A ministra da Justiça e a legalização das drogas leves

Que este Governo tem os ministros que esta maioria, este Governo e este PR merecem é um truísmo cuja repetição é redundante. A saída de Miguel Relvas, talvez o menos mau da orquestra onde sobram músicos incapazes, com um regente que nem para segurar a pauta serve, tornou o elenco ainda mais irrisório.

A ministra da Justiça, uma jurista qualificada, deixou os Tribunais à deriva com a pressa de impor um novo programa informático e, depois da asneira, em vez de se demitir, foi pusilânime, acusando dois técnicos, do Citius, de sabotadores, e, depois de a PGR ter comprovado a falsidade da acusação, exonerou-os num ato de vingança gratuita.

Acusá-la dos erros cometidos foi justo e razoável, atacá-la pela proposta de legalização da venda de drogas leves em Portugal, é um erro de quem não quer discutir o problema, com negócios e crimes associados, que a ministra referiu. Os ataques surgem de quem está mais interessado na luta partidária do que na mitigação do problema.

O Governo, que fez do desmantelamento do Estado programa e do empobrecimento do País desígnio, já habituou os portugueses a ruídos mediáticos, para ver o efeito, sem se preocupar com a desafinação produzida na orquestra, com os sons dissonantes, mas não creio que a proposta de legalização da venda das drogas leves se insira na guerrilha que os talibãs do PSD travaram para levar o indizível Passos Coelho ao poder.

É claro, em termos políticos, que um ministro não faz afirmações a título pessoal, como até este PM devia saber. A ministra manifestou – e bem –, a convicção sobre o fracasso da repressão, e não é com a execração da mensagem que se combate o mensageiro.

O flagelo da droga exige a contribuição de médicos, juristas, sociólogos, psicólogos e outros técnicos; a análise dos resultados de legislações mais permissivas; a permuta de experiências entre países de molduras jurídicas diversas; a avaliação dos efeitos da despenalização  do consumo, desde 2001, e reflexão sobre a vasta literatura médica.

Até parece que atividade de gangues violentos e o branqueamento de capitais a que a ministra Paula Teixeira da Cruz aludiu não são uma realidade! Ora, aqui está uma boa ideia que não deve ser abandonada à guerrilha partidária mas ponderada por quem se interessa pelo gravíssimo e insolúvel problema de saúde pública.

Pessoalmente, não tenho uma posição definida e, muito menos, definitiva.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides