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A mostrar mensagens de maio, 2014

O Incompreensível, o Irrevogável e o Mudo

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Enquanto Mariano Rajoy vai aprovar «um plano de US$ 8,6 bilhões na próxima semana para criar empregos e baixar o principal imposto corporativo de 30% para 25%, a fim de tornar as empresas mais competitivas», Passo Coelho e Paulo Portas lambem as feridas de quem não sabe governar dentro da lei e, segundo parece, querem apenas vingar-se. São marginais à solta com um PR desaparecido e mudo. O incompreensível Pedro disse que não compreendia a decisão do Tribunal Constitucional, que reiteradamente desafia, e cuja decisão qualquer aluno do 1.º ano de Direito antecipava, enquanto Paulo promete estudar o acórdão. Em Espanha há um plano para resolver problemas, em Portugal há um para desmantelar o Estado. Passos Coelho, rudimentarmente alfabetizado na madraça juvenil do PSD, não compreenda as leis, e Paulo Portas, que as conhece, é cúmplice. Desolador é imaginar o PR, em estado catalético perante o efeito das eleições europeias, mudo perante os resultados em que também foi julgado, pe

A irrevogável vantagem de ser poder.

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Constituição e Governo

Como é possível que o PR proteja um Governo que não consegue elaborar um único Orçamento de Estado compatível com a CRP? Estamos entregues a gente que, jurando cumprir e fazer cumprir a CRP, a violam com a violência de um malfeitor e a ignorância de um merceeiro.

30 de maio – efemérides

1431 – Joana d’Arc foi queimada na fogueira. Cinco séculos depois, a fim de estimular o nacionalismo francês, foi transferida para o Paraíso, pelo Vaticano, e canonizada. 1958 – O general Humberto Delgado e Arlindo Vicente firmam o pacto de Cacilhas que viabilizou a candidatura única da Oposição democrática, protagonizada por H. Delgado. 1994 – João Paulo II (JP2), papa misógino, declara um «não irrevogável e definitivo» à ordenação de mulheres, respeitando o significado de «irrevogável» até ao fim. 2009 – Morre Luís Cabral, primeiro presidente da Guiné-Bissau, irmão do grande patriota e anticolonialista Amílcar Cabral.

“The Day After Tomorrow…” [*]

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A Direita parece (aparece) entusiasmada com a crise interna do PS. Nas suas contas este acidente de percurso parece encaixar-se perfeitamente no imediatismo táctico que domina a sua visão política nacional. A clarificação que o PS está a tentar fazer dá-lhe ‘espaço’ para alimentar a ilusão de que é possível sobreviver daqui a 1 ano ao escrutínio dos portugueses.  Ninguém adivinha como e quando os socialistas resolverão o problema criado com os resultados eleitorais de domingo passado. Há, todavia, uma primeira constatação. O PS está a tentar tirar ilações políticas desse acto eleitoral que foi sem margem para dúvidas uma pouco participada, mas significativa, avaliação do resgate ainda em curso. Não adoptou uma ‘política de avestruz’ como fez a Direita. O problema é que nestas eleições (europeias) não estava só em causa a pública reprovação das escolhas deste Governo para enfrentar a crise portuguesa.  O âmago da questão seria a compreensão das ‘ atitudes ’ de diversas instân

Desabafo:

Acompanho a política há mais de cinquenta anos e, se resisti aos apelos partidários, não abdiquei jamais da intervenção e empenhamento cívicos. A moção de censura ao Governo, a turma malquista que 72% dos eleitores puniram no último domingo, foi votada pelo PCP, BE e PS, com considerandos capazes de criarem clivagens no seio da esquerda. Dessa moção ficou a retórica incapaz de levar à demissão quem perdeu o tino e a vergonha. Não compreendo a oportunidade e condeno-a. Com o PR em reflexão profunda pela derrota, que também foi sua, ou desaparecido a remoer a abstenção contra a qual, e bem, se pronunciou, sem que alguém o ouvisse porque o sabem implicado no Governo, é da clarificação dentro do PS e da preparação de uma alternativa que o País carece urgentemente. António Costa e Seguro estiveram de acordo com a moção. Eu não.

Onde para o PR?

PR procura-se e dão-se alvíssaras a quem der notícias do paradeiro O país resigna-se com o silêncio, agradece o recolhimento e rejubila quando não está ao serviço da coligação, mas gosta de saber, pelo faceboock, se está vivo. Com o País em reboliço, não se espera que se desvincule dos 27% de reincidentes que o apoiaram, bem como aos partidos de que é porta-voz. O que o País pergunta é se deixou arrefecer o céu da boca e lá em casa preparam as exéquias fúnebres na clandestinidade. Depois do apelo veemente à participação cívica dos eleitores, ouvido com o entusiasmo que desperta, como se viu, não mais foi achado. Não apresentou pêsames ao Governo, não saudou o PS nem enviou um telegrama a Marinho Pinto ou ao PCP. Teme-se o pior. Nesse caso, a senhora presidente da AR deve ser avisada, para passar por Belém, se não tiver algum inconseguimento com a moção de censura ao Governo, que fazia tanta falta como uma viola num enterro.

Marinho e Pinto e as incógnitas do regime

Marinho e Pinto é umo fenómeno que provoca enorme prurido e brotoeja nos aparelhos partidários. Já era uma figura mediática, tornou-se a personalidade capaz de baralhar a aritmética eleitoral. As duas entrevistas de hoje, na Visão e no DN, mostram que o advogado popular ainda não se tornou populista, mantém-se cauto. Esperemos que não se julgue providencial. Tudo o que disse pode ser repetido por um social-democrata do PS, com preocupações ecologistas, mas não pode ser aceite por uma direita em contubérnio permanente com o capital financeiro. A direita dos submarinos e do BPN e a que mora na linha de Cascais ou na praia da Coelha não pode subscrever o seu pensamento ou deixar de condicionar o seu combate político. O PCP, que nunca ganhou um só voto com o satélite ornamental – os Verdes –, não terá capacidade de impedir um partido fora da sua área e que prossiga objetivos  ecológicos. Aliás, faz falta, em Portugal, um partido ecologista autónomo. Marinho e Pinto ensaia um partid

António Arnaut, doutor "honoris causa"

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A Universidade de Coimbra distinguiu hoje o fundador do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, com o título de doutor “honoris causa”. É uma dívida nacional que a Universidade de Coimbra paga. Poucos mereceram tanto tão elevada distinção a quem tanto deu sem nunca ter pedido algo. Ao antigo ministro, «pai» do Serviço Nacional de Saúde, o Ponte Europa endereça os seus cumprimentos e felicitações. Recorda-se que António Arnaut é um advogado ilustre, escritor, ex-Grão-Mestre do G.O.L.- maçonaria portuguesa -, e uma personalidade de relevo no campo da cultura, da política, do direito e da participação cívica. Ponte Europa saúda o cidadão impoluto e congratula-se com a justa homenagem. A honra é maior para a Universidade do que para o homenageado.

Ainda no rescaldo das eleições europeias

Como foi possível terem passado três dias e eu ter-me perdido do país? Sonhei que a candidatura ao Parlamento Europeu, que o Governo e o PR patrocinaram, tinha obtido menos de 28% e que os protagonistas andavam felizes! Pareciam a família do defunto morto no desastre de viação e que, “graças a Deus”, não lhe deformou a face, o que os deixou muito contentes e a rezar uma noveninha de ação de graças. Esta cultura judaico-cristã que dá graças por quem partiu uma perna, quando podiam ter sido as duas, por ter ficado tetraplégico quando podia ter morrido, é responsável por esta estultícia de quem se julga com legitimidade para governar com menos de 28% dos votos expressos pelos portugueses. Quando um Governo goza de uma maioria e de um PR e que, todos juntos, não tiveram sequer 28% dos sufrágios; quando o PR entra em retiro espiritual, em rigoroso silêncio, sem tirar conclusões; quando esse Governo julga que governa, só porque sabe aumentar os impostos e o desemprego, entra-se num mun

A primeira multa e a esquadra de Santa Marta (Crónica)

Em 1970, regressado da guerra colonial, retomei a docência na escola n.º 44, ao cimo da rua da Beneficência, onde tinha sido colocado, por procuração, para estar próximo da faculdade de Direito de Lisboa que, antes da guerra, tinha intenção de frequentar. O vencimento escasso, razão que me levou a abandonar a função pública, obrigou-me a dar aulas de manhã, a trabalhar como agente comercial, à tarde, e a esquecer o curso. Com o dinheiro amealhado por quem se manteve em zona de guerra, onde a cantina do aquartelamento era o único sítio para o gastar, fora dos dois períodos de férias gozados entre Nampula e a paradisíaca Ilha de Moçambique, comprei o primeiro automóvel que, aliás, era indispensável nas funções comerciais. Não tardou a primeira multa. Numa noite de sábado, às três horas da manhã, à saída de uma casa de fados do Bairro de Alfama, estava no para-brisas do carro o aviso da multa, por estacionamento em sítio proibido. Deixei passar uns dias e, aconselhado e convencido

A HISTÓRIA SEGUNDO A "DEMOCRACIA" COMUNISTA

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Como é sabido, em 1969, pertencendo a então Checoslováquia ao bloco soviético dominado pela U.R.S.S., o Governo checoslovaco, liderado por Alexander Dubcek, tentou liberalizar politicamente o regime, procurando instaurar um sistema de socialismo democrático. A União Soviética, porém, no mês de Agosto do referido ano, pôs rapidamente fim a esses devaneios democráticos, invadindo a Checoslováquia, destituindo o Governo de Dubcek e pondo no seu lugar outro mais obediente, esmagando assim no ovo essa primeira tentativa de instauração de um socialismo democrático real. Diga-se de passagem que todos os Partidos Comunistas da Europa Ocidental se manifestaram contra esse brutal esmagamento, com uma única e vergonhosa exceção (já todos terão adivinhado qual...): o P. C. Português. Dubcek, claro, caiu em desgraça, foi destituído de todos os cargos, e, à boa maneira stalinista,...despareceu das fotografias! Um jornalista, porém, conseguiu passar para o ocidente duas fotografias, numa das qu

O PS e o futuro Governo

Depois de António Costa ter manifestado disponibilidade para disputar a liderança, dada a sua dimensão política, experiência governativa e notoriedade pública, que ultrapassa a do próprio líder do PS; depois do apelo de Ferro Rodrigues para convocação de eleições diretas; com a escassa vitória das eleições europeias e a imagem frágil que lhe tem sido criada, não resta a Seguro outra alternativa senão ceder e disputar novas eleições no PS. Refugiar-se nos estatutos para se furtar ao juízo dos militantes é debilitar diariamente a sua imagem e, com ela, a do PS. As eleições não se ganham com a simpatia do aparelho partidário que, e não será o caso, pode levar a PM um incapaz, como sucedeu ao PSD, mas com alguém que pode causar prurido no partido mas arrasta a confiança do País. Espero que Seguro saiba tomar a decisão que o momento impõe e os militantes decidam com a cabeça, sabendo ler os sinais dos que, não pertencendo ao partido, são os que lhe dão as vitórias ou lhe impõem as der

