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A mostrar mensagens de outubro, 2013

NOTAS SOLTAS - OUTUBRO/2013

Governo – Foram mais eficazes os swaps a exterminar secretários de Estado do que os inseticidas a eliminar os mosquitos das praias algarvias durante o verão. A ministra das Finanças foi em busca de lã e voltou tosquiada. Ficou na dependência de Portas. SLN – Quando a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento comprou ações da SLN ao dobro do preço do seu presidente, e este conseguiu para si o mesmo preço que o PR e a filha Patrícia, não houve crime, mas é lícito pensar que não eram bonitas ações. 5 de Outubro – A eliminação do feriado identitário do regime é um atentado à memória do povo, ao respeito que o cargo de presidente exige e uma provocação que nem Salazar ousou. Ficou mais descaracterizado o País e desonrado o Governo. Eleições Autárquicas – A renúncia da AR à obrigação que lhe competia na clarificação da lei dos 3 mandatos irrevogáveis infamou o órgão mais simbólico da democracia. Não devia ter sido o TC a decidir o que os deputados não quiseram. PSD – Estão de

A Turquia, a República e a laicidade ameaçada

Ontem, dia 29 de outubro, a República comemorou 90 anos. Esse dia é, naturalmente, o feriado identitário do País que deve a Mustafa Kemal Atatürk, não apenas a República, mas o ensino primário gratuito e obrigatório e um país laico a caminho da modernidade. Sabe-se como foi difícil combater os preconceitos e como o Islão é avesso à liberdade. Não foi fácil nem meiga a luta de Atatürk contra o carácter totalitário da religião. Não obstante a violência que usou, hoje inaceitável, continua a ser visto como pai da Turquia moderna que o atual presidente, o Irmão Muçulmano disfarçado de moderado, quer ver virada para Meca. Ontem, Dia da República, feriado que nem o devoto Erdogan ousou suprimir, foi aberto o túnel ferroviário que liga as duas margens do canal que divide Istambul e separa dois continentes, a Europa e a Ásia. O túnel é um símbolo da modernidade sonhada por Ataturk que via no Islão o principal adversário de uma República moderna, secular e democrática, a ponto de ter proi

OCDS, os cães e os gatos

O CDS, na ânsia de ser notícia, lidera os temas fraturantes. Primeiro, na eleição do líder parlamentar, dividiu-se ao meio, de um lado, Ribeiro e Castro e, do outro, os restantes deputados. Agora, sabendo-se que há unanimidade quanto ao número ilimitado de apartamentos por pessoa, o CDS avançou para a lei da limitação de cães e gatos por apartamento. O pungente tema penetra como bisturi no cerne do CDS, com a fratura exposta por João de Almeida a sangrar por dentro de Assunção Cristas. Num partido dividido por cães e gatos a política dá lugar à zoologia e o Governo e o grupo parlamentar desentendem-se. Se o drama que dilacera o partido se mantiver, Paulo Portas, de guião em punho, terá de intervir, impondo a deputados e ministros do CDS rigoroso silêncio sobre o assunto, de modo a impedi-los de miar ou ladrar.

A rábula do «guião» da reforma do Estado

A reforma do Estado – assegura Passos Coelho –, porta-voz do Governo –, «está a ser feita há dois anos e meio», e não se confunde com o «guião» que Paulo Portas promete e adia sucessivamente, há vários meses. Não, não se confunde com o «guião», seja lá isso o que for. Não é um estandarte que se leve na procissão do Senhor dos Passos, é, quando muito, a bandeira adiada que esconde a desvergonha presente. Nasceu como bandeira do Governo que seria ser e acaba por ser a bandalheira do Governo que é. Marques Mendes, que ganha a vida na televisão a divulgar a informação privilegiada a que tem acesso, referiu-se ao «guião da reforma do Estado e da sua extensão». Marcelo, com palpites sobre todas as coisas, que existam ou possam vir a existir, apelidou-o de testamento político, um eufemismo para designar as últimas vontades de Paulo Portas. Sabe-se que o «guião» se pronuncia sobre Educação, Saúde e Segurança Social, o que não augura nada de bom e parece ser a oração fúnebre das áreas que

Tarrafal – o Campo da Morte Lenta (77.º aniversário)

Em 1936 abriu, com 152 presos políticos, o Campo de Concentração do Tarrafal, onde a morte era mais doce do que a vida e o Inferno da vida o Paraíso dos torturadores. Saídos de Lisboa, em 18 de outubro de 1936, foram nessa primeira leva grevistas do 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande, e alguns dos marinheiros que participaram na Revolta dos Marinheiros de 8 de setembro desse ano. E ali chegaram, no dia de hoje, há 77 anos. Outubro era mês, nesse dia 29, no ano de 1936. Salazar teve lá, no severo degredo da ilha de Santiago, Cabo Verde, o seu Auschwitz, à sua dimensão paroquial, ao seu jeito de tartufo e de fascista, algozes torturadores, ao serviço da ignóbil ditadura do facínora de Santa Comba Dão. Foram 37 os presos políticos que lá morreram, sucumbindo na «frigideira» ou privados de assistência médica, água, alimentos, e dos mais elementares direitos humanos, alvos de sevícias, desterrados em vida e na morte. Só depois do 25 de Abril puderam os seus corpos ser exumados e

