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A mostrar mensagens de janeiro, 2015

Europa: a nova crise que se anuncia ….

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O povo grego vive, depois das eleições de há 1 semana, momentos de 'stress' directamente  resultantes do exercício das suas inalienáveis competências democráticas, i. e., decorrentes da soberana manifestação de vontade popular. A questão sobre a soberania levantada por estas eleições é bastante relevante. Primeiro, este conceito encontra-se, na UE limitado pela integração dos estados decorrentes de diversos Tratados, Convénios e Memorandos que têm sido assinados desde o já distante Tratado de Roma (1957). Não existindo, nem de facto nem de jure, uma Federação o alcance destes Tratados é necessariamente limitado. Todavia, o mais pertinente, será analisar a pretensa ‘relativização da soberania’ esgrimida por grande parte dos Governos europeus, de modo mais acutilante pelos países do Norte da Europa, que insistem na tecla do cumprimento dos acordos assumidos no passado por Governos que antecederam no exercício do poder. A relativização da soberania aparece assim ligada

Viva o 31 de Janeiro! Viva a república!

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Viva a República

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A estratégia e os embustes desta direita (3)

Este Governo, esta maioria e este PR não representam a direita que quis resgatar o seu passado salazarista, a direita que quis afastar-se da ditadura e do colonialismo, a direita que viu na Europa o modelo e na prática democrática das homólogas a inspiração. Passos Coelho e Paulo Portas não são herdeiros de Sá Carneiro e Freitas do Amaral, são avatares de Afonso Marchueta, o primeiro e, mais culto o segundo, de Franco Nogueira. Cavaco é Américo Tomás à civil, parecido nos discursos e igualmente prisioneiro do matrimónio, do património e do que resta saber. Há neste Governo, nesta maioria e neste PR um estranho odor a antigamente, a remeter-nos para sombrias memórias de quem gostava da pátria dos outros e julgava que o País ia do Minho a Timor, definido por quem foi até Badajoz, a encontrar-se com o genocida Francisco Franco. Quando esta maioria e este Governo, de que os fundadores dos partidos teriam pejo, se aliaram na retaliação ao 25 de Abril, planearam a destruição dos direit

A estratégia e os embustes desta direita (2)

Esta direita, instruída nas madraças da JSD e do CDS, hábil a provocar ruído e a alijar responsabilidades, moralmente apátrida, culturalmente analfabeta e inapta a governar, tem sequazes na comunicação social e nas redes sociais, em permanente comissão de serviço, a perturbar o seu julgamento. Esta direita, eufórica com o linchamento de um excelente ministro da Segurança Social, Paulo Pedroso, associado ao caso de pedofilia da Casa Pia, conseguiu com a patifaria atacar o PS e provocar a demissão de Ferro Rodrigues. Paulo Pedroso nem chegou a ser acusado mas os danos foram irreparáveis. Ficou-lhe daí o jeito e o proveito da calúnia e nunca mais precisou de discutir política, basta-lhe o enxovalho dos adversários. Só cai quando os erros e a inépcia atingem níveis intoleráveis. No BPN, onde se enlodou a fina flor do cavaquismo, conseguiu utilizar o nome de Vítor Constâncio, então governador do Banco de Portugal, e fazer ruído suficiente para levar ao pelourinho da opinião pública o

Jantar republicano do 31 de Janeiro - COIMBRA

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O Núcleo de Coimbra do nosso movimento vem, por este meio, convidar-vos a estarem presentes num jantar comemorativo desta imorredoura data de 31 de Janeiro de 1891. Nesse dia, pela primeira vez em Portugal a República vigorou, embora apenas por algumas horas, facto este que não ensombra o significado e o simbolismo do Acto. Como republicanos e democratas que nos honramos de ser comemoremos, pois, a Revolta Republicana de 31 de Janeiro de 1891, prestando justa homenagem ao acontecimento e às suas principais figuras. O nosso jantar terá lugar em Coimbra no restaurante Cantinho dos Reis (ao Terreiro da Erva) no próximo dia 31, sábado, pelas 19:30. O repasto será constituído por: - sopa - pratos à escolha: bacalhau à lagareiro ou vitela estufada - vinhos branco e tinto ou águas - sobremesas e bolo de aniversário - cafés e aguardentes O preço será de 12,50 euros por pessoa e as inscrições deverão ser dirigidas para os e-mails seguintes: anabela8@hotmail.com (a fim de facilita

CITAÇÃO

Citação. “ (…) O Islão, essa absurda teologia de um beduíno amoral, é um cadáver podre que envenena a nossa vida. A população da república turca, que reclama o direito a ser civilizada, tem de demonstrar a sua civilização através das suas ideias, sua mentalidade, através da sua vida familiar e seu modo de vida". Mustafa Kemal Atatürk (estadista e fundador da República da Turquia)

A liberdade e o Charlie Hebdo

À medida que minguam os que afirmavam “Eu sou Charlie”, crescem os que o não são e nunca se conciliam com a liberdade e, muito menos, com o que consideram excessos. Frases como «a minha liberdade termina onde começa a dos outros» ou «liberdade, sim, mas sem ofensa», são formas dissimuladas de a limitar. A liberdade está ligada à democracia, instituição recente e geograficamente limitada, e nem aí é consensual, mas bastaria o mar de sangue dos que se bateram por ela para que a sua defesa fosse uma obrigação cívica. O direito à ofensa é dos mais difíceis de sustentar mas, mesmo esse, é um direito cujos limites cabe aos tribunais apreciar e não pode haver outras sanções para além das que as sentenças judiciais determinarem. A justiça popular é o simulacro da justiça, a vindicta que satisfaz o ódio e a transforma em vingança. Todos sabemos como Maomé odiava o toucinho, a ponto de os seus seguidores sentirem como ofensa a simples presença da fotografia de um porco. Temos obrigação de

A estratégia e os embustes desta direita

Um social-democrata, como eu, tem dificuldade em entender a intoxicação da opinião pública a que esta direita se dedica despudoradamente. Parece que quem arruinou a economia e lançou Portugal no pântano foram os governos de esquerda, social-democratas a tender para a direita, e não o capitalismo, puro e duro, na sua deriva especulativa a nível global. Esta direita ultraliberal, que esqueceu depressa a falência do banco Lehman Brothers, ainda mais depressa do que os infaustos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, procura arranjar bodes expiatórios das suas próprias malfeitorias e justificações para a permanência, no poder, de Passos Coelho e Portas. A inépcia deste Governo, o desastre deste PR e a tragédia desta maioria, deixar-nos-ão sem esperança e sem empregos. Esta direita omite que foram os seus patrocinadores que protagonizaram os escândalos que mais nos pesam e maior relevo tiveram no horizonte sem futuro que nos legam quando as próximas eleições a varrerem. BPN, Banif

Há 70 anos

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Na rede de campos de concentração do sul da Polónia, onde o Terceiro Reich fez da morte uma indústria, do antissemitismo religião, e da crueldade o apogeu da demência, a libertação dos que sobraram, judeus, ciganos, homossexuais e deficientes, aconteceu há 70 anos em Auschwitz-Birkenau, com a chegada do exército soviético. Esquecer esse dia é ser cúmplice da mais atroz das ideologias, do mais bárbaro racismo e da maior alienação coletiva. Calar aos filhos e netos o horror dos que aí morreram nas câmaras de gás, é colaborar na repetição a que a loucura dos homens pode conduzir.

O antissemitismo cristão

Surpreende o vigor com que o cristianismo e, em particular, o catolicismo nega quase vinte séculos de antissemitismo militante, hoje menos virulento do que o islâmico. Martinho Lutero que conhecia a Bíblia tão profundamente quanto a corrupção papal, dizia dos judeus: «são para nós um pesado fardo, a calamidade do nosso ser; são uma praga no meio das nossas terras». (1543) Quanto à ICAR não é preciso recordar o tribunal do Santo Ofício, basta relembrar as declarações papais ou citar as abundantes e descabeladas manifestações de ódio que o Novo Testamento destila. Eloquente, chocante e demente foi a atitude do cardeal da Alemanha, Bertram, ao saber da morte do seu idolatrado führer Adolfo Hitler. Já nos primeiros dias de maio de 1945, com a derrota consumada (a rendição foi no dia 8), ordenou que em todas as igrejas da sua arquidiocese fosse rezado um requiem especial, nomeadamente «uma missa solene de requiem, em lembrança do Führer». Entretanto o católico Salazar decretou três di

Curiosidades – Passos Coelho, Pires de Lima e o Syriza

Se não fosse o medo de morrer de vergonha pelos governantes que nos couberam, teria morrido de riso. O indescritível Passos Coelho considerou que os gregos votaram mal e o exótico ministro Pires de Lima achou insólito que um partido de «extrema-esquerda» se aliasse, em meia-hora, a um partido que está ‘ainda’ mais à direita do que qualquer dos partidos que estão no Governo português. De facto, é preciso ser extremista embora o Nuno Rogeiro tenha dito que é equivalente ao CDS. Camilo chamou a Frei Gaspar da Encarnação «uma santa besta», epíteto que não uso para os supracitados, por três razões: primeiro, não sou forte em zoologia, segundo, não quero cair sob a alçada do Código Penal e, finalmente, eles podem não ser santos.

