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A mostrar mensagens de novembro, 2013

Viatura saudita para mulheres

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Vaticano – uma equação com várias incógnitas

O Papa Francisco, à semelhança dos antecessores, é um fervoroso adepto do diálogo inter-religioso e apelou no dia 28 de novembro, no Vaticano, ao diálogo, para superar o “medo” recíproco e evitar em conjunto a “tragédia dos pensamentos únicos ”. Condenando a ideia de que a convivência só é possível escondendo a própria pertença religiosa – pensamento que considera apanágio de sociedades secularizadas –, o Papa insurge-se contra a possibilidade de a religião ser remetida para a esfera privada, sem a ostentação da iconografia com que todas procuram ocupar o espaço público. Não cuido de fazer juízos de valor sobre a intenção do Papa e, muito menos, sobre a sua bondade. O que é paradoxal é conciliar o diálogo e o proselitismo, as reuniões de várias religiões e a sua atuação prática nos templos e organismos que tutelam. O Papa não pode esquecer o «diálogo inter-religioso» estabelecido pelos jesuítas na sua América do Sul, onde a fé foi imposta com inaudita violência e à custa d

China e Japão – duas potências à beira de um conflito mundial?

Com um passado beligerante, o país mais populoso (1.350 milhões de habitantes) está em arriscada confrontação com outra grande potência económica do Pacífico, isto é, a segunda economia mundial e a terceira, em PIB nominal, encontram-se em disputa. A China resolveu incluir oito ilhas desabitadas, que reivindica ao Japão, numa zona de controlo aéreo que unilateralmente estabeleceu. As referidas ilhas estão incluídas num acordo de defesa mútua entre o Japão e os EUA, pelo que o conflito, já gravíssimo, não se limita a um diferendo entre Pequim e Tóquio. Washington enviou bombardeiros B-52 para sobrevoar a zona que a China utilizou para exibir a sua hegemonia regional. Ouvem-se já os ruídos de aviões supersónicos e os fragores da diplomacia, mas não se sabe quando a rota dos aviões e as conversações diplomáticas serão interrompidas. O gigante asiático que, além do Japão, tem diferendos com a Coreia do Sul, Malásia, Vietname e Brunei, sem abdicar da soberania que lhe fugiu na guerra

O OE-2014 e os portugueses

O Orçamento de Estado aquece os ânimos partidários e serve de pretexto para ataques ao Tribunal Constitucional. Os governantes exoneraram o pudor do seu comportamento e a dignidade dos hábitos, enquanto instituições europeias, a rogo, fazem coro com eles. Não basta a pobreza, que se agrava, cresce a falta de vergonha, que campeia à solta. Enquanto o processo dos submarinos mergulha na prescrição, reúne-se um coletivo de juízes para julgar um larápio adolescente que roubou três pizas. Centenas de milhares de desempregados vão esquecendo o passado sem verem qualquer futuro. A fome, a fome violenta, que debilita o corpo e enfraquece a dignidade, já bateu à porta de milhares de portugueses. E os mais ricos, entre os ricos, estão cada vez mais ricos, num processo obsceno de transferência de riqueza a partir dos mais pobres. O frio está aí, a fazer tiritar corpos sofridos e a lembrar a quem quer calor, que o pague. Aliás, quem quer saúde, educação ou assistência, deve pagá-las. Na bo
A Aula Magna, Mário Soares e a comunicação social A reunião da Aula Magna foi, pela quantidade, qualidade e diversidade de pessoas que congregou, o principal acontecimento da contestação intelectual ao Governo que o PR insiste em manter. Não bastou a demissão irrevogável do ambicioso e inconstante ministro Paulo Portas e a sua ausência e a de todo o elenco dos seus vassalos, para Cavaco, num ato pífio, investir a ministra das Finanças num Governo que, nesse momento, já não existia. O Governo que, ao contrário de Roma, pagou a Paulo Portas com a vice-presidência e a liderança das pastas económicas; que viola a Constituição por índole e desafia os juízes do Tribunal Constitucional por hábito; que é mau por inépcia e péssimo por ideologia, é apoiado pelo PR por razões que a razão desconhece. Na Aula Magna ouviram-se vozes respeitáveis e respeitadas donde saíram ruídos que as vuvuzelas do Governo puseram a vibrar para abafar as verdades e evidências pungentes ali postas a nu. Não

Sobre a liberdade religiosa e a liberdade individual

«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista» Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907). «O Estado nada tem com o que cada um pensa acerca da religião. O Estado não pode ofender a liberdade de cada qual, violentando-o a pensar desta ou daquela maneira em matéria religiosa». Afonso Costa, in «A Igreja e a Questão Social» (1895) - R & L Sampaio Bruno e Afonso Costa exprimiram, muito antes de eu ter nascido, o que ora penso. Ontem fui confrontado com esta notícia: «Angola é o primeiro país do mundo a banir o Islão», notícia repetida em numerosos meios de infirmação, cuja divulgação deu origem aos mais desvairados comentários. Em primeiro lugar não vi uma única reflexão sobre o título, tantas vezes repetido, que, ao afirmar que «Angola é o primeiro país…» deixa implícito o desejo de que outros se sigam

A 1.ª Cruzada - 27 de novembro de 1095

Há cinco versões diferentes, cada uma de acordo com a recetividade dos povos a quem era dirigido, do discurso que Urbano II entregou no Concílio de Clermont-Ferrand, mas, como sempre acontece em coisas religiosas, não há nenhuma garantidamente fidedigna. Certo é o apelo feito aos cristãos, convocados  em nome de Deus, e o perdão garantido dos pecados a todos os que “morressem, em terra ou no mar”, na guerra contra os infiéis muçulmanos, a fim de reconquistar Jerusalém. Urbano II lambia ainda as feridas do Grande Cisma do Oriente e disputava a hegemonia com Henrique IV (Sacro Imperador Romano (1056-1106) sobre o diferendo que opunha o Papa ao Imperador, em que o primeiro pretendia nomear os Imperadores, em nome de Deus, e o segundo, em nome do Império, queria nomear o clero. Além disso, Urbano II tinha ainda a competição do antipapa de Roma. A Igreja, débil, assistia a lutas internas, violações, roubos, pilhagens, matanças e casos de corrupção nos quais o clero estava envolvido, c

A notícia

Um número crescente de gregos tem-se injetado com o vírus do HIV para poder reivindicar cerca de 700 euros em benefícios de saúde mensais , de acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Papa, o catolicismo e o Cristo-Rei

Com a celebração da solenidade de Cristo Rei, neste Domingo 24 de novembro, o Papa [Francisco] fez a conclusão do Ano da Fé, uma «iniciativa providencial» de Bento XVI , apresentando Jesus Cristo como o “centro da história da humanidade e de cada homem”. Não se vê no evento promocional de uma religião onde possa entrar a Providência, nem como um judeu, nascido há 2 mil anos, possa ter emigrado para o «centro da história da humanidade» ou para o centro de «cada homem», sabendo-se que apenas cerca de 20%, na mais favorável das hipóteses, é cristã e a Humanidade já leva milhões de anos. Concluído o Ano da Fé, talvez venha o Ano da Razão. Entre o defeito de acreditar sem provas e a virtude de duvidar, por método, é preferível a segunda hipótese. É natural que quem não exige provas para acreditar também as dispense para duvidar. O que espanta na ICAR é o paradigma monárquico, que permanece após o descrédito da realeza, depois de os princípios do Iluminismo terem contrariado os

Três editais para dois pares de cuecas

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24 de novembro

1632 – Nasce, em Amsterdão, o filósofo Bento Espinosa, judeu de origem portuguesa. A Inquisição tornou aconselhável a emigração dos seus ascendentes. 1859 – É publicada ‘A Origem das Espécies’, de Charles Darwin. 1973 – Reunião do Movimento dos Capitães na Parede. Às reivindicações militares juntaram-se, pela primeira vez, dois novos objetivos: o derrube do regime e a realização de eleições livres. 1998 – A Coroa britânica põe fim aos direitos hereditários de participação na Câmara dos Lordes de 759 membros da aristocracia. Fonte: DN

O Papa, a sociedade e os sacramentos

O Papa Francisco, por mérito ou marketing pio, teve a comunicação social do costume a desenhar-lhe o perfil, a afeiçoar-lhe o currículo e a mostrar o rosto humano, que até um papa pode ter. Só o Prof. César das Neves não entrou em êxtase devoto, como soía com os anteriores. Mostrou-se o PDG do Vaticano inquieto com a descrença que alastra na Europa, com a sucessiva secularização e a gradual entrada no mercado da fé, tantos séculos fechado à concorrência, de outras crenças e de métodos mais radicais de promoção. Não basta o sectarismo demente do Islão, a exigir 5 orações diárias e a proibir micções  viradas para Meca, aparecem evangélicos, adventistas, meninos de Deus e uma imensa legião de funcionários ao serviço de novas crenças e métodos, para salvação das almas. É neste frenesim competitivo que o Papa Francisco, com um olho no burro do presépio e outro nos crentes, vai perscrutando o que pensam os católicos das uniões de facto, da pílula, do preservativo, do divórcio e dos cas

Os pequenos pecados não levam ao Inferno mas não conduzem ao Paraíso.

Insistirei no respeito que me merece o antigo PR, Ramalho Eanes. Continuo a ver nele o cidadão honrado e um homem de carácter. Aprecio-lhe o despojamento, raro nos atuais governantes, e uma coerência que nem os apoios à eleição de Cavaco Silva e ao candidato do PS à Câmara de Cascais, João Cordeiro, beliscaram. Porque o aprecio, sou mais exigente. Lamento que Ramalho Eanes, em 12 de novembro, tivesse afirmado que discordava da data (25 de novembro) agendada para a homenagem que lhe era destinada; que na última quarta-feira tenha dito ao Expresso que não estaria presente na homenagem; que agora resolva comparecer para “não ser deselegante com as pessoas que estão envolvidas na preparação deste evento». Eanes sabe que empresta o seu nome honrado ao aproveitamento de muitos que o não são e que aliena uma parte dos que o admiram. Sabe que divide o campo democrático e os militares de Abril. Resolveu pedalar a bicicleta da mulher e apertar o cilício do Opus Dei. Bom fim de semana, gene

O MAI, as polícias e o desastre iminente…

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A semana encerra com este Governo a acumular desastres sobre desastres. Desde a ‘convergente’ sessão da Aula Magna link à recente notícia do envio da ‘convergência’ das pensões para fiscalização preventiva do TC link , tudo está a conjugar-se e a acontecer. Mas, importante - porque não é possível circunscrever a um acto ‘acidental’ – foi a manifestação das forças de segurança frente à Assembleia da República. A saga de prosseguir por via orçamental uma política de feroz austeridade com que o presente Governo tem fustigado (‘castigado’) os portugueses atingiu – como se pode observar na manifestação das forças de segurança – áreas sensíveis das funções de soberania e segurança do Estado. Tentar minimizar os acontecimentos não passa da ruinosa ‘política de avestruz’. Já não é possível escamotear o que está a acontecer. A transferência de capitais do bolso dos cidadãos (das famílias) para instituições financeiras, escondidas sob o manto diáfono de ‘mercados’, tornou-se demasiad

O Governo, a crise e o desespero

Sabe-se que a crise financeira internacional, não sendo a única causa, foi o detonador de crises europeias onde as economias mais frágeis, Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre, são as maiores vítimas. Foi em situação de particular vulnerabilidade que a direita mais reacionária, aquela que se julga dona do poder, por direito divino, depois de obter o poder dentro do PSD, partiu ao assalto do Governo. Por facciosismo partidário ou por razões que talvez um dia conheçamos, o PR preparou o regresso dessa direita, do tea party português, ficando mútua e reciprocamente reféns. Não se percebe como é possível ampliar a dívida ao ritmo da esbulho dos portugueses, com a economia destroçada, o desemprego a atingir números sem precedentes, a fome a minar o tecido social, o desespero a impregnar várias camadas e a esperança a ausentar-se  do horizonte. Na caminhada lúgubre da vingança contra o Estado social fica o cadáver de um país que os atuais governantes usaram como laboratório e se prepar

22 de novembro – o melhor e o pior

1890 – Nasce Charles de Gaulle, militar e estadista francês, herói da Resistência e PR; 1990 – A primeira-ministra Margaret Thatcher demite-se da liderança do Partido Conservador e da chefia do Governo, depois de 17 anos no poder; 1999 – O PM António Guterres apresenta o emprego como prioridade absoluta da presidência portuguesa da União Europeia, que começa a 1 de janeiro. *** 1963 – O presidente norte-americano, John F. Kennedy é assassinado em Dallas; 1975 – Juan Carlos de Bourbon é proclamado rei de Espanha, por vontade do genocida Francisco Franco; 2004 – Inicia funções a Comissão Europeia presidida por José Manuel Durão Barroso.

O bispo e a obediência da mulher

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D. Francisco Javier Martinez, arcebispo de Granada, na foto, defende que a mulher deve praticar felações ao marido sempre que ele lho ordene – lê-se em Diario Popular,  El Mundo, terça-feira, 13 de novembro . «Não é uma perversidade», diz o prelado no livro «Casa-te e sê submissa» [tradução literal]. «O sexo matrimonial também é obra do Senhor e, por isso, sempre se regeu pelas leis da Igreja». O livro, que pretende ser uma orientação pia para mulheres casadas, acrescenta muitos outros conselhos preciosos: "Deus colocou-te ao lado do teu marido, esse santo que te suporta apesar de tudo. Obedece-lhe e submete-te com confiança" Apostila: A verdade já é suficientemente grave para que não sejam necessárias referências jocosas de duvidosa proveniência.

Eanes e a ausência da homenagem que lhe destinam

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Ramalho Eanes é um homem sério e um democrata, o que, nos tempos que correm, já é suficiente. Mais do que isso, pautou o seu comportamento por critérios de isenção que o tornam credor do respeito e admiração dos portugueses. É um homem de carácter e um patriota. Era genro de Neto Portugal, diretor da Fiscalização e Investigação da Inspeção-Geral das Atividades Económicas, onde sucedeu ao major Silva Pais que, por sua vez, tinha sucedido ao capitão Agostinho Lourenço, que transitaram para diretores-gerais da Pide, mas não vacilou em subscrever o manifesto contra o Congresso dos Combatentes do Ultramar, uma iniciativa fascista onde um mutilado de guerra, major Pamplona, e a fina flor da ditadura arriscaram a derradeira propaganda à guerra colonial.   Eanes honrou-se ao lado de Carlos Fabião, Firmino Miguel e Dias Lima, denunciando a manobra fascista e combatendo-a, a partir da Guiné. Era, pois, um democrata, antes do 25 de Abril. É ocioso referir a influência que a exaltação polí

Se trocassem de funções perdia o humor mas ganhava o País

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Nuno Crato ou erro crasso?

Quando se põe em xeque o ensino público para passar um cheque ao privado, põe-se em causa a democracia, rompe-se com o passado e hipoteca-se o futuro. Este ministro, que gozava da fama de intelectual, não passa de um serventuário do mais reacionário liberalismo. Um catedrático que acrescenta ao seu currículo, ter sido ministro de Passos Coelho, não é um intelectual, é um  saprófita do poder, sem pundonor nem brilho, um homem capaz de tudo, para se envergonhar quando cair em si.

João César das Neves (JCN) e o Faceboock

A sanha contra JCN já levou à criação de uma página do FB «Correr com o César das Neves do DN, TV, Rádio e U.C. (Universidade católica)». Só falta pedir a exclusão do devoto, do próprio FB, do Banco de Portugal e da missa. A vocação censória iguala a do bem-aventurado e o senso aproxima-se do dele. JCN diz muitas tolices? – claro que diz, e grandes, mas não fica sob a alçada do Código Penal. Acha que o ordenado mínimo deve ser reduzido e que os pensionistas são ricos? – De facto, ele pensa isso e revela a formação da madraça onde é aiatola, mas não sendo um pensamento digno, não é crime. JCN gostaria que a sharia romana fosse a legislação que substituísse o direito de família, sem divórcio, com cadeias abertas para a IVG e a lapidação para mulheres adúlteras?  – É de crer que sim, mas há outros que pensam o mesmo e andam à solta. JCN gostaria de confiar a saúde, o ensino, os Tribunais, a assistência e as polícias aos Irmãos Católicos e transformar  o Estado num departamento da C

NOTÍCIAS DO BLOQUEIO: AS PANTUFAS DOS TORCIONÁRIOS

NOTÍCIAS DO BLOQUEIO: AS PANTUFAS DOS TORCIONÁRIOS : A memória, sempre a memória, e a dignidade que é o dever de lutar por ela. Um combate decisivo, contra o esquecimento e o silêncio. Não ap... A democracia exige democratas e... memória. Obrigado, Fernando Paulouro.

Venezuela – presente e futuro

Hugo Chàvez era demagogo e populista mas ninguém pode negar o seu imenso amor ao povo que o elegeu em eleições limpas e esmagadoras. Era líder, ao estilo sul-americano, com idiossincrasias que arrepiam os europeus, um grande comunicador e estratega de um modelo de democracia socialista amplamente sufragado e capaz de enfrentar os inimigos internos e externos. O seu desaparecimento deu lugar a Nicolás Maduro, um líder que lhe herdou todos os defeitos e não logrou guardar alguma das suas virtudes. A criação do “vice ministério para a Suprema Felicidade Social”, embora com objetivos distintos, lembra o “Ministério de Fomento à Virtude e de Prevenção do Vício” com que os talibãs no Afeganistão imprimiram o cunho islâmico à política. Maduro, o tosco herdeiro de Hugo Chávez, para antecipar o ambiente de festa e tirar o país da tristeza, decretou que o Natal fosse em novembro, julgando que a grave crise socioeconómica do País se resolveria com o Natal, quando o presidente quisess

Óbvio ululante

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El País 

19 de novembro – efemérides

1991 – Barros Moura, Raimundo Narciso e Mário Lino são expulsos do PCP por «atividades fracionárias» e o sindicalista José Luís Judas demite-se do partido. 1996 – O presidente cubano Fidel Castro visita João Paulo II no Vaticano.

O Papa Francisco e o marketing do Vaticano

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Anda por aí, repassada (como se diz em mau português), isto é, divulgada até à náusea a informação de que o atual Papa afronta a Cúria e arrisca a vida. Vive fora dos aposentos pontifícios, beija pés improváveis e ameaça obrigar o I.O.R. a reger-se pelas normas internacionais de transparência, depois de o Vaticano ter sido colocado na lista negra dos centros bancários de lavagem de dinheiro, pelos EUA. As eventuais relações com a máfia e o paraíso fiscal não podem manter-se, sem arriscar a credibilidade do  Paraíso. Este Papa, Francisco, foi uma inevitabilidade, para romper de forma controlada com os escândalos sucessivos, desde o encobrimento da pedofilia à cumplicidade na falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, que financiou o sindicato polaco Solidariedade e a luta contra o comunismo. Não tenho qualquer informação que não seja veiculada pela comunicação social e outra, mais suspeita, que circula pelos esgotos da NET, a céu aberto, encaminhada por pessoas de várias tendências

Como se assalta o poder

Quando um indivíduo sem escrúpulos concede uma entrevista à Visão, um tal Fernando Moreira de Sá, denunciando a forma torpe como o seu  grupo combatia o PM de então e os adversários internos do PSD, era natural que um deles chegasse ao poder. Não me admira que o atual ministro da Defesa fosse apenas um instrumento menor da luta interna para produzir o mais inepto dos Governos desta segunda República. O que me surpreende é o silêncio dos cúmplices, com as orelhas metidas na gamela do Orçamento, e a indiferença da comunicação social perante o crime onde os perfis falsos do Faceboock se misturavam com bandos de malfeitores, caluniadores e mentirosos, de mãos dadas com «jornalistas» avençados, para parasitarem fóruns e atuarem de forma concertada num assalto antidemocrático ao poder. Percebe-se agora a presença imprescindível de Passos Coelho no reincidente casamento de Relvas, o ideólogo da campanha negra que fez do medíocre empregado de Ângelo Correia o primeiro-ministro de Portuga

18 de novembro – o pior

1929 – Manuel Gonçalves Cerejeira foi designado cardeal-patriarca de Lisboa e foi, na longa carreira cardinalícia, um aliado do ditador fascista, António de Oliveira Salazar. 1936 – A Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini reconheceram o Governo fascista de Espanha, do ditador Francisco Franco.

Momento zen de segunda_18_11-2013

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Mal refeito das 4 páginas da entrevista de João César das Neves (JCN), com a digestão ainda por fazer, cai-me no regaço, desprendendo-se da NET, a homilia da segunda-feira, subordinada ao tema « Ano da Fé ». A homilia começa por esta exultação pia: «Não há felicidade maior do que saber que Deus, o Deus supremo, sublime, transcendente, que fez o céu e a terra, se entregou à morte para me salvar. A mim pessoalmente». JCN não calcula os inimigos que, com tal denúncia, arranja para o Deus dele. Confessa, a seguir, que «Ele está dependurado por minha causa» o que, em boa verdade, muitos, que não conhecem Deus mas conhecem JCN, hão de considerar que é bem feito. Num gesto de narcisismo e de autocrítica, JCN lembra aos incréus que «Nas paredes das salas, nas frontarias das igrejas, nos quadros dos museus, até no meu peito, em todo o lado a imagem da cruz lembra que Aquele ali, coberto de sangue, foi condenado à morte por minha causa». Sempre achei que, num país laico, a pro

Momento de Poesia

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Os pés de Dante Ao meu sobrinho João (*) As estrelas cantaram quando os homens as inventaram pelo olho de telescópios dourados pousados nos telhados. Cantaram e dançaram contra as nuvens da noite que rasgaram com a sua luz cósmica. E o mais pequeno átomo daquela poeira incandescente ficou na tua mão, acabada de se desprender do céu, onde seguravas todas as luas dos planetas. Subiste todas as escadas das várias equações que para ti eram ainda poemas de Dante quando ele saltitou pelas brasas do inferno, como se andasse a pisar uvas. E aquele átomo iluminou-te por dentro e abriu todos os livros dos Sábios ao teu encantamento e tu, por um momento, pensaste que tinhas chegado ao firmamento das galáxias e começaste a contar as estrelas, uma a uma como se fossem grãos de areia de um deserto. E as tuas mãos saltavam como os pés de Dante… Alexandre de Castro Lisboa, Outubro de 2013 (*) No seu Doutoramento

João César das Neves (JCN) – o ungido do Senhor

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João César das Neves está para o bom senso como Cicciolina, ex-deputada italiana, para a castidade. O facto de ser defensor do liberalismo, nem sequer dos mais extremistas, é apenas um dado que pouco acrescenta ao perfil do mais devoto dos economistas. O que faz correr o DN atrás da entrevista de quatro páginas completas ao ex-assessor do ex-PM Cavaco Silva (1991/95), catedrático da U. Católica, 56 anos, e técnico do Banco de Portugal, na sua edição deste domingo? JCN afirma que, ao contrário de muitos, vê, sem problemas e de forma positiva, o atual fluxo de emigração, ele próprio tem dois filhos no estrangeiro, e conclui que «A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir», e afirma que aumentar o salário mínimo «é estragar a vida aos pobres». Depois de ter sido crítico para os Governos de Guterres, Barroso e Sócrates, sem referir a passagem efémera de Santana, esta boa alma, que os anjos esperam em ânsias, acabou a entrevista a manifestar receios de que, depoi

Para memória futura

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Os factos A FRASE

Uma insuportável deriva…

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O primeiro-ministro português navega à vista. Só que a espuma das suas contradições o faz perder a bordadura costeira e a cegueira política a linha do horizonte. Comanda um elenco de ‘ perdição nacional ’. Em Setembro passado – durante a campanha eleitoral para as autarquias – ameaçou os portugueses com um 2º. resgate link . Depois da derrota eleitoral pretendeu 'mobilizar' o País para a conclusão do Programa de Assistência Económica e Financeira  facto que no seu entender nos poderia poupar ao tal novo resgate e de uma assentada esconder o falhanço das medidas da 'resgate', perante as quais o actual Governo se ‘ajoelhou’ tornando-se num abjecto cúmplice. A nuance seria – no entender deste prestimoso funcionário dos ‘ credores ’ cá dentro - cumprir cegamente o ‘ programa ’ e tentar regressar ‘ cautelarmente ’ aos mercados, em meados do próximo ano link .  Para o ' sucesso ' desse plano esperava que a Irlanda abrisse o caminho já que a incapacid

