Ricardo Salgado, a política e o XX Governo

A primeira candidatura de Cavaco a PR foi concertada em casa de Ricardo Salgado, que ofereceu o jantar e o ungiu, tendo como hóspedes e cúmplices os casais Durão Barroso e Marcelo Rebelo de Sousa, todos casais da sua confiança. O erro de casting para Belém nasceu, de facto, pela mão do mais funesto banqueiro da economia portuguesa e coveiro da credibilidade bancária.

Agora, num período dramático para o País, sem o orçamento para 2016 e para enviar a Bruxelas, por culpa exclusiva de Cavaco Silva, que dilatou o prazo das eleições até ao limite, mais sensível aos interesses do seu partido do que aos do País, a democracia está suspensa dos seus humores e rancores.

Este PR foi um mero veículo de propaganda deste PSD. O ódio aos partidos de esquerda levou-o a convidar Passos Coelho para lhe apresentar uma maioria estável [sem a qual, segundo ameaçou antes das eleições, não daria posse] sem ouvir os partidos.

Como comissário político, esqueceu a promessa pré-eleitoral, mera chantagem sobre o eleitorado, e indigitou finalmente, como era seu direito, o líder do maior partido, apesar de saber que não teria apoio parlamentar. Escusava naturalmente de fazer um comício e apelar à vingança sobre os portugueses por terem votado em partidos que o desprezam.

Assim se chegou à constituição do governo que amanhã tomará posse, ao meio dia, em cerimónia que se adivinha patética. Tal como as faturas pró-forma pedidas às empresas antes de uma compra, teremos um governo pró-forma que a AR certamente recusará.

A decadência ética da coligação atingiu o auge com a nomeação do vice-presidente do PSD, Marco António, para seu porta-voz, e para ministro das polícias Calvão da Silva, o fiador da idoneidade de Ricardo Salgado, no caso do presente de 14 milhões de euros, e autor do parecer que habilitou o Banco de Portugal a manter-lhe a idoneidade.

Não bastavam as nomeações de boys, a manipulação da devolução da sobretaxa do IRS, e o congelamento de despedimentos em empresas de amigos até ao dia seguinte ao das eleições. A herança de quem quis eternizar-se no poder é demasiado trágica e dolorosa mas um módico de patriotismo impunha, por razões de higiene cívica, que esta maioria, este Governo e este PR fossem neutralizados.

Ponte Europa / Sorumbático

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