Passos Coelho, a economia e a fé

Ontem o trágico PM que os portugueses escolheram foi, na qualidade de governante, à inauguração da Residência Sénior Casa de S. Paulo, na Cova da Piedade, em Almada. Tratando-se de uma obra da Igreja católica estava naturalmente presente o pároco, o que era forçoso, e o presidente da Câmara de Almada, o prestigiado médico Joaquim Judas, filantropo e militante do PCP, o que era natural e de elementar cortesia. Juntou-se à cerimónia, em campanha eleitoral, Passos Coelho que de economia mostrou ter aprendido,  no curso tardio, a persignar-se durante a bênção, demonstrando que, num país laico, conhece o sinal mais. Lamentável foi a obsessão eleitoral. Virou-se para o Presidente da Câmara e aconselhou a que não entravasse o início da atividade da Residência que, pelos vistos, não começou ainda a funcionar, mas já contou com a bênção e a inauguração. O Presidente da Câmara, com a paciência evangélica de quem conhece o PM que temos, lá o informou de que isso depende do ministro da Seg

Corrupção

Agora, que o Syrisa ganhou as eleições, refere-se a corrupção na Grécia e em Portugal, contrariamente ao que sucede na Alemanha, quando foi esta que corrompeu, de facto, altas individualidades gregas e portuguesas para lhes vender submarinos. Na Grécia até foi preso um ministro. Em Portugal, felizmente, prescreveu o processo.

A Grécia, o Syrisa e a União Europeia

A coragem e o desespero deram-se as mãos num grito de esperança, na manifestação de raiva e no corajoso desafio à União Europeia. A Grécia, tal como Portugal, empobreceu com os empréstimos que colocaram a dívida a níveis intoleráveis, e conduziram o País ao desespero, fome, miséria e humilhação. Cada dia foi maior a dívida e o desemprego, mais penosa a vida e mais intangível o equilíbrio financeiro. Entre a espada e a parede, o eleitorado escolheu a espada. A Grécia tudo suportou, incluindo a repressão policial, mas a humilhação ultrapassou o limite que a dignidade permite. Não é apenas o país, berço da nossa civilização, que não sabe como reagirá a União Europeia, de que não pode ser expulsa, é esta que terá de decidir o que fazer com a Grécia. Seria lamentável que à vontade expressa nas urnas se seguisse uma vingança, à guisa de vacina que advirta os povos para os limites da própria liberdade. Eu teria votado Syrisa e, pelo menos, respeito a decisão do povo grego. Estou solid

A insustentável leveza do ecumenismo

Na mesquita de Lisboa – disse a comunicação social –, juntaram-se, em oração, cristãos, judeus e muçulmanos, numa comovedora e fraterna devoção ao Deus abraâmico que os empurra para intermináveis guerras numa orgia de sangue que começou com um gracejo divino a dizer a Abraão para lhe sacrificar o filho, o que o troglodita faria se não tivesse sido uma brincadeira de Deus para pôr à prova a sua fé. O Deus de Abraão não confiava nos homens mas estes teimam em confiar nele. Não penso que as orações pela paz sejam ouvidas, onde ou por quem quer que seja, mas é comovedor saber os três monoteísmos unidos por um intenso e unânime desejo de paz. Foi lindo ver a notícia mas gostaria que o ato litúrgico tivesse ocorrido simultaneamente numa sinagoga de Jerusalém e numa mesquita da Palestina, que na Arábia Saudita e no Iémen, uns de joelhos, outros de cócoras e todos de rastos, anunciassem não mais matar. Assim, em Lisboa, numa cidade cosmopolita, pode encenar-se uma cerimónia pacífica, mas

O catavento e o presidente do BCE

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As eleições gregas e o BCE: “First we take Manhattan, then we take Berlin”…

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As eleições legislativas que decorrerão amanhã na Grécia são um severo e decisivo teste às ‘soluções europeias’ face à crise financeira que varre o Mundo desde 2008. Originária em Wall Street essa proteiforme crise atingiu duramente a Europa, nomeadamente os países periféricos, cuja debilidade económica e social, bem como descontrolos orçamentais, os tornou uma presa fácil do financeirismo internacional.   A ‘crise’ subsidiária de actividades especulativas dos mercados que grassavam pelo sector financeiro mundial, nomeadamente o bancário (bancos de investimento), foi um descalabro que rapidamente atingiu transversalmente a economia real traduzindo-se numa catadupa de falências de empresas, profundos cortes salariais e despedimentos em massa. Instalou-se a recessão. Simultaneamente, os ‘investidores’ resolvem, face aos défices de liquidez, pressionar estes mesmos países agitando a ‘crise das dívidas’ ponto vulnerável dessas debilitadas economias. Na periferia da Europa o fest

Uma no cravo outra na ferradura

Tive um amigo que dizia, bem humorado, que dos três filhos só o primeiro era dele, sendo o segundo filho do Ogino-Knaus, aliás dois, Hermann Knaus e Kyusaku Ogino, e o terceiro da sogra. O último resultara do método que a sogra ensinara à filha e que não se revelou mais eficaz na contraceção do que o método das temperaturas. É da saudar a abertura do papa Francisco para a limitação da natalidade no planeta, que já não suporta a população atual. Dizer aos casais católicos, nos outros terá ainda menos influência, que devem ser conscientes e não se reproduzirem como coelhos, é acertado e revela consciência social. As Igrejas são instituições difíceis de compreender e de difícil compreensão do mundo. Não se pode exigir a um homem solteiro, por mais amparo que tenha do Espírito Santo, pai uma só vez, de forma exótica, que seja uma autoridade em contraceção e que rompa com os preconceitos da sua Igreja. Francisco esteve bem na advertência à proliferação humana, condenando o fenómeno

Cavaco Silva – 9º aniversário na Presidência da República

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Em democracia, nunca tantos portugueses desejaram tanto que passe depressa o último ano do segundo mandato de um PR.

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Email para «Je suis Charlie Hebdo » Chers Messieurs, La barbarie semble être partout ; la démocratie et l’ensemble des droits et libertés qu’un régime républicain se doit d'assurer – notamment la liberté d’expression et la liberté d’opinion – sont en danger. En tant qu’Association Athéiste Portugaise (AAP), fondée en 30 mai 2008 à Lisbonne, nous voulons démontrer notre engagement vis-à-vis de ces principes. C'est pourquoi la Direction de notre Association, a décidé à l'unanimité de vous adresser une contribution financière symbolique de 1 000 €. Avec notre profonde solidarité, veuillez agréer, chers Messieurs, l'expression de nos sentiments les meilleurs. a) A Direção da Associação Ateísta Portuguesa. Odivelas, le 22 Janvier de 2015 Annexe: Ci-joint vous trouverez le document concernant l’opération bancaire.

PT Portugal estava à venda

Com este Governo, cúmplice da alienação, na obstinada agenda ideológica a que Garcia Pereira, nos Prós e Contras, designou de «traição à Pátria», a PT foi vendida quase sem votos contra. O Governo na sua teologia do mercado é insensível aos interesses de Portugal. O Novo Banco, a CGD e a Segurança Social tinham capacidade para impedir a OI de vender a empresa como quem vende hortaliça. Os coveiros continuarão até ao fim do ano com a bênção do seu mandatário.

A burka e a liberdade

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O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) considerou em 20-01-2015 “legítima” a proibição do uso de véu integral em França, rejeitando um pedido de uma francesa que reivindicava o direito a usar o niqab ou a burqa. Parece um paradoxo que a decisão mereça o aplauso de quem defende as mais amplas liberdades e a censura dos que geralmente as negam, mas são os mais permissivos nos costumes que condenam o analfabetismo, a recusa de vacinas ou o uso da burka. Quanto a normas de higiene, a regras de saúde ou hábitos de educação, por exemplo, não devem permitir-se sistemas alternativos. Incoerência? A democracia proíbe e a teocracia impõe. Há, quanto à burka, um argumento irrefutável se for comparada aos capacetes, máscaras ou outros adereços que impeçam, por motivos de segurança, o reconhecimento de quem os usa. Basta esse fundamento para legitimar a decisão proibitiva do Estado. Mas vamos à sub-reptícia defesa da liberdade de religião, também apelidada de cultura. É natural que

DESCULPABILIZAÇÃO DOS ATENTADOS TERRORISTAS ISLÂMICOS

Passados os primeiros dias de indignação geral pelo atentado assassino contra os redatores do Charlie Hebdo, logo começaram a ouvir-se as costumadas vozes de extrema-direita e de extrema-esquerda a desculpabilizar os seus autores. Desta vez o principal porta-voz da extrema-direita foi Sua Santidade o Papa, que disse, em substância, que se alguém ofendesse uma religião era natural que levasse “um murro”. Claro que, neste caso, a palavra “murro” é um eufemismo. Todos sabemos como são os “murros” da Igreja Católica: as horríveis torturas da Inquisição, os autos-de-fé, etc. Quanto à extrema-esquerda, esmera-se nuns rebuscados raciocínios dos quais acaba por concluir que os verdadeiros culpados do atentado foram, como sempre, a CIA, os EUA, a NATO, enfim, o “Ocidente”. Isto é: “os suspeitos do costume”. Esta esquerda caracteriza-se por ter dois pesos e duas medidas. Se no “Ocidente” um marido der um empurrão à mulher logo protesta – e faz muito bem – contra a violência doméstica. Mas

A adoção de crianças por casais do mesmo sexo

No chumbo da votação, a que a AR vai proceder, não está em causa uma questão moral, está em causa um preconceito e, quase sempre, por razões meramente confessionais ou de oportunismo político. Escrevi ‘quase’ porque há deputados cuja formação religiosa os impede de votar uma lei que, na sua fé, e, com seriedade igual à minha, consideram inadequada. No meu ponto de vista, cujas dúvidas são habitualmente tão fortes quanto as certezas deles, não vejo razões morais para votar contra a lei que permite a adoção por casais do mesmo sexo. Neste momento, há crianças filhas de um dos membros do casal que vive legalmente em regime de comunhão de adquiridos. Se lhes faltar o vínculo familiar ao outros membro, em caso de morte do cônjuge de quem era filho, perde o direito à responsabilidade e aos bens do cônjuge sobrevivo. É, pois, uma questão de proteção das crianças o que está em discussão. Deve punir-se uma criança e arredá-la do direito sucessório pelo facto de ser criada por um casal do me

Mateus 3:7

Evangelho de Mateus (3:7) «Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura»? Não se podem ofender as religiões, mas Mateus, um evangelista com créditos cristãos firmados, não se coibiu de atribuir a Cristo esse vitupério à elite judaica, um hábito que ficou na oração católica das sextas-feiras, já abolida, e que Lutero e Hitler repetiram. Não foi por acaso que o nazismo, uma ideologia sinistra de natureza secular, teve apoio do clero protestante e católico que lhe entregaram os registos de batismo para, por exclusão, diagnosticar judeus de forma mais expedita. O «ninho de víboras», como o meigo Jesus designou o judaísmo,  não será ofensa mas era útil que o Papa Francisco, santo por profissão e estado civil, desmentisse a estrela da Companhia e o seu biógrafo Mateus.