O Governo, a choldra e o maio de 68

Em maio de 1968, no alvoroço da contestação, surgiu um slogan onde a premonição e a fantasia se conjugaram: «Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina». Que melhor síntese poderia classificar a fuga de Durão Barroso, quando, incompetente para remodelar o seu governo, que se desfazia, emigrou para Bruxelas!? Os relevantes serviços prestados à divulgação das armas químicas, de Saddam Hussein, e a eficácia do catering que assegurou a Bush, Blair e Aznar, nos Açores, fizeram dele o presidente da Comissão Europeia, donde ensina aos países, nomeadamente a Portugal, como se devem comportar os seus governos e os Tribunais. Agora, enquanto uns serventuários lhe preparam o terreno para concorrer à presidência da República, em Portugal, vai nomeando extremistas liberais falhados para o órgão a que falta legitimidade democrática. O ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, depois de afirmar o seu fracasso no Governo português, vai presidir ao Grupo de Alto Nível para a Tributação da Economia Dig

Daqui não passo…

O convite ao ministro do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, para participar na leitura de textos do realizador João César Monteiro acabou por levá-lo, devido à forte contestação, a cancelar a presença. O desprezo que sinto pelo atual Governo, e pelos membros que o integram, não impede que manifeste a minha solidariedade a Poiares Maduro. A cerimónia de homenagem a César Monteiro, um irreverente e iconoclasta, ficará manchada por um ato de censura. Lamentavelmente, a carta de contestação a Poiares Maduro foi subscrita por nomes dos maiores e mais honrados intelectuais portugueses, onde avultam Manoel de Oliveira, Maria Velho da Costa, Herberto Helder e Rui Chafes, entre outros. Não discuto a ponderação do convite, repudio a manifestação de intolerância de quem sentiu na pele a repressão fascista e a vindicta salazarista e não conseguiu aproximar-se da grandeza ética de Nelson Mandela. A discordância que manifestei contra os censores da presença de José Sócrates na RTP é a

Óbvio ululante

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O ‘exemplo’ irlandês…

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Em Portugal  a maioria governamental, nestes últimos dias, tem andado em animados festejos à volta do (bom) desfecho do ‘ caso ’ irlandês. Pretendem tirar apriorísticas ilações. Não vão longe. A ‘ colagem ’ à Irlanda é abusiva. O programa ‘aplicado’ à Irlanda é substancialmente diferente do ‘caso português’ como é de um outro que se pretende esconder: o grego. Tentar – em Portugal ou na Europa – demonstrar o êxito da austeridade com o sucesso resgate irlandês é o maior embuste político de sempre. Alguns arautos das instituições europeias – co-responsáveis pelas decisões estratégicas europeias - têm-se esforçado nesta anedótica tarefa link . Até aqui os ‘ interventores ’ não mostraram a mínima dúvida, a mais leve transigência mas verificamos que o desfecho irlandês aparece, agora, como o seu ‘ quod erat demonstradum ’. A situação da Irlanda difere muito da portuguesa. Primeiro porque se tratou de uma intervenção externa especialmente orientada para

Aplausos!

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A extrema-direita, a Europa e a laicidade (2)

Por Edite Estrela  A emergência e consolidação dos partidos extremistas e anti-europeus é muito preocupante, caro Carlos. Neste momento, a Frente Nacional (França) tem três eurodeputados. O Partido da Liberdade (Holanda) tem quatro. O Partido do Povo (Dinamarca) tem um. A Liga Norte (Itália) tem sete. O UKIP (Reino Unido) tem dez. O Vlaaks Belang (Bélgica) tem um. O Jobbik (Hungria) tem três. Os Verdadeiros Finlandeses têm um. O Partido Pirata (Suécia) tem dois. Ou seja, já há pelo menos 32 deputados extremistas no Parlamento Europeu e as previsões para as eleições de 2014 apontam para um reforço dos partidos já representados e a possibilidade de outros igualmente extremistas e eurocéticos poderem eleger representantes.  Já há quem fale na possibilidade de se vir a constituir no PE um grupo do tipo Tea Party, que tem bloqueado o Congresso americano. Seria dramático. Espero que os partidos de esquerda saibam conquistar a confiança dos cidadãos e dar-lhes esperança e evitarem a c

