Notas soltas: maio/2013

1.º de Maio – Quem assistiu em Lisboa ao primeiro 1.º de Maio em liberdade, em 1974, não pode deixar de refletir sobre o medo e o desânimo que domina a sociedade onde todos os dias crescem o desemprego, a fome e o desespero.

Hungria – A extrema-direita ganha terreno e regressaram o racismo, a xenofobia e as perseguições aos judeus. Os demónios totalitários acordam num país que viveu entre a euforia fascista que antecedeu a guerra de 1939/45 e a opressão comunista posterior.

8 de maio – Sessenta e oito anos após a capitulação do exército nazi, em Berlim, renascem os demónios totalitários que deram origem à maior tragédia do século XX. É a história a repetir-se num misto de farsa e de tragédia.

CDS – A intriga e a chantagem têm sido, como sempre foram, as armas de Paulo Portas, contra o PSD, no moribundo Governo da coligação. Ele pode enganar todos os portugueses uma vez, alguns, várias vezes, mas ninguém se deixará enganar sempre.

Espanha – O Tribunal Constitucional, ao suspender a declaração soberanista aprovada pelo Parlamento catalão, sem decidir se o texto viola ou não a Constituição, adiou o problema que pode arrastar a Espanha para a desintegração.

PSD – A celebração do 39.º aniversário sem um único ex-presidente, é a prova cabal de que, além de Cavaco Silva, já ninguém suporta Passos Coelho. Estava no lugar certo, à hora certa, este homem errado em qualquer altura.

Itália – A morte de Giulio Andriotti, aos 94 anos, deixou de luto a democracia cristã, o Vaticano, o Estado italiano e a Cosa Nostra. Surpreende que o CDS não tenha proposto um voto de pesar na A. R..

Paulo Portas – Ao dizer que é politicamente incompatível com taxa das pensões, não pretende defender os pensionistas mas garantir a manutenção de um eleitorado que lhe prolongue a permanência na cena política.

Cavaco Silva – Não é má vontade nem perseguição aos que, sendo políticos, fingem que o não são. Ao alinhar o plural de “cidadão” com o de “melão” mostra que a gramática não lhe merece maior cuidado do que o País.

Fernando Negrão – A Constituição da República de um país democrático deve ser objeto de culto e respeito na aprendizagem. O presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, ao opor-se ao seu ensino, revela um intolerável preconceito ideológico e desprezo pela lei fundamental.

Itália – O país ameaça tornar-se ingovernável e continuar paralisado, esmagado entre o populismo de Belusconi e o do antipolítico Grillo. A crise que percorre a Europa agrava-se com o desespero e imprudência do eleitorado.

Coreia do Norte – A insistência no disparo de mísseis ameaça eternizar-se numa chantagem permanente, com objetivos pouco claros mas indiscutivelmente perigosos. Enquanto o povo morre de fome o amado líder é o biltre que ameaça uma catástrofe.

A. R. – A aprovação do diploma do PS sobre coadoção por casais ou unidos de facto, do mesmo sexo, estende o vínculo de parentalidade de um dos elementos do casal ao cônjuge que ainda não o possui em relação ao filho biológico ou adotado.

Aznar – O regresso a Espanha e a avidez política puseram a nu o passado obscuro do entusiasta da invasão do Iraque. Foram revelados os recebimentos indevidos e a tentativa de «compra» da mais alta condecoração americana, com dinheiro alheio.

Conselho de Estado – Quando uma reunião relevante foi anunciada por um conselheiro, convocada por email, esqueceu o feriado dos Açores e, perante a aflição dos portugueses, teve como agenda o futuro longínquo, só podia ser um fracasso.

Francisco – A imposição das mãos a um deficiente que entrou em convulsão e as explicações contraditórias do exorcista oficial e do porta-voz do Vaticano ressuscitaram a discussão da prática medieval de expulsar demónios, moléstia que só atinge crentes.

Miguel Sousa Tavares – A indelicadeza com que se referiu ao titular do cargo de Presidente da República diz mais sobre a perda de prestígio do ofendido do que sobre a civilidade do escritor. Aliás, palhaços fomos nós, eleitores, votando em quem votámos.

CRP – A rudimentar preparação política deste Governo levou o ministro Poiares Maduro a criticar a Constituição. Portou-se como o PM, a quem o presidente do Tribunal Constitucional teve de explicar que a CRP é a matriz do nosso ordenamento jurídico.

Aquilino Ribeiro – Passou, no dia 27, meio século sobre a sua morte. Aquilino é um estilista singular e autor de uma obra ímpar. Um democrata que merece ser honrado e grande escritor a que é urgente voltar.

Itália (2) – As eleições municipais, as menos concorridas de sempre, apagaram a estrela de Beppe Grillo, o palhaço que logrou a grande vitória nas eleições legislativas. Os países, por maior que seja o desencanto, acabam por regressar ao bom senso.

Venezuela – Morto Hugo Chávez, um líder autoritário e populista, mas amado pelo povo, começaram as manobras de sabotagem económica para justificarem o golpe de Estado que inverta o curso político e restaure os interesses da alta burguesia.

Islão – A demência dos convertidos, intoxicados nas madraças e mesquitas, está na origem dos ataques a soldados em Londres e Paris. A democracia não se compadece com a vontade de Deus explicada por pregadores terroristas. É preciso vigiar os púlpitos.

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