As cidades são como as pessoas

As cidades são como as pessoas, com identidade própria, feições definidas, dimensões adequadas e sinais particulares. A nossa cidade, a cidade de cada um de nós, habita o imaginário que se cola à memória e nos acompanha nas ausências. É difícil viver sem ela e, pior, viver nela e assistir à erosão da sua fisionomia. É por isso que nós envelhecemos com a cor desbotada dos prédios, com as ruinas que avançam, quarteirão após quarteirão, com as pequenas casas que ruem para dar lugar a prédios de muitos andares sem vizinhos, meros desconhecidos separados por cimento armado na geometria vazia de afetos. Há nas cidades a perda de identidade progressiva que as grandes superfícies, primeiro, e a crise, depois, vieram avivar. Num dia encerra a livraria cujo livreiro conhecia o nosso nome e os gostos, no outro o restaurante do bairro onde, à chegada, o empregado gritava o nome do nosso prato favorito; antes fechara a mercearia do Agapito e, logo a seguir, apareceu fechada a retrosaria, para r

José Fontana nasceu há 172 anos

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O homem, nascido e criado num vale do sul da Suíça, que a liga hoje a Itália, que então não era ainda país, acabou em Lisboa onde, aos 13 anos, já era relojoeiro. Redator dos estatutos da Associação Fraternidade Operária, com marcada influência de Bakunine, associação que daria origem ao Partido Socialista Português, de que foi um dos fundadores, este operário e intelectual, associativista e defensor das classes trabalhadoras, foi um amigo inseparável de Antero de Quental com quem animou as Conferências do Casino. Era o sócio-gerente da Livraria Bertrand quando, aos 35 anos, vítima da tuberculose, decidiu pôr termo à vida. Viveu depressa e deixou um enorme legado cívico. Notável comunicador, propagandista do socialismo e, maçon, deixou uma marca inapagável na sociedade do seu tempo. É o seu legado que hoje recordo para reflexão dos democratas de vários matizes que o trazem no seu devocionário e o consideram património comum de várias correntes do pensamento atual.

As Forças Armadas e o seu bispo

Um Estado estrangeiro nomeia um oficial-general para as FA portuguesas que apenas têm obrigação de o sustentar . Eu sei que a Concordata, um documento saído da cobardia do Governo, com fundadas suspeitas de atraiçoar a laicidade que a Constituição impõe, é a responsável. Francisco Sá Carneiro, que viveu e morreu em concubinato com uma grande mulher, Snu Abecasis, perguntou para que era precisa uma Concordata. Ele sentiu na pele, pelo escândalo que a sua situação representava, à época, a proibição do divórcio, prepotência que a Igreja católica impunha com a força da aliança clerical-fascista do salazarismo. Foi Salgado Zenha, católico, uma referência ética da democracia e da luta contra a ditadura que ameaçou o Vaticano e legalizou o divórcio sem interferências pias. A Concordata, tratado de um Estado com a Igreja católica, é um instrumento que existe há séculos mas que Pio XII instigou com todos os Estados fascistas onde o catolicismo era a religião dominante. Não faltou a

Racismo escondido

Que raio de sorte, Maria! Maria, aquela criança loura, de olhos verdes, explorada por uma família cigana na velha indústria da mendicidade, não era filha de médicos ingleses, engenheiros dinamarqueses ou abastados comerciantes holandeses. Afinal, não era a criança raptada por uma etnia que resiste à integração. Era, de facto, a criança pobre, de outros pais, também ciganos, de outro país. Nos olhos tristes de uma criança pobre, a esmolar na Grécia, a comunicação social tinha imaginado a princesa arrancada a um trono de safiras onde corria o mel e a angústia dos  pais que trocariam o trono pela criança perdida. Encontrada a mãe, na mais profunda pobreza, a viver a miséria que a levou ao abandono da filha, à entrega ao primeiro casal que a quis, há um sentimento de frustração que não se consegue disfarçar. Podia, pelo menos, ser negra!

O regresso da velha Senhora

Do livro de Sócrates, na livraria Bulhosa em Oeiras - Não temos nem vamos ter! - Porquê! Estão a fazer censura?! - Não sei, são ordens! PUBLICADA POR JORGE CARVALHEIRA À(S) 07:23

AS FRASES (sem comentários)

CORREIO DOS AÇORES – Editorial de hoje, 1.ª página, assinado pelo seu diretor Américo Natalino Viveiros. Título – Violação dos direitos e deveres sociais 1.º § - «As medidas avulsas que o governo da República tem tomado no âmbito do sistema social, a coberto dos programas de assistência financeira, estão desmantelando progressivamente aquilo que são direitos que foram criados em Portugal por Salazar e por Marcelo Caetano e que a Constituição de 1976 consagrou». (…) Penúltimo § - «O governo de Paulo Portas não foi mandatado  pelo povo para destruir o Estado Social como o vem fazendo, com a complacência do Primeiro-Ministro e do Presidente da República».

Esquizofrenia islâmica

Na Arábia Saudita as mulheres continuam a desafiar os códigos fascistas e misóginos impostos pela demência islâmica. Na década de 1990 o Grande Mufti proibiu as mulheres de conduzirem, argumentando que era essa a vontade do Profeta. Várias mulheres, arriscando as violentas chibatadas públicas, atrevem-se a conduzir. Não sei o que mais admirar, se a intransigência esquizofrénica dos grandes e pequenos Muftis ou a capacidade de um condutor de camelos analfabeto para se pronunciar sobre o direito das mulheres a conduzirem veículos de centenas de cavalos.

A espionagem e Portugal

Compreende-se agora melhor o silêncio do PR e do Governo português perante o crime da espionagem dos EUA aos líderes europeus. Eles, desolados, nem sequer constam da lista.

António Barreto é a Zita Seabra de calças

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O que se aprende na Fundação de um merceeiro holandês. (Ter-lhe-ia evitado as ilegalidades cometidas contra a reforma agrária)

Carta sobre a descolonização a fascistas empedernidos

Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que não houve descolonizações pacíficas depois das guerras de libertação e do sangue vertido. Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que não há um único exemplo de sucesso, que não tenha apanhado pacíficos colonos no vendaval das convulsões e dos ataques, às vezes tribais e bárbaros, que deram início à luta pelo direito inalienável à autodeterminação dos povos. Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que a obstinação fascista de Salazar, e seus cúmplices, esteve na origem da tragédia anunciada e da inevitabilidade do desastre. Eu estive lá, nessa guerra absurda e criminosa, enquanto a guerrilha se estendeu a outras regiões de Moçambique. Cheguei com a guerra em Cabo Delgado e Niassa e voltei com ela estendida à Zambézia e a saber que alastraria como mancha de óleo, do Rovuma a Lourenço Marques. Vocês julgam que não me comovi com o regresso e o drama das famílias sobreviventes, com a chegada de quem tudo perd

A CDE e o recenseamento eleitoral – uma pequena história da História

Regressei a Portugal em finais de dezembro de 1969, depois de cumprida a pena maior, quatro anos e quatro dias, 26 meses de degredo incluídos, em Moçambique, no distrito do Niassa onde, além de macuas e ajauas, sobreviveram mosquitos, cantineiros, um dos dois capatazes dos Caminhos de Ferro e muitos de nós, militares à força. Estive ao serviço da ditadura, na guerra colonial, por um único crime – ser português. Tinha cumprido o Serviço Militar Obrigatório (SMO), cuja legitimidade ainda defendo, se ao serviço da Pátria e da democracia, e não na ocupação da pátria de outros. Depois da explosão de afetos na reunião de família, que me esperava em Lisboa, ainda segui para Chaves onde, segundo o jargão militar, seria desmobilizado. A raiva daquela viagem inútil crescia em cada quilómetro percorrido e era canalizada para o regime que continuava a alimentar uma guerra injusta, inútil e criminosa. A azeda troca de palavras com um major, durante a viagem, revelou-se inócua. Não havia medid

O Mundo, Portugal e a questão angolana...

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“ Todas as perturbações que pontualmente possam existir relativamente à excelência dessas relações são perturbações que devem ser tratadas com a maior das prioridades e resolvidas como são sempre resolvidas as questões que são de interesse nacional ”… Declarações do ministro Luís Marques Guedes no final do último Conselho de Ministros link . Os problemas que surgiram à volta das relações Portugal e Angola continuam a adensar-se. E as recentes declarações do ministro Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti quando afirmou: " Angola vai olhar para outros horizontes e vai pensar a sua política externa com outras prioridades. Temos outros parceiros também ou muito mais importantes " link , contrariam as inocentes ‘apostas’ de normalização anunciadas pelo Governo português sobre este candente assunto da política externa nacional. Na verdade, existe um problema de fundo nas relações ‘ especiais ’ com Angola. Esse problema (prévio segundo é possível hoje compree

A erosão dos valores e a perda de solidariedade

Quem assistiu ao 25 de Abril e participou no primeiro 1.º de maio, em Lisboa, não mais esquecerá os momentos mais sublimes da sua vida, a alegria contagiante, a euforia que transbordava e a generosidade transmitida mimeticamente pelos militares que fizeram a Revolução. Nos primeiros anos, o espírito solidário foi uma constante. Ninguém negava dinheiro para uma creche, terreno para uma escola, trabalho em obras sociais. Todos cooperavam nas campanhas de alfabetização, no recenseamento eleitoral, nas mesas de voto ou em qualquer outra tarefa cívica que urgisse. Depois, lentamente, a cidadania deu lugar ao egoísmo, a disponibilidade ao interesse, a generosidade ao cálculo videirinho. Ainda hoje sinto o orgulho com que desajeitadamente pegava na picareta para compor um caminho público ou presidia a uma mesa eleitoral que nunca abandonava, com umas sanduiches comidas nos momentos de menor afluxo e interrompidas à chegada de novos eleitores. Se houvesse remuneração, nunca teria integra

