Luís Marques Mendes e o comentário político

Gosto de Luís Marques Mendes (LMM) porque diz coisas interessantes e verdadeiras e as verdadeiras não costumam ser interessantes e as interessantes não são verdadeiras.

Na TV antecipa os assuntos dos Conselhos de Ministros, engenho de quem tem prévio conhecimento da agenda ou a elabora. Neste caso diz coisas verdadeiras.

Desde que deixou de ser empregado do Sr. Joaquim Coimbra, ex-presidente do PSD e comprometedor patrão, LMM passou a profissional da exegese política com a mesma determinação com que vigiava o alinhamento das notícias na RTP quando a tutelou.

No último número da revista Visão disse coisas só interessantes. Fez o panegírico de Cavaco Silva (CS).

1 – Começou, como acabaria, por elogiá-lo e, numa pergunta retórica sobre o discurso de CS, no 5 de Outubro, escreveu: «O que é que se disse?», isto é, o que disse CS, e cita o PR «Que quem tem muitos anos de poder não pode falar assim, que devia ter criado esperança e não desesperança, que isto, aquilo e aqueloutro» [sic]. CS e LMM referiam-se, com igual cinismo, aos partidos da oposição.

2 – “CS fez um importante discurso sobre o estado de falência do nosso sistema político: perda de qualidade da democracia, desprestígio das instituições (…) e dificuldade de concretizar acordos de regime”. E acrescentou: “CS tem, neste particular, uma especial coerência e autoridade». LMM disse a coisa interessante, mas confundiu o que podia ter sido a autocrítica do mensageiro com a mensagem para incertos.

3 – E terminou no ponto 3, que estou a seguir, com outra afirmação interessante: “CS, com este discurso, contribuiu para estimular» [o que devia ser feito pelos partidos, o contrário do que fazem], isto é, outorgou a CS o diploma de gerador de consensos.

Em relação ao PSD e ao CDS, gera consensos. CS é, de facto, o porta-voz da coligação.
Quanto à oposição é um adversário obstinado. Mas estas conclusões não estão à altura de LMM. A este respeito só faz afirmações interessantes.

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