Há que prefira os conflitos sem liberdade de expressão

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Num editorial, o Global Times, jornal próximo do Partido Comunista Chinês, reagindo a esta caricatura do jornal humorístico francês, Fluide Glacial, escreveu: «a mania da liberdade de expressão pode gerar conflitos». (In DN, hoje, pág. 2)

A FRASE

«Acho que numa sociedade livre existe o direito de ser ofensivo com a religião dos outros». (David Cameron, PM do Reino Unido, a manifestar discordância com o Papa) Fonte: DN, hoje, pág. 8)

O conflito israelo-árabe

A independência de Israel, em 14 de maio de 1948, foi um erro que o futuro mostrou ser perigoso. A adoção da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 29 de novembro de 1947, recomendando a adesão e implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, criou uma teocracia judaica, rodeada de teocracias islâmicas, ungida pela comunidade internacional onde o remorso, o cinismo e as boas intenções se reuniram. Hoje, sendo as coisas o que são, devem os países exigir a Israel a devolução de território que foi conquistando à Palestina e esta a respeitar a existência e segurança do Estado de Israel. Não podemos perpetuar acusações mútuas de natureza política e, muito menos, usarmos o sangue alheio para a guerrilha ideológica e partidária de quem vive longe. O Islão, no ocaso da civilização árabe, não carece do pretexto de Israel para repetir atos terroristas, nem Israel de alegar questões de segurança para perseverar no imperialismo sionista. Não

O Sr. Duarte Pio e o Charlie Hebdo

O Sr. Duarte Pio, comprovado Bourbon e improvável Bragança, é conhecido por ser um imigrante suíço-alemão, a quem o salazarismo reconheceu a nacionalidade portuguesa, e que se tornou no exótico aspirante ao inexistente trono do reino de Portugal. Além de várias tolices avulsas, é autor de um opúsculo em que pesquisou a devoção dos cavalos de D. Nuno Álvares Pereira que se ajoelharam em Fátima antes da batalha de Aljubarrota: “Quando passava de Tomar a caminho de Aljubarrota, a 13 de Agosto de 1385, D. Nuno foi atraído a Cova da Iria, onde, na companhia dos seus cavaleiros, viu os cavalos do exército ajoelhar, no mesmo local onde, 532 anos mais tarde, durante as conhecidas Aparições Marianas, Deus operou o Milagre do Sol».  (“D. Nuno de Santa Maria - O Santo”, ACD Editores, 2005). Referindo-se a Saramago declarou a um jornalista que «...é uma ganda merda», antes de responder à pergunta sobre os livros que tinha lido do Nobel, tendo declarado que nunca leu tal autor e deixando a ide

Na antecâmara de novas medidas securitárias…

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A questão da segurança dos cidadãos europeus face à ‘ameaça jihadista’ estará na agenda política dos países membros da UE, nos próximos tempos. Estamos (estão os políticos) a criar a necessidade de legislar para defender diversas ‘conquistas’ [civilizacionais] que objectivamente se encontram sob uma velada ameaça.  Na verdade, o perigo vem de diversas direcções sejam dos extremistas religiosos (latu sensu) ou de formações políticas autoctones (europeias) que intentam minar o projecto europeu. Existem, portanto, ‘ventos’ que sopram de vários quadrantes. A primeira grande regra deverá ser o escalonamento de prioridades fundamentais e, para além disso, o reafirmar de conceitos (também fundamentais). O perigo de uma ‘deriva securitária’ que inquine todo o espaço europeu não é despiciendo e deve ser a preocupação central do modelo de sociedade futura (que desejamos para a Europa). Interessaria obter consensos sobre pontos essenciais. A segurança adquire-se pelo pleno exercíci

O respeitinho é muito bonito

Ao correr da tecla – o respeitinho é muito bonito “Temos a obrigação de falar abertamente, de ter esta liberdade, mas sem ofender. É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se Gasbarri, grande amigo, diz uma palavra feia sobre minha mãe, pode esperar um murro. É normal!” (Papa Francisco) Quando um ignaro ministro da economia é capaz de redigir um caderno de encargos de uma privatização em que atropela a lei e se vinga dos trabalhadores que não concordam com ele, tenho obrigação de o ofender, de lhe insultar a mãe (em pensamento, que é o meu registo) e de percorrer Gil Vicente para o adjetivar. Se Paulo Portas diz que o CDS salvou o País, com uma dívida maior do que a herdada, a balança de transações correntes mais desequilibrada e o desemprego acrescido, tenho de lamentar que o aborto não possa ser retroativo. Quando um líder religioso exige respeito por uma religião, só posso exigir-lhe respeito por quem a despreza. Se uma quiromante, um bruxo, um cartomante ou um pr