Portugal, a fé e os partidos

A longa ditadura fascista fez que a democracia se alicerçasse mais nas crenças do que na razão. Os cidadãos, perdido o medo, correram a matricular-se nos partidos e a fazer a profissão de fé no que lhes pareceu melhor, enquanto outros procuraram adivinhar o que lhe traria maiores conveniências. Os oportunistas foram os melhor sucedidos, confiscando empregos, obtendo benefícios e promoções, alcançando prestígio e poder, enquanto os heróis de Abril eram remetidos para os quarteis e tratados como insurretos. De Abril ficou, sobretudo, o exemplo generoso dos capitães e a liberdade de expressão que o desemprego e o medo de represálias vão mitigando. Hoje, nem o PR nem o PM e, muito menos, os autointitulados centristas, nutrem qualquer gratidão pela libertação da ditadura à qual se teriam acolhido com a maior tranquilidade. São poucos os que leram os programas partidários e ainda menos os que gostariam de os ver postos em prática. Assim, a pertença partidária assume aspetos de profissã

Cogitações:

- O «programa cautelar», de que falou Passos Coelho, é o pseudónimo para o segundo resgate ou o swap escondido do Orçamento de Estado. - A afirmação de Paulo Portas, de que «Os mais pobres não se manifestam», ajuda a compreender a política que o Governo tem conduzido para garantir a paz social.

Os partidos que temos e as alternativas que não temos

Se cada vez que escrevo pensasse que um amigo poderia sentir-se visado, o melhor era deixar de escrever. Escrevo sem pensar no que os outros pensam e, talvez, o que apenas penso no momento em que escrevo. Recordo-me de, há tempos, com a desconfiança que me merecem os ‘independentes’ tê-los acusado de serem, quase sempre, trânsfugas, ressentidos e desempregados políticos. O meu amigo Amadeu Carvalho Homem, que acredita na regeneração política através de independentes, tendo ele uma imaculada carreira de professor universitário, alheia à militância partidária , retorquiu-me mais ou menos com estas palavras: «estás satisfeito com este regime? Bom proveito». Escusado será dizer que tartamudeei e não consegui mais do que refugiar-me em más desculpas sem apresentar um único bom argumento. Contudo, penso que tenho razão e, à míngua de argumentos, esgrimo as desculpas que arranjo. Aqui vai mais uma: quando voto num partido sei que posso penalizá-lo com o voto, se me sinto defraudado, votan

Associação 25 de Abril – Monumento ao 25 de Abril em Almeida

PARA MEMÓRIA FUTURA Associação 25 de Abril – Monumento ao 25 de Abril em Almeida RELATÓRIO ANUAL DA DIRECÇÃO (ANO 2012) Nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 39.º do Regulamento Interno, a Direcção apresenta à Assembleia Geral o Relatório da sua actividade e as contas referentes ao ano de 2012. A. DIRECÇÃO http://www.25abril.org/a25abril/get_document.php?id=517 As amortizações do exercício no valor de 44.287 €, adicionadas ao resultado operacional antes de amortizações e provisões configuram um valor negativo de 84.028 € para os resultados operacionais. Valor que vem a ser recuperado para um montante negativo no resultado final de 10.156 €, pelos montantes dos resultados financeiros positivos de 12.541€ e extraordinários (subsídios às actividades) de 61.332 €. Subsídios de outras entidades, Fundações Montepio e Calouste Gulbenkian, para o Fórum Cidadania pelo Estado Social, no valor de 9.571 € e para diversas actividades, no montante de 12.495 € , entreg

22 de outubro de 1945

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Faz hoje 68 anos que a ditadura fascista criou a PIDE, alargando a ação repressiva e o poder discricionário da extinta Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Evocar o seu nome ainda provoca calafrios. Parece que uma amnésia coletiva se abateu sobre os portugueses que facilmente esquecem o que os envergonha ou o que os oprime. Quando o atual PR concedeu uma pensão a dois membros da sinistra polícia, pensão que negou a Salgueiro Maia, o país não morreu de vergonha nem corou de raiva. Se a memória funcionasse, certamente que seriam outros os agentes políticos ao mais alto nível e mais honrado o regime que saiu da generosidade dos militares e da coragem dos que resistiram Possa a evocação de tão sinistra efeméride impedir o ressurgimento salazarista e servir de vacina para o futuro.

A repetição de eleições em Vila Franca do Campo

Não me recordo de ter visto qualquer comentário à repetição das eleições municipais em Vila Franca do Campo, um município com mais de dez mil eleitores, situado na ilha de S. Miguel, Açores. O município repetiu este último domingo as eleições, depois de anulado o ato em que os boletins de voto, por erro gráfico, não tinham o quadrado respetivo à frente de duas das formações concorrentes, PSD/CDS/PPM e Independentes (Movimento Independente Novo Rumo) que, por isso, justamente as contestaram e levou o TC a anulá-las. E bem. De passagem refira-se a criatividade das mesas eleitorais que desenharam manualmente os quadrados em falta.  Chegaram a apurar os resultados de que resultou a vitória do PS, com 2 mandatos, PSD/CDS/PPM, com 2 e Independentes, com 1. Repetidas as eleições o PS e o PSD/CDS/PPM aumentaram ambos o número de votos e os Independentes (Movimento Novo Rumo) perderam o mandato. PSD/CDS/PPM  passou de        2414 votos ==»  2576 Novo Rumo     »      »            731

