Um País à espera de nada, ou de outra coisa…!

O País tomou conhecimento do fim de mais um ‘exame regular’. A troika deu como positiva a mais recente avaliação do programa de resgate em curso. Tudo está (estaria) em ordem excepto a possibilidade de algumas medidas de consolidação orçamental serem ‘chumbadas’ pelo Tribunal Constitucional. O que no entender dos senhores do FMI, BCE e da Comissão Europeia poderá vir comprometer “crescimento, o emprego e o regresso aos mercados”… link

Trata-se de uma grosseira ‘operação de branqueamento’ das consequências de uma política de austeridade desmedida e destruidora do tecido empresarial e social nacional imposta pela troika e cujo reflexo mais visível não poderá ser acantonado nos ténues sinais de abrandamento do ritmo da recessão (em contraponto com uma mirífica retoma permanentemente exibida) mas antes nas taxas de desemprego que, em termos homólogos, não têm registado qualquer tipo de evolução positiva.

A troika utilizou a recente vinda a Portugal para tentar contornar as últimas declarações da Directora-Geral do FMI tentando atirar para cima do TC o ónus da situação criada pelo recente reconhecimento de Christine Lagarde “que a instituição errou na hora de calcular esses efeitos no desemprego e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” link. Para sustentar tal perversão da racionalidade os avaliadores contam – como foi possível verificar na conferência de imprensa - com o envergonhado agrement do Governo português link.

Aliás, a vergonhosa rendição (cumplicidade) do Governo português à continuação do brutal programa de empobrecimento do País que ultimamente tem sido sustentada pela rábula do ‘fim do protectorado’ - uma especulação da autoria de Paulo Portas e adoptada pelo Governo - viria a ser taxativamente desmontada (contraditada) pelas declarações do presidente do BCE, Mario Draghi, no Parlamento Europeu quando, em resposta a uma pergunta do deputado Diogo Feio (do CDS), disse: “no que diz respeito ao período de transição, haverá um programa adaptado à situação nesse período e teremos de ver que forma esse programa terálink .

Ficamos, portanto, a saber que está na calha um “programa de transição” (facto permanente desmentido pelo Governo), o que ofusca totalmente a teoria do ‘fim do protectorado’ , uma arma exibida pelo Governo para tentar concluir a ferro e fogo – apelando ao consenso nacional – esta ‘primeira fase’ de um trágico ajustamento cujo fim não é previsível.
Todo este enredo tem uma peculiar particularidade. Torna indesmentível o estrondoso falhanço do programa de ajustamento. Não se trata de uma questão de ‘calibragem’ como o primeiro-ministro em entrevista recente tentou imputar os resultados deste bailout link.

Quando o primeiro-ministro há quase 3 anos tomou posse afirmou peremptoriamente que não podia falhar link. Na realidade falhou e estrondosamente. Findo este ciclo de sacrifícios, na putativa data de libertação em Junho de 2014, estaremos, mais uma vez, à beira de um outro programa (agora chamado de ‘transição’). Provavelmente segundo uma reformulada bitola para conseguir nova ‘calibração’. Isto é, um ‘novo programa’ adaptado a um País terrivelmente empobrecido, mais endividado, sem equilíbrios orçamentais, com o tecido empresarial destruído, desigual e socialmente injusto, em resumo, sem futuro.

Perante os destroços deste incontestável falhanço resta tirar as devidas consequências. Os portugueses não esperam deste Governo – e desta maioria – mais nada ou outra coisa.

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