Quo Vadis, António José seguro?

Um partido, qualquer que ele seja, tem uma memória, um programa e um trajeto que lhe ilumina o caminho do futuro. Tem pessoas que lhe dedicaram a vida e lhe sacrificaram o seu bem-estar, que trocaram os seus interesses pelo futuro do partido em que se reviam.

Como pode um partido, que travou combates pela democracia, adotar para autarca uma figura como João Cordeiro, aceitando, como presidente da comissão de honra, Ramalho Eanes que, sendo cidadão respeitável, criou o PRD para combater o PS, e rever-se no tal João Cordeiro, o adversário implacável do S.N.S., referência do PS e do 25 de Abril?

Como pode o PS silenciar a ereção da estátua do inefável cónego Melo, em Braga, sob a égide de um seu militante, Mesquita Machado, sem uma condenação violenta, sem uma palavra de solidariedade para a memória do padre Max e da estudante Maria de Lurdes, sem um grito de revolta e um vómito que o alivie do veneno que invadiu o partido?

Como pode o PS, um partido que faz parte das minhas opções de voto, calar-se perante declarações do deputado Paulo Pisco, membro da Comissão dos Negócios Estrangeiros, a defender a intervenção armada na Síria, mesmo sem apoio das Nações Unidas, e sem saber quem lançou o gás sarim?

Não sei se nos espera a abstenção violenta perante a lepra que corrói o partido ou a brisa de ar puro que distinga o PS do PSD. Seguro tem a palavra mas não tem tempo para se manter em silêncio. Para Passos Coelho basta ao PSD a desgraça.

Comentários

Bmonteiro disse…
Como pode, um partido que se reclama de socialista (ou social democrata), ter contribuído como contribuiu,
para o polvo do bloco central?
Dando origem à galinha PPC.
Depois do lobo JS.
Agora, é tarde.
Caro C. E.

Partilho inteiramente das suas preocupações. Além do mais, essas atitudes - ou omissão delas - contribui poderosamente para o descrédito do PS e da própria democracia.
É que dá a impressão que não há uma verdadeira alternativa credível. Por isso nunca se viu tanta gente a dizer que os políticos são todos iguais, que não vale a pena votar, ou que vale mais votar branco ou nulo. Receio que nas próximas eleições a abstenção seja enorme, e chego a temer que a cáfila ganhe outra vez.

Aliás, nunca acreditei no Seguro. Vem lá da jota, como o outro. Sempre me pareceu não o oposto do Passos Coelho, mas um Passos Coelho virado do avesso...
Manuel Galvão disse…
Quem fabricou os Zés (sócras e seguro) não foi o PS, foram os bancos americanos e europeus. Era (e é) necessário seguir as políticas económicas e financeiras ditadas pelos banqueiros ocidentais, se quisermos continuar a pertencer ao clube dos pilha-galinhas. É a unica ideologia em vigor.

Basicamente as ordens foram desenvolver os países atrasados com recurso a crédito. Quem inventou a armadilha dos fundos estruturais (que não são mais que subsídios às indústrias francesa, alemã, inglesa)não foi o PS nem o PSD, foi Bruxelas. Cenouras para incentivarem os países a se endividarem.

A modernezação está feita.

Portugal está bem posicionado na lista de países com melhores infra-estruturas.

Agora é preciso pagar as dívidas e não há outra forma de o fazer que não seja vender ao desbarato as joias e aceitar trabalhar quase de borla para os credores. Durante anos.

Tudo se passou à revelia da vontade dos portugueses.
Horta Pinto:
Só a senhora da azinheira poderá evitar que 'a cáfila ganhe outra vez'. E não se vê por que iria ela fazê-lo.
Mas entende-se porquê. Basta ver, nesta caixa de comentários, as confusões que aí vão entre o cu e as calças dele, entre a merda e a ervilha de cheiro.
e-pá! disse…
Começa a transparecer que as próximas eleições autárquicas - para as Oposições à actual maioria governamental (e não só em relação ao PS) - poderão não consubstanciar o 'desastre anunciado' (desejado).
De facto, inquinou-se todo o processo eleitoral utilizando diversos estratagemas.
O primeiro terá sido uma abusiva transposição mecânica de situações díspares vividas em mais de 300 concelhos e a definição da globalidade (política) do País. Portugal não é uma soma nem um arranjo nacional de concelhos.
Depois, as candidaturas autárquicas estão intimamente ligadas a problemas locais que não são obrigados a integrarem as questões estratégicas nacionais (onde residem os grandes problemas).
Em terceiro lugar, o crivo porque acabam por passar os candidatos às autarquias é muito mais apertado e fino do que as candidaturas partidárias legislativas onde os candidatos estão submersos por detrás dos aparelhos partidários de modo distante e difuso.
Na verdade, ao fim de quase 40 anos de municipalismo electivo persiste a sensação que a capacidade criadora petrificou (esgotou-se). E os critérios de selecção e escolha bem como a qualidade de alguns candidatos,acrescida da permitida transumância de dinossauros excelentíssimos para concelhos vizinhos, dá a ideia de estarmos a baralhar para dar de novo.
Finalmente, os 'independentes' que aparecem em número significativo nas próximas autárquicas não acrescentam qualquer mais valia aos processos. São na maior parte das vezes ajustes de contas emergentes das concelhias partidárias e o reflexo da incapacidade da direcção nacional.
Perante um tal quadro pode muito bem suceder que, para além de uma elevada e significativa abstenção, o 29 de Setembro não clarifique nada.
E esse cenário, convenhamos, é do piorio.

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