Viagens num país «em forma de assim»

De Durão Barroso a José Manuel Fernandes, de Zita Seabra a Nuno Crato, há toda uma galáxia de trânsfugas que passaram do exacerbado radicalismo pequeno-burguês para o mais despudorado neoliberalismo, com tiques estalinistas, rancores antigos e modernos gestos de vingança.

Desiludidos com a classe operária, dedicaram-se a destruir a pequena burguesia com a meticulosa eficiência apreendida nas leituras de Mao e na truculência estalinista.

Andam ainda por aí, nos Tribunais e Empresas, em repartições públicas e no Governo, insaciáveis na destruição do Estado, a fazer de Portugal um laboratório de experiências, as mesmas experiências que levaram a desolação e a morte ao Chile.

Muitos deles são pessoas sem coluna vertebral, vergados aos interesses, sem um pingo de vergonha ou réstia de humanidade. Na defesa dos seus interesses ignoram os milhões que sofrem a miséria, fome e a perda de dignidade. Como não têm honra, é a honra dos outros que querem destruir; como não têm sentimentos são indiferentes à sensibilidade alheia; não lhes pesa o passado próprio enquanto destroem o futuro de outrem.

Há seres ignóbeis que não mudaram de campo, estiveram sempre aliados aos poderosos e, com as piruetas que deram, tornaram-se membros das famílias que amaldiçoavam.

Comentários

e-pá! disse…
Hoje, durante o périplo que anda a fazer por escolas do País para ‘mostrar’, ou 'demonstrar' (já que se trata de um matemático) que ‘reina a ordem em todo país’ (no jeito do comunicado do SNI sobre o golpe das Caldas 1974) Nuno Crato foi interpelado durante uma sessão pública por uma professora que lhe perguntou visivelmente incomodada e indignada: “…tem consciência do que está a fazer à educação" link.

O ‘ex-lutador pela classe operária’ não quis, ou não soube, responder. Refugiou-se numa evasiva formalista e atirou para o ar que o local (uma Escola) era despropositado para essa discussão.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, resolve manipular a situação - com ferramentas em que só pode exibir uma olímpica ignorância - e desabridamente insinuou: “essa senhora devia estar com alguma vocação psicanalíticalink. Esta gratuita insinuação não consegue disfarçar um intolerável intuito insultuoso. É indigna para um membro do Governo. Governo que ‘elegeu’ os seus funcionários como inimigos e não hesita em tratá-los como insanos.
A situação é obviamente diferente. Todavia, a cena no Instituto Politécnico de Viseu fez-me recordar 1969 e o episódio protagonizado pelo almirante Thomaz na cerimónia de inauguração do edifício das Matemáticas. Trata-se de uma associação analítica, sem qualquer vocação psíquica.
Se calhar a associação só surgiu pela circunstância de o indígena ser um matemático...

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