A extrema-direita, a Europa e a laicidade

As épocas de crise são estimulantes para os extremismos e o húmus onde germinam as mais perigosas utopias e os mais vetustos pesadelos. O consórcio entre Marine de Pen e Geer Wilders não é ainda um matrimónio entre a extrema-direita francesa da Frente Nacional (FN) e a do Partido para a Liberdade (PVV) holandês, mas é uma união de facto que pode abrir a cama comum onde se deitem todos os partidos racistas, xenófobos e homofóbicos da velha Europa. Na Bulgária, Hungria e Roménia o extremismo reacionário é ainda mais boçal e implacável. Polónia, Áustria e Croácia trazem no ventre os demónios que aclamaram Hitler. A Inglaterra, a pátria da Magna Carta, alberga já o Partido para a Independência do Reino Unido, a Itália tem há muito a Liga Norte italiana, enquanto a própria Alemanha vê surgir a Alternativa para a Alemanha (AfD) e os flamengos do Vlaams Belang (VB) querem a secessão da Bélgica. A crise social, económica e financeira enfraquece o ânimo dos que defendem a Europa laica e cos

O FMI e a independência nacional

Posso compreender que me roubem a paz, que me matem a esperança, que me deixem apodrecer à míngua e morrer de inanição. Sei do que são capazes os usurários, conheço os cobradores de dívidas, os de fraque e os outros, a inclemência dos despejos a quem já perdeu o emprego e vê a família nas bichas da caridade. Já vi muitas coisa, senti revolta e indignei-me. Nunca julguei alguém, em desespero, por ter perdido a dignidade e ser capaz de tudo. Mas um Governo, gente que ainda come de faca e garfo, aceitar que um credor ameace os Tribunais, como hoje vi os funcionários do FMI que me caíram na sopa, foi mais do que o estômago consente e de que o sistema nervoso aguenta. Para que o nojo atingisse o paroxismo, faltava ouvir os cobradores a falar de «números mágicos», sem saber se o Governo tinha copiado a expressão deles ou se os ventríloquos repetiam a expressão que aprenderam do Governo.

Momento de Poesia

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Para além do Universo… Descobri num alfarrabista os decretos de Deus  sobre as leis do Universo Eu sou o zero, o ponto de partida  onde começa a longa viagem para o infinitamente grande e para o infinitamente pequeno. Depois, não há mais nada, porque o nada não existe. Ficou-me a ideia de um vazio, uma brancura infinita a cegar-me os olhos ... Nem luz havia para me despertar a mente e sentir o dia,  que não era dia, pois não havia tempo nem espaço, era apenas o caos da energia que sobrou do primeiro instante, e que por ali ficou esquecida. Alexandre de Castro Lisboa, Novembro de 2013

Quatro professores do ensino primário com Veiga Simão

Em finais de 1970 ou princípio de 1971, na sequência de uma reunião de centenas de professores do ensino primário, demitiram-se alguns membros da comissão promotora, por discordarem da minha entrada, apressadamente conotada com o PCP, e exigida pela assembleia, na sequência da intervenção que fiz. Assim, passei a integrar a comissão em que permaneceram o Vital, o Lenine e o Abílio, três colegas de que esqueci os apelidos e que ainda é possível identificar. Nessa altura passámos muitas noites a redigir as conclusões da reunião, um documento reivindicativo que o jornal República publicou na íntegra e a que, apesar da simpatia com que o acolheu, apontou justas insuficiências. Não faço ideia do texto cuja redação final assumi e que, apesar de pouco glorioso, merecia ser recuperado para memória das movimentações profissionais, em ditadura, que deram origem a movimentos sindicais. Em representação dos professores reunidos no anfiteatro de uma instituição religiosa, próxima da Avenida de

Para que a memória se não apague

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Fonte: PCP

III Congresso da Oposição Democrática, em 1973

«Entretanto, pedimos a todos os membros dos grupos «Fascismo nunca mais!» e «Amigos do NAM» que vão deixando, nestes espaços de partilha, o seu testemunho de como viveram o III Congresso da Oposição Democrática, em 1973 – se já eram jovens ou adultos nessa altura…. Sejam “posts” de apenas 3 linhas ou muito mais…(o objectivo é dar a conhecer aos jovens este momento histórico da ditadura fascista)». (Helena Pato) III Congresso da Oposição Democrática – EU NÃO ESTIVE LÁ O Congresso foi amplamente discutido nas bases da CDE, que mobilizavam muitas centenas de oposicionistas. Eu vivia na Calçada do Carriche, lote 10 – 4.º Esq.º. A minha base era a do Lumiar cujas reuniões se efetuavam, se a memória me não trai, num Centro Republicano, mesmo em frente do quartel de Administração Militar, do outro lado da Alameda das Linhas de Torres, todas as sextas-feiras, até a polícia nos ter referenciado. Depois até em casa do Cardia chegámos a reunir, atrás da Churrasqueira do Campo Grande. Os c

Momento de Poesia

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Para não te sentires nua... Ardem-me os braços e o meu corpo é um braseiro neste abraço que acordou a noite e derreteu o gelo leste o meu silêncio e tu sabias que o teu apelo trazia a liberdade para eu renegar a maldição Pediste aquilo que já te tinha dado quando quebrámos outros silêncios fractais cortando amarras e derrubando muros. … O teu corpo está limpo e és uma mulher bonita e agora estou na tua frente para não te sentires nua. Alexandre de Castro

Uma reflexão ou um estado de alma?