Francisco e uma viagem do banal ao grotesco…

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As recentes declarações do actual chefe da ICAR sobre liberdade de expressão são de um primarismo gritante e confrangedor. Quando afirma que “… se o doutor Gasbarri [organizador das ‘peregrinações papais’] diz uma palavra feia  de minha ‘mamã’ pode esperar um murro. É normal!”. link . Sobre a liberdade de expressão existem múltiplos ‘pensamentos’ que repetidamente são trazidos à colação: “a minha liberdade tem por limite a dos outros…”; “liberdade de expressão não deve ser utilizada para ofender…”, etc. Convinha recordar o óbvio. A liberdade de expressão é, na nossa cultura e desde a Revolução Francesa, um inalienável direito da pessoa humana, tendo como objectivo fundamental consolidar a sua dignidade e simultaneamente protege-la do livre arbítrio e das soluções de força. Poucas vezes temos ouvido esta evocação nos últimos dias. Por outro lado, pretende-se através de sinuosos exemplos, de caricaturas da realidade e da exploração do medo, vestir-lhe uma ‘camisa de forças’. E

No 20.º aniversário da morte de Miguel Torga

Liberdade — Liberdade, que estais no céu... Rezava o padre-nosso que sabia, A pedir-te, humildemente, O pio de cada dia. Mas a tua bondade omnipotente Nem me ouvia. — Liberdade, que estais na terra... E a minha voz crescia De emoção. Mas um silêncio triste sepultava A fé que ressumava Da oração. Até que um dia, corajosamente, Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, Saborear, enfim, O pão da minha fome. — Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome.   Miguel Torga, in 'Diário XII'

Francisco deixou cair a tiara

Por mais que se encoste à férula, não retomará o equilíbrio que parecia distingui-lo dos dois últimos antecessores. A nódoa das declarações sobre a liberdade são o corolário da tradição romana, a síntese entre a Inquisição e a liberdade religiosa, o Index Librorum Prohibitorum e a liberdade de expressão, o concílio de Trento e o Vaticano II. O Papa saiu da Argentina do ditador Videla mas essa Argentina não saiu de dentro de si. Francisco tem o direito de pensar o que pensa, mas os livres-pensadores têm o direito de pensar de forma diferente. Ai de nós, se tivéssemos de nos comportar de acordo com o regedor de um bairro de 44 hectares, sem maternidade, constituição ou democracia. O líder da única teocracia europeia, nascida dos acordos de Latrão, entre Mussolini e o Papa de turno, não faz a lei dos países democráticos. O Papa tem o direito de pensar que «Não podemos provocar, não podemos insultar a fé dos outros, não podemos ridicularizá-la» (…) e que «É legítimo usar esta liberdade

A TAP e o apodrecimento do Governo

O Governo, na sua impetuosa obstinação de tudo privatizar, torna-se um corpo pútrido que se desfaz, um cadáver insepulto a que o coveiro contratado recusa a enterro. Ontem, o ministro Pires de Lima e o secretário de Estado, Sérgio Monteiro, no ódio às leis, equivalente ao de Maomé ao toucinho, referiam-se a uma clandestina privatização da TAP, de que desconheciam o preço e as condições, onde o comprador apenas ficava responsável por não despedir, durante algum tempo, os trabalhadores dos sindicatos que se mancomunaram com o Governo. Os outros trabalhadores, diziam com desfaçatez os ignaros governantes, não podiam ter os mesmos direitos dos que cederam ao Governo e, na sua estultícia, afirmaram que era uma questão jurídica, a diferença entre quem aceitou subscrever o que o Governo queria e quem recusou. A mais despudorada marginalidade, a mais vergonhosa ofensa aos direitos e ao respeito mínimo pelo Estado de direito, levou hoje o alegado PM a dizer que o alegado ministro da econo

Momento de poesia

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Dissertação sobre as vírgulas… À minha amiga Maria João Correia, que se diverte imenso, quando eu invento uma vírgula… Não ligues são apenas moscas entre as palavras como se fossem pestanas a embelezar o olhar de quem as lê. São artifícios burlescos para ilustrar os discursos dos políticos às segundas feiras quando inventam as mentiras para entreter os jornais durante a semana são as pausas do esquecimento quando já não há mais nada para dizer a não ser o que foi dito ou, se quiseres, são os berros do Cristiano Ronaldo quando os neurónios migram para os pés e ele dá pontapés na gramática. A vírgula é uma síntese do nada e o limite do zero absoluto, a bissetriz dos ângulos rugosos da memória, o ponto morto do equador, que o Gama levou para a Índia e que por lá ficou a apodrecer no túmulo de um jesuíta. Mas a vírgula é muito mais do que isto. A vírgula é, na sua profunda essência e potência, a caganita da mosca, que aterrou no poema… Alexandre de Castr