Cavaco Silva – Preso por ter cão e preso por não ter

Não preciso de explicar que tenho pelo PR o respeito mínimo a que o Código Penal me obriga; que nutro pelo atual inquilino de Belém a maior animosidade; que se pode dizer que é um inimigo íntimo que julgo capaz de quase tudo e incapaz para quase nada. É, de facto, uma animosidade permanente que lhe dedico, por mérito dele e não por obsessão minha. O que não pode é atacar-se o PR, que cumpre mal as funções que lhe foram conferidas, por aquilo que não fez nem deve. Não se pode acusar de ser responsável pelas relações que o Governo de Angola pretende deteriorar ou pelas investigações que quer paralisar. O Governo angolano, incapaz de compreender o que é um Estado de direito, entende que o PR, o PM e os Tribunais são responsáveis pela averiguação de eventuais crimes de altos dignitários que aliam o exercício do poder à suspeita de cleptomania. A única queixa que é legítima, é a constante fuga do segredo de Justiça, lepra que corrói o sistema judiciário, permite linchamentos na praça

Deus, religião e crentes

Há quem não aceite que Deus é uma criação humana, a muleta para as nossas fraquezas, a explicação por defeito para as respostas que não sabemos, no fundo, uma necessidade para quem se habituou a uma dependência que, quase sempre, lhe foi incutida desde que nasceu e preservada por constrangimentos sociais. A perversão das crenças reside na origem, na perversão dos homens que as inventaram e que lhes transmitiram a marca genética dos seus preconceitos e superstições. O humanismo foi construído quase sempre contra as religiões, contra os deuses sedentos de sacrifícios, sofrimento e conservadorismo, defeitos que têm profissionais zelosos ao serviço da sua divulgação. Ninguém se permitiria condenar à morte quem deixa de acreditar numa lei da física ou num axioma, mas não clérigos a exigir a eliminação física dos apóstatas ou dos hereges, estes meros crentes divergentes na interpretação das alegadas mensagens de um deus imaginário. A História ensinou-nos a relativizar as ideias na su

A entrevista de Sócrates ao Expresso

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Penso que seria uma imensa cobardia não me pronunciar sobre a entrevista de Sócrates ao Expresso. O facto de muitos dos meus amigos lhe terem um ódio de estimação, não é motivo para me coibir. Foi uma entrevista de grande qualidade intelectual e política onde a determinação e a cultura revelam a maturidade de um ex-primeiro-ministro, cuja qualidade de governante me abstenho de apreciar porque é da entrevista e das ondas que provocou que ora cuido. Surpreende-me que os adversários de Sócrates poupem Santana Lopes e Durão Barroso cujas ambições políticas têm por aí uma legião de saprófitas à espera de lhes dar a oportunidade que falharam da primeira vez. Porquê um ódio primário a Sócrates cujo carácter é sempre o alvo e raramente a sua governação? Vi ataques com base numa frase, retirada do contexto, por quem não leu a entrevista. Vi acusações de autismo a quem não recusou expor-se e responder a todas as perguntas, e a condenação por não querer sujeitar-se a escrutínio eleitoral

Escândalo na Guarda – Cenas do início do Séc. XXI (Crónica)

No Ano da Graça de 2005 houve na Guarda um pio escândalo, humano e divertido. Só surpreendeu o silêncio da comunicação social, que, tão ávida a espreitar pelo buraco da fechadura dos políticos, não se atreveu a explorar um escândalo religioso. Junto ao antigo Hospital Distrital e, até há poucos anos, local das Urgências, havia, e há, um lar de idosos. Ali esteva internada D. Márcia, depois de enviuvar, carregada de anos e de haveres, até Deus ser servido de a chamar à sua divina presença, como soe dizer-se. No início dormia no excelente apartamento que comprara, ali próximo, e passava o dia no lar, onde comia, com pessoas da sua idade. Depois passou a pernoitar e ocupou um ótimo quarto que os rendimentos lhe permitiam pagar. D. Márcia não teve filhos. Era muito devota, temente a Deus, amiga da missa, confissão e eucaristia. Rezava o terço desde o tempo em que a irmã Lúcia o recomendou contra o comunismo a rogo da Virgem que poisava nas azinheiras. No lar, além do tratamento esm

DUAS MENTES BRILHANTES

Hoje à hora de almoço liguei a televisão para ver as notícias da manifestação na ponte 25 de Abril, como vi. Mas de repente, não sei a que propósito, apareceram dois eminentes intelectuais a discretear sobre o Tribunal Constitucional: nada mais nada menos que o Conselheiro de Estado Vítor Bento e o banqueiro de sucesso Ricciardi. O Conselheiro Bento insultou grosseiramente o Tribunal, dizendo que este é um órgão político e que os seus juízes faziam parte da classe política. Ele há cada conselheiro… Ricciardi, lá do alto dos seus milhões, permitiu-se fazer uma sugestão que faria morrer de rir qualquer assembleia de juristas: disse que o T.C., antes de decidir sobre o Orçamento, devia… consultar os parceiros sociais!!! EhEhEh! Há muito tempo que não ouvia tamanha alarvidade!