No rescaldo das eleições europeias

Aos europeus não imaginam a tragédia que a desagregação da UE origina. Entre utopias e ressentimentos, a União Europeia, que preservou a paz e garantiu o desenvolvimento, pode transformar-se numa arena onde os nacionalismos fiquem à solta e expludam os regionalismos. A falta do aprofundamento social e político, aliado às severas medidas de austeridade, destruíram a economia e, com ela, a solidariedade social. A União Europeia, um sonho cosmopolita, vai-se transformando num pesadelo que esqueceu os objetivos. No que respeita a Portugal não sei como podem sentir legitimidade o PR, cujo apelo ao voto parece ter ajudado a abstenção, e a coligação que a alegada a falta de alternativas como álibi para perpetuar a política que só o PR e menos de 30% dos leitores sufragam. Foi, aliás, a votação, com os olhos postos nos problemas domésticos, que inquinou as eleições para o Parlamento Europeu. Marinho Pinto, o mais popular dos eurodeputados, que, sozinho, vale o dobro do CDS e metade do Go

Factos e documentos

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Ecumenismo e marketing

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O ecumenismo de que o Vaticano se reclama não é mais do que um golpe publicitário para a hegemonia que procura, a tentativa de reunir forças para liderar a cruzada contra o ateísmo e a laicidade. Não há ideologia mais odiada do que o ateísmo nem postura que mais descontrole o clero que a indiferença perante os dogmas e as sotainas. As três regiões do livro são idênticas na sua intolerância, no ódio à liberdade e ao livre pensamento, na obsessão prosélita e na presunção de que cada uma é a verdadeira. As sociedades ocidentais, na sua luta pela liberdade e emancipação, limaram as garras eclesiásticas, contiveram a prepotência religiosa e empurraram o Papa para o Vaticano.  Os protestantes, após as guerras da reforma e contra-reforma, em que o ódio cristão explodiu em torrentes de sangue, foram-se reduzindo à liturgia e à oração e perderam o fervor que agora regressa impetuosamente através de seitas cada vez mais agressivas. O islão, inculto e radical, misógino e beato, impõe

Eleições legislativas. Que futuro?

Por muito que custe, temos de admitir que o PS, o PSD e o CDS não podem continuar a impor aos portugueses os líderes que os militantes querem mas os que o País deseja.

Sócrates e os derrotados

A parelha Paulo Rangel/Nuno Melo, émulos da calamitosa parelha Paulo Portas/Passos Coelho,  passaram a campanha eleitoral, não a falar da Europa mas a atacarem Sócrates, averbando uma derrota humilhante ao mesmo tempo que involuntariamente reabilitaram o antigo primeiro-ministro. Não sendo meninos de coro, resta pensar que são o refugo do PSD e do CDS.

A União Europeia, as eleições e Portugal

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Enquanto os nacionalismos e a decadência corroem os alicerces da União Europeia, exacerbam-se os radicalismos, aumenta a desilusão e os eleitores afastam-se das mesas de voto como os muçulmanos do álcool. Em Portugal, onde a democracia nunca conseguiu ser uma escola de formação cívica, o desinteresse devora a própria democracia. O alheamento do exercício do voto é sintoma de desilusão, mas também, e sobretudo, de quem deixou de acreditar em si próprio. Temos de viver com os eleitores que temos, com os que ainda se recordam das fraudes eleitorais, do partido único e da perseguição aos opositores e com os que, cumprindo o dever cívico, acreditam que há democracias perpétuas. Em Portugal, onde a maioria desconhece o reforço dos poderes do Parlamento Europeu e, pela primeira vez, a sua importância, na decisão quanto ao presidente da Comissão Europeia, estas eleições são, sobretudo, a primeira volta das legislativas e o julgamento do Governo e do PR que se transformou em seu porta-v

O MELHOR CARTOON DE IMPRENSA DA EUROPA É PORTUGUÊS

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E nem a Europa sabe quão verdadeira é a mensagem. Ontem foi dia de loucura ibérica, hoje merece a sua divulgação no Ponte Europa.

Eterno Domingo – o futebol em oito jornadas (Livro de Ricardo Namora)

A vida tem destas coisas, estes paradoxos inexplicáveis que me levaram a ser íntimo amigo do saudoso Zé Manel, ex-jogador da Académica, meu colega na indústria farmacêutica, com quem nunca falei de futebol e que mutuamente nos procurávamos. A amizade estendeu-se à mulher e aos filhos que vi crescer e singrar na vida. Duas boas cabeças, dois homens generosos com a bondade do pai, o encanto da mãe e a inteligência de ambos. O que não esperava era ver um pós-doutorado em Teoria da Literatura a ser também um treinador de futebol, um ex-jogador a ser intelectual de rara qualidade, um humanista a escrever sobre futebol, um habilidoso com os pés a ser tão ágil com a prosa, um escritor a falar da futebol e da repressão franquista sobre os bascos, a fazer rolar bola e a fazer-nos compreender, através dela, como rolam os sentimentos e as ideias. Ricardo Namora tem o condão, no livro que hoje a Editora Lápis da Memória lançou, de seduzir para o futebol quem sempre lhe foi alheio, brindar co

O 25 de Abril e a obrigação da sua defesa por quem o viveu

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Painel de azulejos pintados e colados pelos alunos Há dias, na sequência de uma palestra, no Agrupamento de Escolas de Pinhel, espantei os leitores, como se isso fosse um caso inédito nas nossas escolas. Tive a honra de ser convidado por três escolas de Coimbra, Brotero, Eugénio de Castro e José Falcão, numa delas reincidente, tal como em Mirando do Corvo ou Carregal do Sal, umas vezes acompanhado do meu saudoso amigo-major general Augusto Monteiro Valente, herói de Abril, outras com diversos oradores desconhecidos, sobretudo quando o tema em vez do 25 de Abril foi o laicismo e a laicidade. Fazem parte do currículo estas atividades e, segundo julgo, é mais difícil arranjar quem se disponibilize do que ser alvo do convite. Quero dizer que é gratificante e não esqueço a qualidade das intervenções de alunos da Escola D. Maria, em Coimbra, ou dos de Miranda do Corvo. Quando são democratas os professores, «a obra nasce».

APELO AO VOTO EXPRESSO, VÁLIDO E ÚTIL POR UMA EUROPA DEMOCRÁTICA E SOLIDÁRIA E CONTRA A COLIGAÇÃO QUE OPRIME PORTUGAL

As eleições do próximo domingo são de uma importância vital. Está mais do que nunca em jogo o destino da Europa. Está mais do que nunca em jogo o destino de Portugal. Por um lado, por forma reflexa. Portugal pertence, e deve continuar a pertencer, à União Europeia. Assim, o destino do nosso País está profundamente dependente do destino da Europa.  Por outro lado, por forma direta e imediata. Impõe-se uma derrota clara e inequívoca da tríade - governo, maioria parlamentar e presidente - que nestes últimos anos vem martirizando o povo português e subvertendo os ideais e as conquistas do 25 de Abril. Só com essa clara derrota se poderá demonstrar de forma expressa e indesmentível aquilo que já é evidente: que essas entidades perderam por completo a legitimidade democrática que obtiveram mentindo descaradamente aos portugueses mas que ainda detêm formalmente. Por isso, nenhum verdadeiro patriota, nenhum verdadeiro democrata, pode abster-se de votar, ou votar em branco, ou votar nul

O Governo, as eleições europeias e Marcelo Rebelo de Sousa

A dimensão de Marcelo, para além do mérito próprio, mede-se pelas horas de exposição televisiva. Sobrando-lhe capacidade e experiência política, deve sentir-se envergonhado com a mediocridade do líder do PSD e ferido com a animosidade do campeão das feiras e do CDS, que sobrevivem em união de facto e de interesses. O mestre da intriga não perdoou ao lacrau que o picou na televisão e lhe tolheu o futuro político, lembrando-lhe, em direto,  uma pequena mentira que transformou uma sopa, a  vichyssoise, no caldo de ódio mútuo e recíproco. De Passos Coelho separa-o a inteligência, a cultura e a sagacidade; de Portas a pessoal animosidade e um módico de honestidade intelectual. Apenas a ambição da presidência da República o obriga a suportá-los, e, fazendo jus à irreverência e ao gozo que lhe dão as ferroadas em figuras menores, Marcelo declara que vai votar na dupla que o Governo designou para disputar as eleições europeias. Mas só vota neles «porque isso representa votar em Jean-Claude

A União Europeia, as nuvens do presente e o futuro

Entre leitores esclarecidos não há eleitores a necessitar de indicação de voto, motivo suficiente para não cometer a indelicadeza de o sugerir ou de me inibir de opinar sobre o que julgo pertinente. Penso que devemos ao guarda-chuva da Nato a paz de que a Europa goza desde a guerra de 1939/45, o período mais longo de paz que conheceu, com as exceções localizadas da fragmentação da Jugoslávia e da reincidente cumplicidade na tragédia da Ucrânia. Também a Alemanha, com o seu apoio financeiro, foi fundamental para a estabilidade democrática em Portugal e para o seu acelerado progresso. A ingratidão não é virtude e o esquecimento não ajuda a interpretar o presente. Foram outros os que sonharam uma Europa solidária onde os nacionalismos sempre a dilaceraram. É o regresso a esse a sonho que me move numa Europa que desejava como a nação de nações solidárias, em que a economia, a política e a defesa fossem comuns e as assimetrias se diluíssem. Apesar das nuvens carregadas que

As eleições europeias e a política nacional

Sou dos que acreditam que não podemos viver sem a Europa nem esta sem Portugal. Os que veem na UE a causa de todos os males esqueceram depressa o que lhe devemos, o país «orgulhosamente só», saído da ditadura, da guerra colonial e do atraso ancestral. Os que veem a Europa acriticamente, como mero pretexto para a conquista do poder e a satisfação das suas ambições, são incapazes de tentar corrigir-lhe a deriva nacionalista e prevenir os demónios totalitários que despertaram. A diplomacia comum e uma política de defesa integrada são instrumentos de coesão de um espaço que se desagrega, se para, e regressa às lutas intestinas, se teme avançar. A moeda comum, que parecia o mais difícil e pode não ter sido o mais acertado, é hoje a antecâmara de uma tragédia, se soçobrar. Sair do euro é, para Portugal, como sair de um comboio de alta velocidade, em marcha, é ceder à voragem dos especuladores a cotação de nova moeda e lançar na miséria pensionistas e detentores de vencimentos fixos, cujo

O Tratado Transatlântico e a Europa

Quando do anúncio do TTIP (Transatlantic Trade and Investement Prttnership), também conhecido por TAFTA (Transatlantic Free Trade Area), em fevereiro de 2013, não emiti qualquer opinião. Um tratado de comércio, neste caso gigantesco, só por si, não é bom nem mau. As consequências é que o dirão. Podia ter sido um mero detalhe do discurso de Obama sobre o Estado da União onde, pela primeira vez, o referiu. O apoio entusiástico de Durão Barroso, o mais americano dos europeus, no dia seguinte, pôs-me de sobreaviso. A personalidade tortuosa de um aluno formado nas madraças do maoísmo, em cujo Livro Vermelho terá aprendido a enxergar armas químicas num salão de chá inglês, não foi de molde a tranquilizar-me. Não tenho dúvida sobre a bondade do Tratado, temo é pelas consequências para os mais pobres. Se Obama e Durão Barroso o acham excelente, os portugueses devem ter medo. Será certamente excelente para o capital financeiro que devia ter sido privatizado, após a falência do banco Lehman

Coimbra - «Perspectivas para uma outra Europa»

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A Líbia e as preocupações europeias

A falta de política externa comum da União Europeia é mais um calcanhar de Aquiles do colosso de pés de barro e metástases que dilaceram o corpo que não para de adoecer. Na Nigéria valeu o enigmático Hollande, de quem é chique dizer mal, a tomar a decisão de intervir em África, sem esperar pelo consenso europeu, para impedir o troglodita e exaltado muçulmano, Boko Haran, de raptar jovens para as converter, tiranizar e casar, poupando-as à escolaridade e à civilização. Normalmente, a União Europeia tem intervindo para fazer asneiras, desde a Jugoslávia à Ucrânia, do Iraque ao Norte de África, mais interessada no petróleo do que nos direitos humanos, num contágio hórrido com os piores republicanos dos EUA, a quem se alia. A Líbia, à semelhança da República Centro-Africana e do Mali, entre outros, é perigosa para África, e a peçonha não é contida no Mediterrânio. A Europa preocupa-se agora, depois de ter destruído o País, de o ter entregado a bandos de narcotraficantes de várias pro

20 de maio de 2014 – efemérides

1498 – Vasco da Gama chegou à Índia, a Calecut, no fim de uma viagem que marcaria o início de uma nova era para o comércio e registaria um feito glorioso na História; 1911 – É eleita a Assembleia Nacional Constituinte da I República portuguesa, por sufrágio direto, um avanço democrático que colocou Portugal na vanguarda política da Europa e do Mundo; 1974 – Américo Tomás e Marcelo Caetano partem para o exílio no Brasil, num ato de grande generosidade dos capitães de Abril;

O medo e a fé

O medo é o mais fiel aliado das religiões e o sofrimento o húmus onde floresce a fé. A aflição e a angústia debilitam o intelecto, mortificam o corpo e tornam consciências lúcidas em farrapos que as religiões enrolam na manta de charlatanismo que tecem. Todas as religiões se reclamam do Deus verdadeiro, único que tem a chave do Paraíso. Assim se vê que todas as religiões são falsas, menos uma, na melhor das hipóteses, e certamente todas. Uma doutrina, impostura ou código de valores que obriga a humanidade a prostrar-se, em vez de a ensinar a viver de pé, não dimana de um ser superior, brota da vontade de um sádico, nasce no cérebro de um néscio ou da tentação de um biltre. É explorando fraquezas, medos e inquietações que a religião aparece como panaceia para o abatimento, remédio para a agonia e bálsamo para todas as moléstias. O padre é o autor da trapaça, o artífice da fraude, o intermediário do embuste. Deus é apenas uma imagem que o tempo corroeu, uma droga que excedeu o pr

Humor triste

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19 de maio de 2014 – efemérides

!790 – A Revolução Francesa aboliu os títulos de nobreza e todas as distinções que estabeleciam a estratificação da sociedade francesa, ato de higiene que as Repúblicas praticariam a partir daí; 1890 – Nasce o poeta Mário de Sá Carneiro, em Lisboa; 1954 – Catarina Eufémia é assassinada a tiro, em Baleizão, por um tenente da GNR de Beja, numa manifestação de trabalhadores agrícolas por aumento de salário, tornando-se uma vitima simbólica da repressão fascista do salazarismo; 2000 – A comissão científica independente que analisou o processo de coincineração recomenda ao Governo a prossecução do projeto em Outão e Souselas, processo que seria contestado, mais por razões políticas do que ambientais; 2006 – O prémio Camões foi atribuído ao escritor Luandino Vieira, que o recusou. Luandino era um preso político, com medidas de segurança, quando a atribuição de um outro prémio levou a agressões contra o Augusto Abelaira e Urbano Tavares Rodrigues, à destruição da Sociedade Portuguesa

Freitas do Amaral e a Direita

Na entrevista de Freitas do Amaral ao DN , ontem, há 4 páginas suculentas onde o rigor e a honestidade rivalizam com a cultura de um enorme político e homem de Estado O diagnóstico que faz da esquerda portuguesa é certeiro, a sua análise sobre a Ucrânia é de uma integridade intelectual extrema, e acertada a avaliação do Governo. Trata-se de uma personalidade que não é da minha família política, de um conservador inteligente, culto e com muito mundo. Com conservadores destes seriam melhores os progressistas. Como pôde a direita preterir uma personalidade desta dimensão ética e cívica, em favor de Cavaco Silva? Só a miopia de quem preferiu o poder ao país, a indigência cultural à honrosa representação do Estado e o mundo dos interesses venais às exigências éticas de um cargo carregado de simbolismo, podia trocar os personagens. Houve na troca de papeis a trágica decisão que conduziu a direita ao suicídio e Portugal ao abismo. Depois, entregue o poder a quem tem da política uma leve

Desertificação e Reprodução Municipal Assistida (RMA).

Lê-se hoje, no DN, que vinte e uma autarquias dão incentivos à natalidade. De Miranda do Corvo a Mora, passando por Boticas, Castro Marim, Vila de Rei ou Lamego, não se poupam os edis à nobre tarefa de estimular a natalidade autóctone. Paredes de Coura avança com 500 euros para cada um dos dois primeiros filhos e duplica a gratificação para o terceiro. Póvoa do Lanhoso, repete o estímulo para os dois primeiros, aumenta 50% para o terceiro e esportula 1.000 a partir do quarto, sem limite para a prole. Com cambiantes que incluem modestas ajudas para fraldas e farinhas pareceu-me que Vila do Bispo, Castro Marim e Vila de Rei são as autarquias mais generosas a instigar a prossecução da espécie, com 750 euros para o primeiro rebento, 1.250 para o segundo e 1.750 para os seguintes, enquanto Gouveia começa com 1.000 euros para o primeiro e não vai além dos 1250 para outros. O combate à desertificação a que os edis se abalançaram merece solidariedade e todos os estímulos são bons para os

