Notas soltas: janeiro/2015

1.º de janeiro – O ano abriu com uma dívida pública oficial, que já rondava os 225.175 milhões de euros em outubro de 2014 (129% do PIB), e ainda com outra, cerca de 45,5 mil milhões devidos por empresas públicas. É possível cumprir o pacto de estabilidade?

OE-2015 – Distraído da função de fazer cumprir a CRP, o PR promulgou o Orçamento, sem reservas e sem o submeter ao crivo do Tribunal Constitucional, como se a função o tivesse convertido em notário do Governo. Assim, entrou em execução no dia 1.

PR – Os reiterados apelos à concertação entre os partidos, por quem se demitiu de ser o árbitro e se tornou porta-voz do Governo, não passa de mais uma dissimulada ajuda de quem tem sido o mais parcial de todos os presidentes da República, em democracia.

Charli Hebdo – O ataque contra a revista satírica não foi apenas um gravíssimo crime contra a liberdade, foi mais um indício do horror de que o fascismo islâmico é capaz. A laicidade tem de defender os próprios crentes do veneno que o Corão destila.

Madeira – A saída de cena de Alberto João Jardim foi o fim de uma política, um estilo e um exotismo. Algum rigor nas contas públicas é o mínimo que se espera de quem terá de gerir a herança em que o poder pessoal e o arbítrio prevaleceram.

PM – A ida a Paris, em defesa da liberdade de expressão, foi o ato meritório do líder do partido que quis impedir a exibição do filme ‘Je Vous Salue Marie’ e que, num Governo de Cavaco, Sousa Lara censurou “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, de Saramago.

Ana Gomes – A eurodeputada do PS, ao escrever «…porquê insistir na representação do Profeta, que se sabe ofender os muçulmanos?», deu o exemplo de cobardia de quem não se importa que o mundo fique refém do medo e deixe os terroristas vencerem.

Turquia – A reislamização promovida por Erdogan, o saudosista do Império Otomano, não alertou americanos e europeus, que lhe concederam sucessivos atestados de islamita moderado enquanto afastou defensores da laicidade, da magistratura e Forças Armadas.

Raif Badawi – A criação de um website para debate social e político na Arábia Saudita condenou-o a 10 anos de prisão e mil chicotadas, em prestações de 50. Mais um mártir da teocracia islâmica, onde a apostasia é punida com a morte, devia nausear os aliados.

TAP – O ministro da Economia e do Sec.º de Estado dos Transportes abalaram o Estado de direito. A tentativa de discriminação dos trabalhadores, segundo simpatias sindicais, foram graves pela ignorância jurídica e grotescas pelo ódio ao sindicalismo.

Vaticano – As declarações do Papa sobre a liberdade, sujeita ao respeito pela fé, foram a nódoa que encardiu a tiara, retirando força à condenação dos assassínios terroristas de Paris, como se a fé de quem decapita infiéis e lapida mulheres merecesse respeito.

Terrorismo – Quando os países civilizados suspendem direitos, liberdades e garantias aos seus cidadãos, para combaterem terroristas, arriscam-se a comprometer o Estado de direito, a perder a democracia e a oferecerem a vitória à barbárie.

Islamofobia – Os ataques a mesquitas e perseguições a muçulmanos são uma represália intolerável. O combate ao fascismo islâmico deve honrar as normas do Estado de direito que exigem a neutralidade do Estado e a proteção de todos os cidadãos.

Madeira – A realização de eleições antecipadas é uma inevitabilidade a que o PR não pode fugir. Quando agradam ao PSD, antecipam-se eleições, quando interessam ao País, adiam-se até ao limite do prazo constitucional.

S. N. S. – A ânsia de entregar os cuidados de saúde a privados e às Misericórdias levou à deterioração desta enorme herança do 25 de Abril. Muitos amaldiçoarão o silêncio e a cumplicidade com que deixam cair uma referência mundial de qualidade e eficiência.

BCE –  A decisão do Governador, Mario Draghi, de comprar 60 mil milhões de €€ por mês, da dívida dos países europeus, foi a medida imprescindível à economia europeia, com a Sr.ª Merkel e os seus vassalos Barroso e Passos Coelho contrariados.

Liberdade – Para quem já esqueceu o sangue que exigiu, é útil lembrar aos críticos das caricaturas satíricas a cobardia do silêncio perante decapitações, violações, terrorismo, mutilações genitais, atentados suicidas e tomadas de reféns, numa cedência à sharia.

Justiça – Quando as violações do segredo de justiça, cirúrgicas e adrede preparadas, se fazem em total impunidade e a ministra da tutela se queixa de escutas de que ela própria julga ser vítima, a semelhança com um Estado de direito é mera coincidência.

Arábia Saudita – O rei Abdullah, de 90 anos, mereceu, na morte, os maiores elogios de Obama, Hollande, Cameron e Stephen Harper, entre outros. O apoiante do terrorismo, a partir da uma das mais execráveis teocracias, morreu. A sharia permanece.

Arábia Saudita 2 – Salman ben Abdelaziz, sucessor de Abdullah conduziu a recolha de fundos privados para o apoio à jihad afegã, na década de 1980, mas na jihad, como em tudo, há os bons e os maus. Este era bom porque foi contra a URSS.

Grécia – A vitória do Syriza foi uma manifestação de raiva, coragem e esperança contra o empobrecimento, a dívida insustentável e o desemprego obsceno. Perante a miséria e a humilhação, postos entre a espada e a parede, os gregos escolheram a espada.

União Europeia – A represália contra a escolha democrática da Grécia é uma evidência nos países que trocaram a coesão pelos seus interesses mas será a derrota da democracia e a destruição do projeto europeu. O PM Alexis Tsipras devolveu à UE o problema.

Nigéria – O mundo esqueceu o terror do Boko Haram, bando que deseja impor a sharia. Duzentas meninas cristãs raptadas, há meses, aldeias queimadas e populações aterradas são o resultado mais visível da violência islâmica na região africana do Sahel.

Islamismo – O Islão, essa absurda teologia de um beduíno amoral, é um cadáver podre que envenena a nossa vida. (Mustafa Kemal Atatürk, estadista e fundador da República da Turquia).

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