Depois do Vietnam, o Iraque não serviu de exemplo

O bando dos quatro, que nas Lajes traiu a verdade, o direito internacional e a ética, goza reformas ou chorudas sinecuras, depois de transformarem o Iraque no campo de morte permanente onde a vida deixou de ter valor e o ódio sectário é a única herança do plano gizado pela dupla Bush/Dick Cheney.

Em maio de 2003, Paulo Portas, à saída da audiência com Donald Rumsfeld, nos EUA, declarou que Portugal “...faz parte do conjunto dos países vencedores”. O antigo fato às riscas, com o ministro da Defesa dentro, não terá remorso do entusiasmo belicista a que Jorge Sampaio moderou o ímpeto?

As palavras de Portas, quando era um fato às riscas com um ministro da Defesa dentro, soam hoje como infâmia perante as mortes diárias a que ninguém consegue pôr cobro. Os  "neocons" conduziram a América para o maior desastre depois do Vietnam com o entusiasmo de Aznar, Blair, Barroso e Berlusconi, cúmplices que dormem tranquilos sobre os escombros do país que destruíram e as mortes que diariamente ali acontecem.

A ditadura de Saddam, ao contrário das teocracias, era a única com um ministro cristão e que garantia o carácter laico do Estado. Judeus e cristãos suportavam a ditadura mas não eram molestados nas suas crenças. Desapareceram logo que os agressores fugiram.

Após a matança, que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino do terrorismo islâmico e o Irão emergiu como potência regional e nuclear. Todos os dias chegam notícias da violência terrorista e do incontável número de mortos.

Os crimes não se reparam com novos crimes nem os erros com a reincidência. A Líbia é hoje um território sem Estado onde bandos armados estabelecem as regras e o Egito regressou à ditadura militar para evitar a sharia. A indústria de guerra tem excedentes gigantescos mas faz pena ver a Rússia com posições sensatas perante Obama, Hollande e Cameron.

Nunca pensei estar ao lado de Putin para lhe desejar sucesso no esforço de paz na Síria.

Comentários

Agostinho disse…
A imagem de “Portas quando era um fato às riscas” é uma feliz imagem da coisa.
Com aparentes recursos tem vindo a intrujar o país desde sempre. Basta ver o guarda-roupa com que compõe a ilusão de pacóvio para se concluir que ali não existe uma pessoa, apenas um fato: O Portas das feiras - o quinquilheiro, o Portas fardado - o combatente, o Portas ministro da defesa - herói submersível, o Portas devoto – o beato , o Portas formal – o beto da linha, o Portas informal – o desportista, o Portas habilidoso – contorcionista, o Portas jornalista – estimado cavaco, o Portas viajante – negócios no estrangeiro, o Portas demissionário – irrevogável, o Portas Vice PM - reformador .
Tantos palcos, tantas cenas, tudo pantomina !
Quanto aos EUA o polícia do mundo, arautos da liberdade e da democracia, dos direitos humanos... vê-se o que vem acontecendo depois da 2ª guerra mundial. A queda de um império? Que futuro para o mundo?
e-pá! disse…
De facto, a política internacional deslizou para uma verdadeira charada.
Quando olhamos para o Médio Oriente vemos poderes políticos rivais que partilham objectivos com inimigos, aliados que apoiam estratégias opostas, interesses contraditórios que a determinado momento confluem e todo o tipo de espúrias (tácticas) alianças.

Este retrato tremendamente evidente na Síria é, todavia, endémico no Médio Oriente. Este ambiente do tipo 'salada russa', acabou por cair no regaço de quem sabe deste tipo de saladas...

Em termos de análise política primária, i. e., facalizando em questões de regime, continuam obscuras as razões do apoio do regime teocrático de Teerão ao modelo 'baasista' (laico) de Bashar Al Assad. A não ser que se entre por depurações ideológicas e religiosas e se considere que os alauítas são 'derivados' do islão xiita e esteja na forja uma mudança de regime em Damasco envolvida numa solução libano-síria que passaria inevitavelmente pelo Hezbollah. Reduzir os conflitos no Médio Oriente a uma 'guerra' entre sunitas e xiitas (com todas as variantes existentes) poderá fazer apostar a uma compreensão regional que 'justifique' as posições sauditas, do Qatar, do Irão, Iraque, etc., mas de modo algum esclarece a raiz profunda dos conflitos. Muito menos esclarece a interferência do dito Ocidente.

Um outra hipótese é imaginar (só 'isso') que o plano seja entregar a liderança desta região a um 'islão de new look' sob a batuta de Erdogan e, assim, reformular uma nova onda otomana cuja centralidade seja sediada na Turquia (com manifestas pretensões expansionistas sob os auspícios da misteriosa 'irmandade muçulmana').

Era isto que seria interessante o tal 'senhor do fato às riscas' - que mantém boas e antigas relações em Washington - explicar aos portugueses, se acaso não estivesse demasiado ocupado (e extasiado) nas novas funções coordenadoras como vice (qualquer coisa) que acumula como adjunto de uma sombra (feminino) do contumaz Gaspar (já instalado no BdP).
Um personagem que se poderá encaixar nesta estratégia como um novo 'Preste João', nesta parte mais ocidental da Europa ...

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