LÍBIA: de novo na berlinda…

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O mundo está confrontado com o ocorrido na chamada ‘Primavera Árabe’ que devastou o Norte de Africa desde a Tunísia ao Egipto, passando pela Líbia. É deste último país que chegam notícias do reacender de novos confrontos. Agora – e mais uma vez – a batalha trava-se em Benghazi. Segundo a edição digital do Lybia Herald o general Khalifa Hafter iniciou operações militares na capital da Cirenaica com vista a anular a influência de 2 grupos extremistas muçulmanos (Deraa nº. 1 e Ansar El-Sharia) link . Estas recentes acções militares surpreenderam o Governo Líbio e parecem inserir-se na pretensão publicamente manifestada por este general de tentar tomar o poder através de nova insurreição link . O general revoltoso, também conhecido por Hifter, é um velho colaborador da CIA link desde a sua captura na guerra líbio-chadiana (1987) conflito regional que ocorreu na faixa de Aouzu tendo como móbil a exploração de urânio. De 1991 a 1996 viveu no EUA (Virginia), i. e., nas proximidad

O Governo, António Borges e as privatizações

O cadáver de António Borges deixou o esqueleto no armário da coligação apostada em desmantelar o Estado, em Portugal. O homem que Cavaco preferia a Durão Barroso, para PM, foi quem sondou Vítor Gaspar para ministro das Finanças e foi recompensado com a atribuição à sua empresa de consultadoria, ABDL, da gestão das privatizações do Estado. Os negócios obscuros, entre este Governo e o falecido António Borges, terminaram com a morte do último, em agosto de 2012, “por acordo entre as partes”. O ministério das Finanças está a usar expedientes para evitar o acesso jornalístico ao obscuro contrato. A jornalista Fernanda Câncio aguça hoje, no DN, a curiosidade  sobre o contrato cuja caducidade, por morte de António Borges, poupou mais de 25 mil euros mensais ao Estado que não precisou de manter os serviços através de outra empresa. Estes estarolas vão deixar muitos esqueletos à espera de exumação urgente.

Cavaco - ‘Nunca Mais’…

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O Presidente da República pronunciou-se sobre o fim do PAEF sem recorrer ao Facebook.   Aproveitou a oportunidade de se encontrar no estrangeiro para expressar o seu taxativo desejo que: “ Portugal nunca mais se encontre nesta situação e que os portugueses sejam capazes de gerir as suas contas mantendo-as controladas… ” link . Não sabemos se esta tirada se encontra em alguns dos prefácios dos seus ‘Roteiros’. Na verdade, é de supor que muitos poucos portugueses tenha a paciência ou reconheçam importância a esses escritos que periodicamente edita para se informarem. Mas a frase proferia em Macau e onde constam três palavras-chave (Portugal, nunca e mais) é uma revelação deveras interessante. Os portugueses interrogar-se-ão se o Presidente é um dos ocultos subscritores de um manifesto-petição link posto a circular em Portugal neste momento político (o putativo fim do programa de intervenção externa). O manifesto-petição “ Nunca Mais ” subscrito por uma plêiade de indef

Uma Caricatura do caricaturista Henrique

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Marinho Pinto e as eleições europeias

Devo começar com uma declaração de interesse: sou amigo de António Marinho Pinto. Liga-me a ele uma sólida e permanente amizade, começada num café/cooperativa onde se reuniam adversários da ditadura, desde o início do ano de 1973 – a Clepsidra. Dito isto, e sem qualquer relação com  a minha intenção de voto nas eleições europeias, devo a Marinho Pinto a solidariedade que merece um ostracizado pela comunicação social. Raros candidatos ao Parlamento Europeu terão a notoriedade do ex-bastonário da Ordem dos Advogados, duas vezes eleito. Raros são os cidadãos tão lutadores, frontais  e corajosos. Quase todo o país o conhece e raras pessoas sabem que é candidato, atitude de que eu, se pudesse, o dissuadiria, mas que ele tomou. Os eleitores merecem ser informados da sua decisão cívica. E não são. É malevolamente ignorado como se não tivesse passado, currículo e credibilidade. A razão que me leva a verberar a ostracização a que é votado Marinho Pinto é a mesma que uso para o PCP, alheia

A frase:

«Bem… o poder isolado do povo não é boa coisa e ainda por cima fechado e com 55 mulheres, o imperador tinha dificuldades em resistir»! (Cavaco Silva a um jornalista que lhe perguntou, na Cidade Proibida, que ilações tirou daquela visita, sobre o poder).

SHAME ON YOU, U. S. A.

Não sou antiamericano, nem muito menos antiamericano primário – chamo antiamericanos primários aqueles que, por uma espécie de reflexo condicionado que lhes ficou do tempo da Guerra Fria, se aliam a tudo o que é mau (Coreia do Norte, países onde vigora o fundamentalismo islâmico ou quejandas ditaduras, só por ser contra os E. U. A.). Por outro lado, tenho de reconhecer que a América deu e continua a dar ao mundo pessoas brilhantes, cidadãos que muito contribuíram para o progresso da liberdade e da própria humanidade. Dito isto, considero os E.U.A. um país que ainda não saiu completamente do estado selvagem. Mantêm a pena de morte e a prisão perpétua, condenam como se fossem adultos, a pesadíssimas penas, crianças de treze anos, consideram direito inalienável a possibilidade de cada cidadão andar armado, tratam, isto é, maltratam, os suspeitos, mesmo de simples contraordenações, como na Europa nem os condenados por crimes gravíssimos são tratados, praticam um liberalismo e um individu

Notícias do dia. Anda tudo ligado

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A caricatura como serviço cívico

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A Espanha franquista respirou de novo com Aznar

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Há hoje em Espanha uma luta cívica das «plataformas cidadãs» contra os privilégios da Igreja católica onde a Mesquita de Córdova se converteu em símbolo. Em 2006, a diocese registou-a em seu nome por 30 euros, parecendo que o número 30 é a ressonância da alegada traição de Judas. O problema resulta do artigo n.º 206 da Lei Hipotecária franquista, que converteu os clérigos numa espécie de notários. O referido artigo permitiu registar pela primeira vez em seu nome milhares de propriedades com um processo expedito, que levanta dúvidas constitucionais. Só em Navarra – segundo o  diário El País do dia 10 do corrente mês –, registaram-se 1087 propriedades, com este expediente, das cerca de 4.500, em Espanha. As plataformas cidadãs pedem o fim desse iníquo privilégio com efeitos retroativos e o Ministério da Justiça apresentou em abril uma reforma da lei que exclui o art.º 206, mas fixa 1 ano para a entrada em vigor, a partir da publicação no Boletim Oficial do Estado. A Mesquita de

Agressões a crianças e jurisprudência

As agressões a crianças, designadas por «castigos paternais», são a herança salazarista do hábito que cabia aos progenitores, por direito divino, e aos professores, por direito legal. O DN fez-se eco da pedagogia ativa dos pais de uma criança de 11 anos, alegadamente mau aluno, mal comportado e que tinha começado a fumar. O corretivo, à moda antiga, provocou na vítima “três equimoses de coloração arroxeada, outra na face posterior da coxa; e no membro inferior esquerdo, duas equimoses de coloração arroxeada, ambas na região nadegueira”, e dez dias de cama. A madrinha da criança acusou os pais de “maus tratos” mas, em primeira instância, o douto Tribunal “considerou que tal conduta terá de revestir uma violência de tal ordem (pelo seu período de duração ou pelo mal infligido, etc…) para que se possa concluir pela existência de maus tratos” – diz o jornalista Carlos Rodrigues Lima (13-05-2014). Apesar disso, o Tribunal condenou os pais  pelo crime de ofensa à integridade física na

Preparando a recepção da matriarca…

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Os EUA - segundo tudo indica - não participam directamente nas eleições europeias. Mantêm discreta a sua pressão como grande potência mundial.  Mas não descuidam de arrumar a casa. Christine Lagarde foi convidada para falar na cerimónia de graduação do Smith College, uma prestigiosa instituição universitária feminina dos EUA, fundada em 1871, sediada em Northampton, Massachusetts, dedicado à formação em 'artes liberais'.   As estudantes desta instituição denunciaram o “sistema patriarcal” que tem sido usado pelo FMI para impor receitas de austeridade em troco de resgates económicos   link . Na internet as estudantes escreveram: “ O FMI tem sido o principal culpado do desenvolvimento falido consequência das medidas implantadas em alguns dos países mais pobres do mundo. Isto levou ao fortalecimento directo de sistemas imperialistas e patriarcais que oprimem e abusam de mulheres ” link . Bem, nos EUA, C. Lagarde foi obrigada a desistir de botar faladura no Smith Col

Cavaco Silva na China

Esta é a terceira vez que Cavaco Silva se desloca à China, em visita oficial. Das duas primeiras vezes era primeiro-ministro e falava-se de Macau, um assunto da competência exclusiva do presidente da República. Nesta, a mais importante, segundo Belém, fala-se de negócios, matéria de política externa, da esfera exclusiva do primeiro-ministro. A menos que tenha ido em representação do Governo.

O PP e a Igreja

Espanha – A mesquita de Córdova, valioso património artístico, cultural e turístico, foi considerado, pelo Estado espanhol, bem religioso, e, sendo o templo uma mesquita, foi entregue à Igreja… católica, passando a património da respetiva diocese. 

A boçalidade fascistoide e a marginalidade cívica

Ter sido juiz do Tribunal Constitucional é a única “nódoa no currículo”  (Teresa Leal Coelho, vice-presidente do PSD, nos elogios ao colega de partido)

A ciência e a fé

Há pontos de acordo entre a ciência e a fé, particularmente entre a medicina e as religiões. Coincidem quanto aos benefícios do exercício físico, diferindo na posologia, moderada para os clínicos e sacrificial para os clérigos. Os primeiros chamam-lhe caminhadas; os últimos, peregrinações.

BASTA ! E DEIXEM-ME EM PAZ !

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Esta manhã estava eu, como de costume, a trabalhar no meu escritório na rua Ferreira Borges, Coimbra, quando os meus tímpanos começaram a ser agredidos por uns ruídos irritantes provindos da Portagem. Como tais ruídos começassem a tornar-se insuportáveis, vim à varanda e imaginem o que vi: umas escassas dezenas de gatos-pingados agitando ignotas bandeiras e berrando que nem possessos qualquer coisa como "Aliança Portugal". Como o bando fosse capitaneado por Rangel, Nuno Melo e outros cujos nomes não conheço, logo desconfiei tratar-se de propaganda eleitoral daquela sinistra coligação. Logo resolvi recebê-los condignamente e fui rapidamente buscar uma targeta a dizer "BASTA" que conservava para o que desse e viesse e que, segurando-a a mãos ambas, lhes exibi da varanda para lhes mostrar o meu "apreço". À cautela, não venham eles ou outros que tais reincidir na facécia apanhando-me ausente do escritório, resolvi deixar a tarjeta colada na varanda. Tenh

Fátima, terra de fé – 13 de maio

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Nascida para lutar contra a República e transformada em arma de arremesso contra o comunismo, Fátima mantém-se como símbolo da crendice popular e caixa de esmolas que sustenta a máquina eclesiástica. Os ateus são sensíveis ao sofrimento, às aflições, ao desespero e dramas das pessoas que exoneram da sua conduta a razão. Já não têm tanta benevolência para quem convence os crentes do gozo divino com as chagas nos joelhos e as maratonas pias ou com as ofertas de objetos de ouro que atravessaram gerações na mesma família para acabarem no cofre forte da agiotagem clerical. As cambalhotas solares, as digressões campestres da Virgem e a aterragem do anjo no anjódromo de Fátima não foram originais e exclusivas da Cova da Iria. Foram tentadas em outras latitudes e repetidos em versões diversas até atingirem a velocidade de cruzeiro da devoção popular e o pico da fama que tornou rentável a exploração. Em 2008, o cardeal Saraiva Martins, um clérigo atrofiado por longos anos de Vaticano, d

Uma viagem da China

Não entendo a utilidade, no luzidio séquito do PR à China, da presença da inevitável prótese, também conhecida por primeira dama. Quando o DN disse que Cavaco levou à China 1/5 do PIB português, não se percebe se foi incluída na fração. Os serviços da PR propalaram que esta foi a mais importante viagem de Cavaco Silva nos seus dois mandatos, não se sabendo sob que ponto de vista e em proveito de quem. A excursão parecia uma romagem de saudade às empresas que foram nossas e espera-se que não seja um ato de vassalagem aos novos donos.