Temos no poder a direita mais jurássica, que acumula a incompetência com uma agenda de fazer inveja ao «tea party» americano. O Governo odeia a Constituição e o PR só se preocupa em fazer-lhe respiração assistida, enquanto a maioria, há muito extinta, lhe dá a aparência de legitimidade. Pois é neste momento, nas atuais condições, num país que se desfaz, com um povo em desespero, que a esquerda se permite o exercício masoquista de se digladiar como se o inimigo principal estivesse dentro dela. Ignorar a história dos partidos políticos atuais e a relação afetiva criada com o povo que vota, é interessante para fazer alarde de paradigmas políticos que a prática se encarregou de superar, mas a cegueira que nos amarra a modelos falhados é igual à que nos mantém reféns do redil partidário. A direita não me desilude, só me surpreende a truculência da minoria que se apoderou do poder, afastada da matriz dos partidos que a legitimam. Quem verdadeiramente me desilude é, paradoxalmente, a es

Momento zen de segunda_11_11_2013

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João César das Neves(JCN), ex-assessor do PM Cavaco Silva e raro bem-aventurado, capaz de ser canonizado em vida, começa a homilia de hoje, no DN , por um rasgado elogio ao livre de José Sócrates e uma identificação de pontos de vista sobre a tortura em democracia. Limita-se a apontar-lhe uma contradição de fundo entre o que pensa sobre a ilicitude da tortura e, pasme-se, a sua «liberalização do aborto pela Lei 16/2007 de 17 de Abril e a sua banalização pela Portaria 741-A/2007 de 21/Junho». Quando fala do aborto, JCN parece um indivíduo acossado pelo medo da retroatividade. O que o devoto JCN diz não entender é poder alguém, que defende como “imperativo categórico»  que «a vida humana é única, singular e insubstituível», defender o aborto, porque – diz o devoto –, «o paralelo é inevitável». Para JCN «a vítima do aborto não sofre apenas a dor extrema e a cruel indignidade, mas fica impedida de nascer e ver o sol, anulando-lhe na morte a mais ínfima partícula de identidade».

Um juiz que ignora a língua e gosta de protagonismo

«… nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos , as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário'». (dos jornais) Não interessa escarafunchar o passado deste cidadão que, depois de ter sido acusado por um acórdão da Relação, de ter cometido «erros grosseiros» num processo, acabou com a classificação profissional máxima. Está em causa julgar o que não lhe compete, impor o que não pode e comportar-se como não deve, acrescido de alguma ignorância e de maior prepotência para com as entidades que escrevem segundo o Acordo Ortográfico onde, como se vê pela amostra, é inculto. Dos três exemplos que exibiu, manifestou a mais cabal ignorância em dois deles e, no outro, tomou por predicado o que só podia ser sujeito. Deixando, pois o substantivo «atas» ou «actas», como tem o direito de escrever e não de impor, o zeloso guardião parece desconhecer que os fac

Álvaro Cunhal – o centenário canónico visto por um não correligionário

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Óleo de Álvaro Cunhal Álvaro Cunhal foi um dos maiores vultos intelectuais do século XX português. A sua dimensão é tal que ninguém a consegue ofuscar. Foi um príncipe renascentista cuja resistência física, psicológica e emocional fez dele o expoente máximo da luta contra a ditadura fascista. Poucos se lhe aproximaram na cultura e no ecletismo. Pintor exímio, teórico da estética, na senda de Jorge Lukács, notável poliglota, escritor que nos deixou uma das mais belas obras do neorrealismo, «Até amanhã, camaradas», Álvaro Cunhal foi ainda um ensaísta, tradutor e teórico do marxismo de gabarito internacional. A superior inteligência e a obstinada dedicação à causa que abraçou fizeram dele o líder carismático do PCP, a que dedicou a vida, um partido que se mantém o maior da Europa depois da queda da URSS e a quem, mesmo os adversários, prestam homenagem à luta heroica contra o fascismo. É o paradigma do combatente e mártir que dedicou a vida a um ideal, do resistente que sofreu t

A crise e as utopias

Os tempos vão de feição para os demagogos. Também os Irmãos Muçulmanos, quanto maior for a desgraça, mais se fortalece o seu poder, sem se tornarem recomendáveis. Os níveis obscenos de desemprego, a miséria que grassa no País, a angústia que corrói a esperança e a desilusão que desagrega a democracia, dão lugar a desvairadas propostas e aos sonhos mais utópicos. Difícil, nestes momentos, é conciliar a racionalidade com a ideologia própria, sem ceder aos radicalismos, alimentar projetos de vingança ou embarcar em utopias. Quando vejo gente de formação democrática apelar a novo 25 de Abril ou a alguém que se coloque acima dos partidos e os substitua, percorro a história da América do Sul, bem mais eloquente do que a da própria Europa. Não sonham o que nos aguardaria após um golpe militar, para o qual não há, felizmente e por enquanto, condições. Há quem pense que se renovam as condições que democratizaram os militares de Abril e que se repetiria a madrugada onde floriram cravos n