A posse da ministra e a extrema-unção

Há anos, no Hospital de Leiria, entrou um indivíduo, já cadáver, e o médico de serviço limitou-se a verificar o óbito.

Duas horas depois, entrou um padre, com um ajudante, uma caldeirinha com água, um hissope e um recipiente com óleo. Não se sabe quem o chamou.

Destapou a cabeça do defunto, fez-lhe cruzes na testa, balbuciou umas rezas, aspergiu-o com o hissope e, de olhos fechados, como quem fala para um ser imaginário, dirigiu as preces que soem fazer-se quando se leva o viático a um moribundo. Depois, voltou a cobrir a cabeça do morto e ia retirar-se.

Achando o clérigo que devia esclarecimentos aos presentes, explicou que só Deus sabia se estava morto e, em caso de vida, o sacramento vinha a calhar. Caso contrário, não lhe fazia mal.

Fez o mesmo o PR a dar posse à nova ministra de Estado e das Finanças, uma operação no corpo morto do Governo, onde a máquina que o mantivera vivo tinha sido desligada. Paulo Portas, por cálculo ou por traição, tinha desligado o aparelho, e Cavaco, de boa fé, ainda fez o transplante do órgão das Finanças com uma víscera em péssimo estado.

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