arábia Saudita. Nunca esteve aqui em causa qualquer tipo de transformismo do tipo democrático. Tudo correu mal por variadas razões: primeiro os combatentes sunitas ‘transformaram-se’ jihadista cruéis e fanáticos interessados num ‘Estado Islâmico’, com pretensões de construção de um novo califado, e em certa medida (e s