Este Governo e a pesada herança

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  Queixa-se o Governo de problemas herdados dos anteriores (Barroso, Santana, Sócrates ?), problemas a que se devem todas as malfeitorias atuais, incluindo o disparo dos juros, agravados quando da demissão irrevogável de Portas. Mas, se era assim, porque mentiu descaradamente, durante a campanha eleitoral, sobre o massacre que nos preparou, e como justifica a sofreguidão para interromper a legislatura anterior e a entusiástica solidariedade do PR, que rapidamente substituiu a exuberância das críticas aos sacrifícios pedidos por Sócrates pelo silêncio de monge beneditino face à violência da austeridade imposta por Passos Coelho? Aliás, como justificam Portas e Passos Coelho (não se sabe quem manda), com o País a atingir a fadiga fiscal, que cresça a dívida e o desemprego, depois de atingida a pobreza redentora que o catecismo ideológico preconizava? Onde está a alegada confiança dos mercados perante um Governo capaz de tudo? Tudo o que podia falhar, falhou efetivamente e da form

Relatório da Comissão Europeia

«A Comissão Europeia entende que o chumbo de algumas medidas do Orçamento do Estado (OE) por parte do Tribunal Constitucional (TC) pode pôr em causa a política orçamental do Governo e precipitar um segundo pedido de resgate». Se Portugal tivesse um Governo honrado, com um módico de dignidade e a vaga ideia do que é o brio nacional, repudiaria a miserável chantagem da Comissão Europeia e far-lhe-ia sentir que o respeito pelas instituições democráticas é um dever dos órgãos de soberania, a quem a intromissão humilhou, e cujo pedido de desculpas é uma exigência. Se Portugal tivesse um PR, à altura das funções que ocupa, não deixaria sem resposta tão grave ingerência e tão infame ultraje ao Estado de direito. Se a Comissão Europeia tivesse um presidente honrado em vez do sabujo de interesses alheios, um político em vez do invasor do Iraque, um humanista, em vez do oportunista, seria o primeiro a repudiar a interferência da CE, onde ficou a representar Bush, Blair e Aznar, em vez de

‘Incorrecções factuais’ inquinam o País…

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Mário Soares sugere que Cavaco Silva devia ser "julgado" por causa do BPN … link Esta viperina tirada de Soares indignou profundamente a Direita portuguesa. Mas não será totalmente despropositada, nem mais uma desbragada ‘ tolice soarista ’. Embora possa existir, formalmente, um evidente excesso da parte de Soares em relação ao Presidente da República em exercício, a verdade é a declaração de Soares aos jornalistas que veio escarificar e desbridar uma ferida que foi ‘abafada’ ao longo de anos mas que mantém características dolentes. Ao contrário do que deseja Cavaco esta chaga não cicatrizou mantendo-se presente, no corpo político e social nacional, como se fosse um estigma. Reacende-se cada vez que se agita e agiganta o espectro de um brutal empobrecimento nacional. Será a súbita – e indelével - memória dos inocentes. A ‘ boutade ’ de Soares sobre Cavaco, embora circunstancial e nominal, tem necessariamente uma envolvente maior, i. e., revela o que efectivamente

O CDS, o grupo parlamentar e o instinto de sobrevivência

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Paulo Portas, quando da sua demissão irrevogável deste Governo, ou talvez do anterior, acompanhado pelos ministros da mesma proveniência, ouviu no Caldas o que Soares diz de Cavaco. Então os empregos dos militantes, as sinecuras dos simpatizantes, os lugares públicos, que deixariam o partido com desemprego superior à média nacional? Que interessava a cerimónia surrealista da posse da ministra das Finanças num Governo extinto, se prescrevia o seguro de vida dos avençados do partido e a ida às urnas reduzia o grupo parlamentar do CDS à lotação do táxi? Valeu o instinto de conservação dos demo-cristãos, a maleabilidade da espinha dorsal do líder e o pânico do PR por ficar sem o Governo que apoiou. Tudo acabou bem para o CDS, assumindo a liderança efetiva do Governo, onde a inegável preparação de Portas, comparada com a de Passos Coelho, não se verificou. Mas salvaram-se os empregos e, à custa do alargamento da influência e dos cargos, encaixaram-se ainda umas dezenas que precisavam

A CGTP, o MAI e a Ponte 25 de Abril

Há jogos em que todos perdem. Neste braço de barro, entre a CGTP e o MAI, a central sindical partiu o braço. Fosse para não dar oportunidade ao Governo para uma prova de força – uma repressão policial violenta –, fosse por deficiente análise da correlação de forças, a verdade é que a CGTP perdeu a batalha e o Governo perdeu a face. Numa ponte onde se realizaram dezenas de maratonas e, só agora, aparecem pareceres técnicos negativos, a decisão ministerial cheira a mentira e tresanda a arbitrariedade. Não ganhou, pois, o Governo. Entre o desafio a uma prepotência e a capitulação, não sei qual seria a melhor opção, mas a decisão, sensata e pragmática, terá efeitos demolidores para a central sindical. O que é grave é a entrada de leão dos trabalhadores e a saída de autocarros a buzinarem. Sempre que se perde uma batalha sindical, a próxima será mais difícil. E quando uma central sindical, experiente e fiável, perde uma batalha, não é o Governo que fica mais forte, é a anarquia que pode

Taxation without representation

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A indústria da santidade ao serviço do fascismo

