24 de sembro de 2014

Era o homem que afirmava que sentiria a pior vergonha se tivesse um filho gatuno, que perder os pais era uma dor que não se apagava, mas perder um filho seria insuportável. Sabia que o sofrimento nunca é para quem parte e sempre para quem fica.

Nunca o vi ajoelhado, republicano e laico, tendo como referência os homens da primeira República, na sua austeridade, dedicação ao serviço público e princípios éticos de quem se rege por valores e não transige.

Quando o filho mais velho foi para a guerra colonial deu a um cão o nome de Manholas, o epíteto por que era conhecido o ditador, e, mais tarde, crismou de Apirético a um gato, quando o boletim clínico diário do referido ditador anunciava que «Sua Excelência» se mantinha apirético.

Era um homem bom e justo. Generoso e incorruptível. Merecia que os filhos e os netos se reunissem hoje com as famílias que formaram e os bisnetos que vieram, no almoço que evocasse o casal donde saíram, o casamento de 56 anos, o amor que desfrutaram e o exemplo que herdaram.

A vida trocou-me as voltas, a família reparte-se por vários países, nunca mais estaremos todos juntos, mas hoje nenhum dos quatro filhos esquece que o pai faria 100 anos.

Comentários

andanças disse…
parabéns pela idade de seu pai.. os nossos pais nunca morrem .... ainda o conheci bem como a senhora sua mae.. parabéns pela família fantástica que tem
Luciano leal
um grande abraço para tí e para os teus. Hoje concordo contigo a 100%. Jorge Nuno
Agostinho disse…
Parabéns pela bela homenagem que lhe presta.

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