O Pecado de Fátima

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Anda a paróquia em grande agitação…

Lavra a euforia na paróquia, depois de, em três anos, termos regredido mais de dez, no que se refere a direitos sociais, segurança no emprego e bem-estar, com o SNS em risco, a segurança Social em rutura e o ensino entregue a uma comissão liquidatária que o vai entregando a privados. O PR, assumindo-se porta-voz de um Governo que só ele admira e cauciona, sabe-se lá por que razões, provocou a oposição com a saída da troika, onde só entreveem ‘limpeza’ os sequazes do Governo. Pareceu repetir no Faceboock aquele discurso inenarrável de vingança e ressentimento na vitória do segundo mandato que o silêncio do primeiro lhe permitiu. As vuvuzelas do Governo dizem que salvaram Portugal da bancarrota e que restauraram a credibilidade nos mercados. Ainda nos hão de explicar como é possível, com a dívida aumentada em cerca de 50%, em três anos, cantar vitória, já que a alegria dos agiotas se compreende com os compromissos assumidos durante décadas, a destruição da classe média e o empobrecim

A inflação das relíquias e a sua cotação (Crónica)

A bolsa de valores pios sofreu, ao longo do tempo, uma lenta erosão, no que diz respeito às relíquias, que orgulhavam os donos e protegiam os domicílios onde jaziam. Outrora, a exaltação das relíquias deu origem a um próspero negócio e à criação de uma indústria de contrafações cujos produtos rivalizavam com os verdadeiros, a obter graças e a obrar milagres. Assim se distribuíram por paróquias uma dúzia de braços de S. Filipe, só ultrapassado por Santo André a quem arranjaram 17 para gáudio e devoção de crentes de um número igual de paróquias. Às vezes eram bizarras as relíquias e não menos inspiradoras de piedade, como sucedeu com o rabo do burro que carregou a Virgem Maria, com a pena de uma asa do arcanjo Gabriel ou com as línguas do Menino Jesus. Mas era a piedade, a imensa piedade, e a raridade de peças genuínas no mercado da fé, que levou Santa Juliana a ter 40 cabeças dispersas, para piedosa contemplação dos crentes. Nem vale a pena falar do Santo Prepúcio, relíquia como

O Paraíso não é barato

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Os meandros de uma saída 'limpa' para uma entrada 'suja'...

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Não terá sido só um resgate com desfecho "limpo". Foi uma verdadeira 'barrela'...

Anda a paróquia em grande agitação…

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Lavra a euforia na paróquia, depois de, em três anos, termos regredido mais de dez, no que se refere a direitos sociais, segurança no emprego e bem-estar, com o SNS em risco, a segurança Social em rutura e o ensino entregue a uma comissão liquidatária que o vai entregando a privados. O PR, assumindo-se porta-voz de um Governo que só ele admira e cauciona, sabe-se lá por que razões, provocou a oposição com a saída da troika, onde só entreveem ‘limpeza’ os sequazes do Governo. Pareceu repetir no Faceboock aquele discurso inenarrável de vingança e ressentimento na vitória do segundo mandato que o silêncio do primeiro lhe permitiu. As vuvuzelas do Governo dizem que salvaram Portugal da bancarrota e que restauraram a credibilidade nos mercados. Ainda nos hão de explicar como é possível, com a dívida  aumentada em cerca de 50%, em três anos, cantar vitória, já que a alegria dos agiotas se compreende com os compromissos assumidos durante décadas, a destruição da classe média e o empobre

Eu também não

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Provocação partidária no ‘Faceboock’:

«O que mais me vem à memória no dia de hoje são as afirmações perentórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros, ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate. O que dizem agora»? (Cavaco Silva, na falta de Marco António, no dia da alegada saída «limpa» da troika, na sua página de FB).

China, Cavaco e a ‘veniaga’…

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O anúncio da visita de Cavaco Silva à China link , acompanhado de uma vasta comitiva (cuja dimensão causa espanto), traz à memória a embaixada que D. João V, em 1725, enviou ao imperador chinês Yongzheng e que visava, em primeiro lugar, sublinhar a presença portuguesa no Oriente e salvaguardar os nossos interesses estratégicos em Macau. Paralelamente, o rei português pretendia defender o Padroado do Oriente em consonância com a missionação que os jesuítas desenvolviam nessas paragens.  Hoje, desfeita toda a nossa saga oriental e declinada toda a influência cultural do 'orientalismo' a motivação é outra: ' externalização ' da economia portuguesa face à globalização. Na verdade, a missão de D. João V não é a primeira embaixada portuguesa enviada ao Império do Meio. Tal incumbência coube a Tomé Pires, em 1517, como enviado do rei D. Manuel e, como sabemos, traduziu-se num tremendo fracasso, visto os portugueses terem ignorado os contornos da milenar cultura orie

A fé custa dinheiro

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         Bancos e petrolíferas patrocinaram a cerimóni 500 Bancos e petrolíferas patrocinaram a cerimónia de canonização de João Paulo II © REUTERS O Vaticano também aproveita o apoio financeiro de corporações quando se celebram eventos como o da canonização de papas. A cerimónia do passado domingo foi patrocinada por multinacionais, petrolíferas e bancos.