Nuno Crato – o patriota que derrubou o Governo

Quem viu um prestigiado professor universitário a comprometer-se com um Governo de que só podia esperar o pior, julgou-o suicida e alguém que trocou a consideração de que gozava pelo poder efémero de um ministério desprezado pelo Governo que ia integrar.

Depois de ter mandado averiguar o percurso académico do ministro Relvas, sem quebra do apreço que devia a quem o coordenava e sem deixar que o visado suspeitasse, viu-se que a guia de marcha do criador do PM foi emitida no seu ministério e com cópia para o Ministério Público.

Recentemente, enquanto fingia enfrentar os professores, acabou por ceder às suas justas reivindicações, sabendo que sabotava a decisão do Governo sobre o despedimento dos outros funcionários públicos, estilhaçando, assim, a estratégia para a redução da despesa pública.

Nuno Crato foi o incansável obreiro da remodelação deslizante do falecido Governo e o artífice das únicas boas demissões, Relvas e Gaspar.  Depois, enquanto assistia à posse da efémera ministra das Finanças, num espetáculo fúnebre e surrealista, Paulo Portas, o ministro que tinha a chave da máquina de respiração assistida do Governo, despediu-se.

Deixou o PR e o PM a reanimarem o morto, julgando que estava vivo, enquanto o povo saía à rua a manifestar satisfação de um país «sem Governo, sem maioria e sem PR». É trágica a situação a que Portugal chegou, com o poder a cair na rua, sem necessidade de ajuda externa. Ao menos nisto, não foi precisa a troika.

O triunvirato nem precisava da picada de lacrau a que Portas não resistiu. O Presidente, a maioria e o Governo, fizeram lembrar aquela peça de fruta apetitosa que, ao abrir, se verificou que estava podre por dentro.

Por mim, penso que o mérito, deliberado e obstinado, coube ao ministro Nuno Crato, ao transformar o ministério de combate à educação na granada defensiva contra o Governo.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

Unknown disse…
C.Esperança coloque um aprovo/desaprovo que evitava vir aqui fazer poeira. Aprovo a cem por cento a sua analise. Aguardo que num proximo governo possa haver um ministro da educação em vez dum negociador com sindicalistas.
António Cristóvão:

Penso que, com esta canalha, só se pode usar a ironia.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides