A escola, a laicidade e a fé

Dedicatória: A Malala, prémio Nobel da Paz, a quem a doçura do rosto juvenil esconde a afoiteza, e a ânsia do conhecimento se sobrepõe aos preconceitos da fé.

«Abrir uma escola é fechar uma prisão». A frase, atribuída a vários pensadores, teve a calorosa defesa de Vítor Hugo, num discurso inflamado, na Assembleia Constituinte Francesa, em 1848. A instrução que seduziu Malala é o ódio de estimação dos talibãs, que a impedem, sobretudo às mulheres, o alvo dos terroristas que julgam o Paraíso ao alcance da ignorância e como prémio da discriminação de género.

Abrir uma escola laica é uma impossibilidade nos pântanos onde germina o Islão, mas é a única forma de revezar madraças e rejeitar mesquitas, ainda que os trogloditas de Alá continuem a gritar que Deus é grande e Maomé o seu profeta. As democracias não são confessionais.

Hoje, um jornalista escreveu que a Turquia é o único país islâmico democrático. Não há democracias muçulmanas, cristãs, judaicas ou hindus. As democracias adjetivadas não o são. A Turquia é uma democracia porque é laico o país. Está em risco com o presidente, Erdogan, que se esforça na reislamização. Prefere um Estado Islâmico, com riscos para si próprio, a um Estado curdo na fronteira da Turquia.

Um Estado confessional não é democrático. Veja-se o Vaticano ou o Estado monástico do Monte Atos, autónomo da Grécia, a título de exemplo. São teocracias.

O ensino, tal como a ciência, não podem ser tutelados pela teologia, a exótica «ciência» sem método nem objeto. Não pode preparar almas para a morte, deve conduzir pessoas  para a vida e ter como objetivo a felicidade humana e a autodeterminação individual.

Que muitas Malalas floresçam no pântano da boçalidade medieval dos dementes da fé e que as sementes da sabedoria frutifiquem em mulheres que arrasem os valores tribais de sociedades patriarcais onde a mulher continua a nascer com pecado original, vítima dos preconceitos ancestrais e da vontade divina interpretada por facínoras.

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