O PR, o PS e o Governo

A ausência de PR nos momentos delicados do assalto ao poder e do desmantelamento do Estado, pelo atual Governo, é uma nódoa na desastrosa passagem de Cavaco Silva pelo Palácio de Belém.

O caso das escutas forjadas a Sócrates só destruiria, se tivesse êxito, o líder e, em certa medida, a direção do PS, mas a conivência com este Governo ajudou a destruir o S.N.S., a Segurança Social, o ensino público e a confiança dos portugueses na democracia.

A manutenção do Governo, após a desagregação, com o ministro das Finanças em fuga do assumido fracasso, com o irrevogável Portas e os membros do CDS em debandada, foi um ato de trágicas consequências, que manteve no poder o pior Governo da segunda República, e no Parlamento a mais inepta maioria, da responsabilidade de Cavaco Silva.

O desaparecimento do PR após as eleições para o Parlamento Europeu, que fustigaram o seu Governo e a si próprio, e a fuga à responsabilidade de zelar pela constitucionalidade do OE-2014, sem um pedido de desculpas ao país, pela incúria demonstrada no veredito do TC, deteriorou a situação política e o prestígio das funções que lhe cabia exercer.

Quando um Governo, com uma maioria avençada e um PR atado, se permite, como em qualquer ditadura, ameaçar os tribunais e enxovalhar os juízes, sem advertência pública, vinda de Belém, o País deixa de ser uma democracia e torna-se estrebaria.

É neste caldo de cultura salazarento que a luta interna do PS vai ter lugar, não podendo, nesta altura, correr-se o risco de eleições, nem o de deixar à solta a maioria que deixou de o ser. Estamos num embaraço, sem solução imediata e com um Governo perigoso.

Portugal, sem saída para o problema da dívida soberana, tem de aguardar, para expulsar esta maioria, este Governo e este PR, sem que os Tribunais percam a autonomia como sucedia nos Tribunais Plenários da ditadura.

Com governantes sem cultura democrática, a Europa é ainda o único obstáculo ao poder absoluto que pessoas sem preparação, legitimidade ou ética insistiram em exercer.

Esperemos que o desespero não leve a alianças contranatura que precipitem agora, antes da clarificação no PS, eleições destinadas a proteger quem deve ser julgado severamente pelo eleitorado. A reiterada chantagem sobre o TC e o silêncio do PR não auguram nada de bom ou tranquilizador.

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