Notas Soltas - agosto/2015

Boys – O pagamento de favores aos amigos, através de colocações ministeriais, não foi exclusivo do Governo que vai terminar o mandato, é a lepra que corrói o respeito que os governantes deviam esforçar-se por merecer.

BES – Houve quem pensasse que a falência do grupo GES/BES nada custaria ao erário público. Falta saber, para além da tragédia da riqueza e dos postos de trabalho perdidos, se a solução de o deixar falir foi a melhor e quanto custará ao País. Reina silêncio.

Estado Islâmico – Com monótona regularidade, a violência é a marca do mais primário e cruel monoteísmo, vivido em suprema apoteoso pelo bando de facínoras de Maomé. A execução de mulheres é a pena das que recusam satisfazer os instintos sexuais do califa.

Hiroshima – Em 6 de agosto de 1945 foi lançada a primeira bomba atómica, sobre uma cidade japonesa. O cogumelo, que é a imagem de uma tragédia de proporções dantescas, ficou como símbolo do poder destruidor e da crueldade de que os homens são capazes.

Catalunha – A eventual independência serviria de rastilho para a divisão de Espanha e, a seguir, para reeditar na Europa velhas tragédias e novas disputas com nacionalismos à solta e o sangue a pingar em fervor patriótico. A ex-Jugoslávia não serviu de vacina.

Eutanásia – No dia 10 de agosto de 2001, a Holanda foi o primeiro país a legalizar este direito que nos interpela e assusta mas que, cada vez mais, se assume como um direito individual que deve ser ponderado, aprovado e regulamentado.

CDS – A irrelevância do partido afasta Paulo Portas do palco principal dos debates das próximas eleições legislativas. É duro, para quem sabe ter outro arcaboiço político, ver-se como mero acompanhante de luxo de quem a roleta política fez PM.

Migrações – A tragédia das multidões que fogem à guerra, à violência tribal e à fome é a vergonha que põe à prova a incapacidade da Europa para encontrar soluções. Não há recursos nem autoridade global que evite o êxodo caótico e a colossal perda de vidas.

Turquia – A repetição de eleições vai permitir a Erdogan, a quem a Europa e os EUA renovaram sucessivamente o diploma de “muçulmano moderado”, a maioria necessária para abolir a herança laica de Atatürk, perseguir os curdos e acelerar a reislamização.

Espanha – A obsessão do Estado Islâmico, que não desiste de considerar o país como o Al-Andaluz, não deixa esquecer a matança de 11 de março de 2004, quando uma célula dos jihadistas fez explodir quatro comboios na estação de Atocha, em Madrid.

EUA – O multimilionário Donald Trump é o candidato republicano mais popular e quer deportar todos os imigrantes ilegais. A violência xenófoba e o primarismo cultural são o perigo que ameaça o país e, se for eleito, a Humanidade.

China – A abertura à liberdade religiosa, que implica respeito pelos crentes, descrentes e anti crentes, é um primeiro passo no caminho da democratização. A patologia maoista cede, infelizmente empurrada pela esquizofrenia capitalista.

Incêndios – Com a falta de água e o país a arder vorazmente, ninguém se interrogou sobre as negociações que não tem havido com Espanha de cujas bacias hidrográficas Portugal depende em cerca de 30 a 60% das necessidades, consoante os anos.

Bolsas – O vendaval  que vem da China é uma tempestade que ameaça assolar o débil crescimento das economias europeias que não se ressarciram ainda da quebra causada pela crise mundial das dívidas soberanas.

União Europeia – A humilhação da Grécia, longe de resolver os problemas europeus, aumentou a vulnerabilidade das democracias e robusteceu os partidos de extrema-direita que já começaram a subir ao poder. 

Maria Luís – A ministra das Finanças, ao atacar o programa do PS, dizendo que não o leu, pode parecer idiota mas no partido confiscado por quem fez de Passos Coelho PM, colocou-se em boa posição para o substituir.

Tribunal Constitucional – Ao admitir a referência confessional ao novo pseudónimo  do Portugal Pró-Vida (PPV), agora ‘Partido Cidadania e Democracia Cristã’, ao arrepio da anterior jurisprudência, a CRP sofreu a entorse que legitima, por exemplo, um futuro Partido da Democracia Muçulmana (PDM).

Grécia – Os resultados eleitorais, duas semanas antes da consulta portuguesa, influirão na decisão nacional. Talvez isso explique a insólita e irrelevante atitude de Cavaco Silva a censurar e ridicularizar o partido que atualmente governa o País.

Alemanha – Com a União Europeia sem um projeto comum, foi generosa a lidar com a vaga migratória mediterrânica. A Sr.ª Merkel, por mais anticorpos que tenha gerado, é a dirigente europeia com mais sentido de Estado.

Brasil –A queda do PIB (1,9%) no segundo trimestre levou-o à recessão. A queda do preço do petróleo e a corrupção trouxeram agitação social e caos político. A primeira vítima pode ser a democracia, com a Colômbia e a Venezuela também em perigo.

PR – Em vez de procurar acabar o mandato com dignidade, permanece fiel a si mesmo, na ingerência no processo eleitoral que se aproxima, sempre ao lado do Governo.

Novo Banco – O futuro dirá se a decisão tomada foi a que mais interessava ao País ou se foi puro aventureirismo da nefasta agenda ideológica deste Governo.

Paulo Rangel – O líder dos eurodeputados do PSD afirmou que “Se o PS estivesse no poder, Sócrates e Salgado não seriam investigados”. O truque político não revela apenas baixeza ética, é ofensa gratuita às magistraturas e um insulto à separação de poderes. 

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