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Para vergonha da Igreja católica, descontados os crimes de eras recuadas, que podem sempre ser atribuídos aos costumes bárbaros da época, mas comprometem a inspiração divina de que se reclama, bastava a cumplicidade e o silêncio perante um dos maiores genocidas da Humanidade – Francisco Franco –, para exigir o pedido de perdão sincero de quem herdou o ferrete da ignomínia. Todos sabemos que a violência atingiu na Guerra Civil espanhola limites inauditos de crueldade dos dois lados da barricada. Não houve bons e maus, só maus. Não podemos esquecer a violência cruel do anticlericalismo dos anarquistas e liberais e, em menor medida, dos marxistas, cujo ódio à Igreja, implicada com a pior direita, rivalizou com o empenhamento do clero nos crimes mais perversos. Há, no entanto, duas diferenças capitais entre os que se bateram de um e de outro lado da barricada. Do lado da República, o facto de ter resultado de eleições livres sufragadas pelo povo, e, do lado dos sediciosos, a intençã

O PR adormecido e bem pago

Depois da vingança, e de satisfeito o ódio de estimação a Sócrates,  estado de alma em que estava bem acompanhado, o PR ficou embevecido com o Governo que quis. Não previu que o novo PM seria absolutamente incapaz e que o Governo se tornaria um albergue espanhol; que ministros do seu tempo de PM pudessem tornar-se casos de polícia; que o Presidente de um país estrangeiro achincalhasse Portugal, publicamente, durante a sua visita, e se remetesse ao silêncio; que o seu antigo ministro Machete faria uma viagem a Angola e, longe de melhorar as relações entre os dois países, humilhasse Portugal e as suas instituições. Cavaco, tão lesto a interromper férias para zurzir a A.R., a propósito do infeliz estatuto autonómico dos Açores, acabou a engolir a destemperada manifestação de azedume. E, no desprezo pela legitimidade de outro órgão da soberania, semeou os ventos que agora se viraram contra si. Ninguém esquece que o seu secretário de Estado das Finanças é o principal responsável do ma

Radicalismo da classe dominante

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O Governo fez uma jogada de mestre com a TSU dos viúvos. Sabendo que as grandes fortunas estão ao abrigo de qualquer ameaça, nem que para isso fosse necessário criar legislação especial, atirou-se às pensões de sobrevivência como gato a bofes. Começou por colocar na comunicação social notícias catastróficas no género daquela em que alguém anuncia a outrem a morte dos pais para depois o tranquilizar, dizendo que tinha sido apenas um deles. O sorriso de Portas, a anunciar a medida, lembrava a noviça que se queixou à madre de ter sido violada e que não sabia o que fazer para não engravidar, recebendo da superiora ordem para espremer um limão bem azedo e beber até à última gota. Tendo a noviça questionado se evitava a gravidez, a madre disse-lhe que não, mas, pelo menos, tirava-lhe aquele ar de felicidade que ostentava. Portas, com esse ar de felicidade, jogou com as pensões dos portugueses, onde 2.000 euros já parecem uma fortuna, onde, se continuarem a conduzir-nos para o abismo,

É preciso topete.

Como transformar o algoz em vítima A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) adverte os investidores de que o diploma do Governo que aumenta o horário laboral da Função Pública, das 35 para as 40 horas semanais, «ainda poderá ser desafiado pelo Tribunal Constitucional) [sic].

A consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Maria

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O papa Francisco consagrou, ontem, o mundo ao Sagrado Coração de Maria, numa cerimónia realizada na praça de S. Pedro, no Vaticano, perante a imagem de «Nossa» Senhora de Fátima, da Cova da Iria. Se a cerimónia fosse destinada apenas a crentes só merecia que fosse respeitada, tanto mais que não viria daí grande mal ao mundo. A um ateu não perturba semelhante consagração cujo temor não ultrapassa o da praga que a cigana roga a quem lhe nega a leitura da sina. É, aliás, alheio a que consagração seja ao coração, ao fígado, aos rins ou a outro qualquer órgão, mas há perplexidades que assaltam um livre-pensador, a saber: 1 – Com que legitimidade é que o Papa católico que, na melhor das hipóteses, dispõe de 20% da população que acredita no seu deus, se permite consagrar o mundo a um ídolo privativo da sua religião e que até os outros cristãos desprezam? 2 – Tendo sido já realizado esse número por antecessores seus, nomeadamente durante a monarquia, era justo que, tal como nos outro

Portas e as explicações sobre a TSU d@s viúv@s

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Numa linguagem irrevogavelmente incompreensível, para o comum dos mortais, o PM modestamente designado de Vice, anunciou mais um violento ataque a viúvos da classe média. A pensão que ainda resta a quem ousa manter-se vivo durante a defunção do cônjuge, é somada à de sobrevivência. E ai de quem ultrapassar 2.000 € no conjunto das pensões! Paga com língua de palmo a ameaça à longevidade e à Segurança Social. Há submarinos, sem contrapartidas, para preservar, desmandos de Alberto João Jardim, burlas de eminentes políticos à SLN/BPN, prejuízos do BPP, gabinetes ministeriais em que é preciso acoitar os rebentos colhidos nos alfobres partidários, guarda-costas para contratar, senhas de presença a pagar, favores a retribuir, enfim, urgências que a viuvez não compreende e que o celibatário Portas tenta explicar. Este assalto aos descontos dos pensionistas foi mais uma medida do irrevogável Portas e da sua ministra das Finanças, que já passou a ser tratada como homem, em ambiente de f

