BOSTON

O atentado terrorista ocorrido durante a maratona de Boston colocou novamente a América em sobressalto.

Trata-se de mais um grave incidente que recai sobre a segurança dos cidadãos. Não é um acontecimento isolado para a sociedade americana. Se recuarmos até ao fatídico dia de 11 de Setembro 2001, quando a América tomou consciência das suas vulnerabilidades, verificamos que, pelo meio, ocorreram outras situações preocupantes.

Uma das vertentes diz respeito ao ‘terrorismo doméstico’ e toda a gente se lembra do ‘massacre’ de Oklahoma City [ocorrido em 1995] com um funesto cortejo de 168 mortes e mais de meio milhar de feridos. Na verdade, trata-se de um fenómeno em crescendo nos States que se tornou [mais] visível na década de 80 e se terá intensificado com a crise económica e financeira de 2007/08.
Mas os primórdios destes actos de terrorismo remontam ao Ku Klux Klan, uma tenebrosa organização de raiz religiosa e racista que ‘nasceu’ nos finais do séc. XIX, isto é, no período imediato pós Guerra de Independência. Este tem sido, portanto, um problema doméstico com evolução arrastada que os poderes públicos federais e estaduais têm tido dificuldade em lidar.

Desconhecemos se os atentados de Boston integram este 'terrorismo doméstico' ou se são a expressão em território americano de redes internacionais.

A investigação decorrente deste acto terrorista, até ao momento, não trouxe qualquer clarificação quanto à sua origem e eventuais conexões. Pelo andar da carruagem os dois presumíveis autores (os irmãos Tsarnaev de origem chechena) poderão tornar-se inúteis para esclarecer a cabalmente a situação, por impossibilidade física. Um morreu no tiroteio ocorrido no MIT e o outro a quando da sua captura apresentava-se ferido e em estado crítico. link.

Está criado o pior cenário possível. A América poderá estar condenada a viver sem determinar a origem deste acto terrorista. Não é difícil adivinhar o que sucederá. Daqui para a frente existe pretexto político para criar estados de excepção (‘emendas’) que, na prática, vão limitar e perverter o Estado de Direito. Esta perversão associada ao medo concorrem para os EUA enfrentem no futuro um clima social muito difícil. O risco de ‘derivas securitárias’, conflituando directamente com a democracia e pelo respeito pelas liberdades e garantias individuais, elevou-se.

A ‘festa’ vivida em Boston depois da captura do 2º. presumível implicado, assinalou o fim do ‘estado de sítio’ que assolou Boston e arredores nas últimas horas link. Todavia, o terminus das acções policiais, por si só, não anuncia nada de bom. Boston poderá desencadear ou empolar um terrível trauma - se acaso não tornar 'compreensível' este acto terrorista - que se incorporará profundamente na sociedade americana, com um insondável cortejo de consequências sociais, culturais e políticas.

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