O radicalismo neoliberal no seu esplendor…

A comissão política nacional do PS decidiu apresentar uma moção de censura ao Governo para ‘selar’ uma anunciada ruptura com a actual coligação governativa. link

Trata-se do epílogo de uma longa discordância (mais de 1 ano) à volta da interpretação e execução do Programa de Assistência Financeira a que o País está sujeito e que foi agravada com os resultados (conhecidos!) decorrentes do 7º. ‘exame’ regular da troika.

O PS, desta vez, tomou medidas cautelares visando assegurar a gestão da agenda política e decidiu –  bem – não apresentar uma moção ad hoc, elaborada em cima do joelho. Acto político que - independentemente dos pressupostos e inevitáveis taticismos - suscitou ampla concordância de toda a Esquerda, facto que, como sabemos, não é comum em Portugal.

Hoje assistimos estupefactos a uma violenta catilinária da deputada e vice-presidente do PSD – Teresa Leal Coelho – sobre este facto, mostrando à saciedade como a metodologia e a oportunidade para a apresentação desta moção de censura está a perturbar o maior partido da maioria. link

Aliás tudo começa antes. Isto é no Parlamento. O PSD classificou ab initio – pela voz do seu líder parlamentar link - esta moção de ‘não consequente’ e embalado na onda crisma-a de ‘não-patriótica’. É assim: será ‘não consequente’ mesmo antes de conhecer a sua fundamentação concreta e ‘não patriótica’ porque – faltou dizê-lo – o patriotismo deve ser entendido como uma exclusiva prerrogativa da Direita.

Mas a ‘berraria’ de Teresa Leal Coelho atingiu os limites do imaginável. Para essa deputada - que apareceu a fazer declarações em representação do PSD - o líder do PS ao anunciar a moção de censura, e da maneira como o fez, teria colocado em causa valores constitucionais. Esqueceu-se de dizer quais.
Provavelmente – e para continuarmos a falar de valores constitucionais – dentro em breve (segundo é expectável) teremos esta senhora a perorar sobre eventuais ‘violações constitucionais e orçamentais’. Mas isto é um mero alvitre.

De resto, a declaração de Teresa Leal Coelho, produzida hoje, constitui um marco das incomensuráveis potencialidades da intolerância política, tornando visível - para os portugueses - a macabra faceta de até onde pode chegar o radicalismo neoliberal, quando perde o controlo da agenda política e, de imediato, resvala para uma vergonhosa chicana partidária travestida por uma pretensa máscara institucional. 

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