Imagine…

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Fátima – todas os caminhos vão dar ao Santuário_13_10_2013

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Pelos caminhos de Portugal, a pé para os mais crentes, de carro para os mais céticos ou com um caminheiro alugado, para cumprir promessas dos mais abastados, há imensos peregrinos que hoje se dirigem para o anjódromo de Fátima, local onde a República viu organizar a oposição e, mais tarde, durante a guerra fria, a luta contra o comunismo. Em 1917, o sol interrompeu o sedentarismo sideral enquanto uma virgem irrequieta ia de azinheira em azinheira a conversar com uma pastorinha que a via e ouvia, enquanto outra só a ouvia, e o outro não via nem ouvia. E foi assim que pobres prédios rústicos se converteram num lucrativo comércio da fé e o sector primário virou terciário. Podia a voz da senhora mais brilhante do que o sol não ter chegado ao céu, mas ouviu-a, na Terra, a diocese de Leiria e a gente simples que rezava, primeiro, contra a maçonaria e a carbonária, e, depois, contra o comunismo. O terço era o demonífugo de eleição e o instrumento para a conversão da Rússia, rezado com a

Cavaco tem razão. Afinal o País é masoquista

Depois de uma plêiade de presidentes da República, eleitos na vigência da Constituição, Eanes, Soares e Sampaio, o desejo de corroborar o aforismo, «não há bem que sempre dure», foi mais forte do que o bom senso. Esqueceu-se a censura de um livro de Saramago, vetado para um concurso literário pelo inefável Sousa Lara, a insurreição dos pregos inventada pelo azougado Ângelo Correia, a carga policial na Ponte 25 de Abril comandada pela referência ética, que dá pelo nome de Dias Loureiro, e a votação na ONU contra a libertação do terrorista Nelson Mandela, em que Reagan só foi acompanhado pela Senhora Thatcher e pelo filho do Sr. Teodoro das Bombas, de Boliqueime, contra o resto do mundo. Talvez não se soubesse ainda, antes da teimosia na reeleição, do alfobre de empresários gerados nos seus governos ou nos viveiros do seu partido. Geraram-se quadros do BPN, exportadores de remédios para Angola, banqueiros de geração espontânea, advogados de grandes fortunas e da viúva de um milionári

CTT e neoliberalismo…

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“ Numa audição no Parlamento, António Pires de Lima admitiu que o caminho escolhido para a privatização do grupo de correios do Estado é “ousado” e admitiu que o Governo não pode garantir a manutenção de todos os postos de trabalho ”. Adiante rematou: O ministro defendeu que a operação " pode resultar num bom encaixe para o Estado ". " Não vejo drama nenhum na privatização dos CTT ", salientou. link A privatização dos CTT já foi classificada como “um crime” link . Um “duplo crime”: financeiro e contra a coesão nacional. O actual Governo persiste em fazê-la – é preciso deixar bem expresso este facto (político) - para entregar os eventuais resultados aos credores sem olhar a consequências futuras. Trata-se de alienação de património – com características e funções especiais – rentável. Não vamos falar no despojamento do interior do País das infra-estruturas básicas. Os CTT integram um dos (poucos) serviços públicos de excelência em Portugal. Os resultados

Até sempre, camaradas

Amigos e camaradas do BCAÇ. 1936 Hoje, no almoço da Régua, sinto que faço falta, uma falta igual à de cada um que faltou, falta cada vez maior, à medida que somos cada vez menos. É a primeira ausência à festa anual da família, da única família que todos fomos, durante 26 meses, espalhados entre o Catur e  Malapísia, onde se teceram os laços da família que ainda somos e seremos. Interrogo-me como foi possível construir tão sólidos afetos numa guerra injusta e inútil que a ditadura teimou em continuar contra os ventos da História e a vontade dos povos. E agora, aos que lá perdemos, todos os anos se juntam outros que partem. Que saudade! E não merecíamos perder um só, de nós, porque, por cada um que parte, é o coração de todos que fica a sangrar por dentro com fratura exposta na família que se reduz. Valem-nos os filhos e netos para manterem vivo um ritual onde são fortes os afetos que resistem ao tempo, à crise e ao desânimo, numa desvairada ânsia de nos abraçarmos em cada novo enc

Governo: informação, contra-informação ou balanço?

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 Passos Coelho disse esta quinta-feira à noite aos deputados do PSD que tem havido muita "contra-informação" sobre medidas que ainda não estavam "moduladas" nem "calibradas", como é o caso dos cortes nas pensões de sobrevivência, omitidos na conferência de imprensa de Paulo Portas na passada quinta-feira. link . Durante muito tempo os apoiantes da actual coligação governamental tentaram justificar – e esconder - os erros crassos deste Governo como um ‘ problema de informação ’. Agora são os principais dirigentes do PSD que partem para uma nova cruzada: a “ contra-informação ”. Quando este partido se lançar nesta cruzada contra-informativa (em Novembro) é suposto que as medidas orçamentais – como os cortes nas pensões de sobrevivência – já estarem discutidas à exaustão, por constarem do projecto de OE que na próxima semana será entregue na AR. Portanto a “contra-informação” deverá ser entendida como mais uma campanha de “pressão”, nomeadamente