Sim mas… ou a cobardia e a dissimulação

Perdoo menos aos que me são próximos do que aos de que me distancio. Compreendo as reservas do patriarca de Lisboa, do Papa ou mesmo do intelectual Boaventura Sousa Santos. Aceito a convicção do primeiro a defender o direito à vida, mas… a considerar irrecusável «a liberdade e a responsabilidade de expressão e o direito a ser considerado naquilo que são as convicções e na expressão das ideias», numa forma dissimulada de limitar a liberdade de expressão, quando ninguém o obriga a ler um jornal satírico ou a assistir a um filme iconoclasta. Lembro-lhe que Pio IX excomungou comunistas, ateus, livres-pensadores, democratas e liberais. Pensará a ICAR levantar-lhes a excomunhão? A liberdade não nasceu nas sacristias mas contra elas. O direito à blasfémia custou vidas e provocou tormentos inauditos. O medo do Inferno embruteceu gerações e as religiões, incluindo o cristianismo, crucificaram a liberdade. Em democracia não se provocam os crentes nos seus espaços, mas nenhuma religião tem o di

A censura das religiões

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Jornal judeu apaga mulheres da marcha dos líderes em Paris Ultraortodoxo HaMvaser segue a regra dos judeus Haredi, que proíbe a publicação de fotos de mulheres. Angela Merkel e Frederica Mogherini 'desapareceram' da foto da marcha.

O homem era um santo (crónica)

A mulher, que chegava do trabalho antes dele, chegou ao ponto de lhe dizer que não era sua criada, que um dia acabava o hábito de ser ela a única a cozinhar, a lavar e a passar a ferro a roupa, a fazer a cama e a limpar a casa. O homem, um santo, aguentava a desfaçatez, suportava a sopa, a que faltava ou sobrava sal, sem um queixume, a salada que estava mal temperada, o peixe mal grelhado e ainda a ouvia resmungar enquanto lia o jornal e ela arrumava a mesa e lavava a louça. Casados há mais de vinte anos, a mulher queria agora gozar dos mesmos direitos, exigir iguais deveres para ambos, depois de ter criado dois filhos sem que o marido soubesse o que era mudar uma fralda ou onde era a creche ou a escola. Suportou ao longo dos anos que a mulher tivesse um vencimento maior que o seu, sem mostrar a irritação que isso lhe causava, ouvia-a cantar quando queria silêncio e sentia-a emudecida na altura em que  queria conversar. Começou a arremessar para a roupa suja as camisas onde via u

Quando ser ministro não é currículo, é cadastro

As frases: - «Nunca irei comentar as escolhas do Conselho Geral Independente (CGI) - «[O CGI] representa a desgovernamentalização do serviço público» (Miguel Poiares Maduro, ministro-adjunto, sobre as escolhas para a administração da RTP) – Fonte: DN, hoje, pág. 10)

Ao 7.º dia a vítima ressuscitou o algoz

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Alguns versículos corânicos

II- 8 a 10: “Entre os homens há os que dizem: “ Cremos em Deus e no Último Dia”, mas não são crentes. Esses querem enganar a Deus e aos que crêem, mas só se enganam a si mesmos, embora não o saibam. Em seus corações existe uma enfermidade, que se agravará, terão um castigo doloroso por terem mentido.” II-24: “Se não o fizerdes, e não o fazeis, temei então o fogo que tem por alimento os ídolos, e que foi preparado para os incrédulos.” II-39: “Os que forem infiéis e recusarem a verdade contida nos nossos versículos irão para o Inferno, onde viverão eternamente.” II-193: “Matai-os até que a perseguição não exista e esteja no seu lugar a religião de Deus. Se eles se converterem, não haverá mais hostilidade; esta não cessará senão para os injustos.” V-33: “A recompensa dos que combatem Deus e o seu Enviado e se esforçam em espalhar pela Terra a corrupção, consistirá em serem mortos ou crucificados, ou no corte de sua mão e pé oposto, ou na expulsão da terra em que habitam. Isto

Peso relativo: 1 desenho = 1.000 palavras...

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Um dos cartazes que desfilou domingo 11.01.2015 na grandiosa manifestação de Paris e que diz muito... (eventualmente haverá ainda outras coisas para dizer!).

A FRASE e a PULSÃO CENSÓRIA

A frase: «Se no passado os valentes cartoonistas mortos em França puseram Hollande com o seu ‘coiso’ de fora, o presidente português também podia ser desenhado de calças na mão e com as letras BPN tatuadas na nádega direita». (Rui Cardoso Martins, in Pública – Revista 2) A pulsão censória: Existem nas sociedades europeias e noutras sociedades do mundo conquistas que são irrecusáveis e que têm que ver com os direitos humanos, onde está o direito à vida, à liberdade e à responsabilidade de expressão e o direito a ser considerado naquilo que são as convicções e na expressão das ideias». ( Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa) Fonte: DN, 12-01-2015, pág. 14.

