A Concordata é um abcesso na laicidade do Estado

Ninguém duvida da necessidade de punir um falso médico pelos riscos a que sujeita um paciente incauto que se lhe submeta, um falso engenheiro que desconhece a resistência dos materiais e põe em risco a solidez de um edifício, um falso professor que não ensina aos alunos o que deve, mas não se percebe porque há de o Estado punir os falsos padres.

Para além do gosto duvidoso de se vestirem como mulheres, os verdadeiros e os falsos, gostos não se discutem, não se vê que caiba ao Estado atestar a validade do alvará que confere legitimidade para transformar em água benta a outra.

Acaso ficará pior sacramentado, confessado, comungado ou ungido o crente que receba de um falso padre os sinais cabalísticos ou ouça a palavra de uma empolgante homilia por um verdadeiro ou falso ministro do culto?!

Salvo, por razões fiscais, de que o Estado português injustamente abdica, que interesse tem que a partícula seja ministrada por quem saiba ou não latim?

Há coisas que só a cumplicidade pia justifica. Ainda veremos os Tribunais a decidir sobre os verdadeiros e falsos milagres como se os primeiros existissem.

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