A prudência e a coragem

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A dia de ontem deu emprego a imensos comentadores que repetiram até à náusea que os terroristas nada têm a ver com o Islamismo. Pareciam papagaios amestrados a negar as evidências. Basta ver os chacais que hoje se pronunciaram a favor da legitimidade do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, aceitando a crueldade e o assassínio. Devemos, no entanto, compreender a legião de mentirosos, que procuram honestamente defender de retaliações os muçulmanos. Quem os molestar deve ser punido com o rigor que os crimes sectários merecem mas não se pode absolver uma religião anacrónica que não foi capaz de fazer a Reforma, de aceitar a laicidade ou de abdicar da propriedade masculina das mulheres. O islamismo é perverso e intoxica os crentes. É um sistema totalitário controlado por boçais, posto ao serviço das frustrações e do atraso de quem não aceita a modernidade. Defender os muçulmanos, tal como os cristãos, hindus, budistas ou judeus é a obrigação dos democratas. Combater a superstição,

Paris valeu uma missa

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A manifestação de Paris foi relevante e necessária. Foi um dos maiores acontecimentos dos últimos tempos, a nível global, ultrapassando os dolorosos motivos que reuniram hipócritas de vários quadrantes e alguns chefes de Estado e de Governo que deviam ser julgados por crimes graves. Importantes foram os homens e mulheres anónimos que ali estiveram para dizer não à violência religiosa e ao direito sem reservas à liberdade de expressão. Mas não é altura de misturar as nódoas no pano alvo do repúdio pelos crimes sectários de uma religião que já foi tolerante quando o cristianismo era a mais perversa. É altura de exigir que ao medo que sentimos oponhamos a coragem que nos tem faltado. Ontem, em Paris, uma multidão imensa defendeu a liberdade que hoje mesmo começou a ser restringida. O medo é o veneno que mais nos pode matar. Mata-nos primeiro o espírito e expõe-nos depois o corpo. Vamos morrendo em cada silêncio que fazemos, em cada grito que calamos, em todos os instantes em qu

Paris ou por quem os sinos dobram…

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As declarações do imã da comunidade islâmica de Lisboa, Sheik Munir, no sentido que os bárbaros incidentes terroristas ocorridos em Paris não se identificam com o estipulado no livro sagrado dessa religião deixam no ar algumas questões por esclarecer link . É verdade que esta também foi a posição ‘politicamente correta’ adoptada por diferentes governos – e entre eles o Presidente da República Francesa link - que se apressaram a separar o fanatismo emergente da religião propriamente dita. Compreende-se que assim seja, quanto mais não seja pela defesa da liberdade religiosa, mas tal facto não basta para que se coloque uma pedra sobre o assunto. Na verdade, todas as religiões têm o seu percurso histórico. E nesse longo trânsito multisecular existiram vários momentos de fundamentalismo e de perseguições em nome do proselitismo, da blasfémia ou ainda de outros pretextos. Para não cairmos no perigoso, inoportuno e inconsequente terreno da islamofobia será melhor começarmos pela

O velho, o rapaz e o Marco António

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Paradoxos

 Nem todos fomos Charlie, a começar pelo gang Le Pen, que tentou integrar a onda de comoção coletiva, e a acabar nos inimigos do humor corrosivo e da blasfémia. Uns fizeram-no por convicção, outros por cobardia. Há quem honestamente pense que não de devem ferir sentimentos alheios e quem não aceite apenas que ofendam os seus. Os fascistas franceses da FN já renegaram a solidariedade a quem os zurzia, a quem fez da ofensa e da provocação uma bandeira que deu cobertura às formas mais benignas de crítica. Ninguém tenha ilusões, se não houver quem arrisque mais do que nós, quem se exponha até aos limites, seremos nós os alvos da intolerância. Eu defendo o direito à ofensa, apenas não admito que repliquem às ofensas pela palavra e pelo desenho com armas diferentes. Não se responde ao insulto a tiro, não se limpa a nódoa da desonra com a lixívia do duelo. Sempre que um papa abençoa os portugueses, ofende-me, mas não ultrapasso um protesto ou uma maldição, sabendo que a bênção e a maldi

O proselitismo e a violência

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O pior que algumas religiões encerram é o seu proselitismo. Não lhes bastam os crentes próprios, exigem a conversão dos alheios ou a sua eliminação. A evangelização cristã é hoje, felizmente, uma tara acalmada com a repressão política sobre o clero. Abandonou há muito os métodos cruéis de evangelização que usou em vários continentes e, de forma particularmente violenta, na América do Sul. Na Europa , a paz de Vestefália, pôs fim à sangrenta Guerra dos 30 Anos e a Igreja católica só aceitou a liberdade religiosa na década de 60 do século passado, no concílio Vaticano II. O azedume de João Paulo II e de Bento XVI apenas fez mal aos próprios e foi irrelevante para a liberdade religiosa europeia onde o secularização dos países tornou impensável qualquer perseguição. O Islão, pelo contrário, na cópia grosseira do cristianismo introduziu a guerra como um instrumento de contágio e submissão, agravado pela decadência da civilização árabe e o ressentimento dos crimes de que foi alvo por p