CHIPRE: o saque institucionalizado…

Para quem acalentava dúvidas sobre a qualidade, a decência e a 'excelência' dos programas de resgate ou de 'ajustamento' europeus, o “caso Chiprelink, é paradigmático.
Onde existe dinheiro aparece a UE, o BCE, acompanhado [ou não] pelo FMI, a confiscar abertamente ou pela calada da noite (weekend de preferência). A execrável atitude tornou-se endémica parecendo atingir - por diversos meios - tudo aquilo que possa cheirar a 'países do Sul'.

Os ‘impostos extraordinários’ são o actual veículo para extorquir dinheiro onde ele possa existir. O longo braço do ‘ajuste’ (de contas?) chega a todos os lados: bancos, debaixo do colchão, empresas, reformas, salários, poupanças, etc..
Completado este primeiro passo conhecemos o menu: seguem-se as ‘reformas estruturais’, a recessão 'prevista', o desemprego 'necessário' e o empobrecimento endémico. Aparecerá sempre alguém [bem instalado na vida] a dizer que outros vivem acima das suas possiblidades...ou que a austeridade é fácil de aguentar.

De fora, por enquanto, ficam os ‘eurocaribenhos’, ou seja, uns 'veneráveis' cidadãos que colocaram o seus depósitos em offshores ou os 'espertos' investidores que deslocaram as sedes sociais das suas empresas para a Mitteleuropa, como por exemplo, a Holanda.

Começa a fazer sentido todo este enredo de embuste financeiro. Trata-se de um saque comunitário onde o virtuoso Norte e Centro da Europa expurga o Sul dos daninhos e perdulários vícios da ‘dolce vita’.
O que, de facto, deixou de fazer qualquer sentido é a UE. O Eurogrupo neste fim-de-semana deu, nessa já débil entidade congregadora dos europeus, a machadada final.

Passos Coelho terá sido um dos cúmplices deste ‘assassinato’ político. Pode acrescentar esta ‘nódoa’ ao seu medíocre currículo, reportando que ‘ajudou’ a criar no ‘civilizado’ Ocidente um extemporâneo ‘far west’ (um contraditório geográfico com significado). 
Na verdade, o tempo dos pistoleiros e da barbárie está de regresso.
Às armas!

Comentários

Esta é a trágica realidade para que os agiotas encaminham os países da periferia.
menvp disse…
---> Veja-se quem andou por aí a apregoar aos sete ventos... que o FEDERALISMO (nota: implosão de soberanias) era a solução necessária... para que a Europa não caia num caos económico: FOI PRECISAMENTE o pessoal que, no passado, andou a apregoar «há mais vida para além do deficit»!
Este pessoal [marionetas ao serviço da superclasse (alta finança - capital global)] sabia, muito bem, que contrair endividamento... esperando um crescimento económico perpétuo... era uma RATOEIRA!...
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-> Anda por aí muito político cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse (alta finança - capital global).
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos (*) - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo!
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(*) Países em vias de 'Detroitização'... pode-se ver, por exemplo, «aqui» o "paraíso" que é Detroit.
É um puro roubo! Mais um. Mas agora já nem se dão ao trabalho de disfarçar; metem literalmente a mão no bolso dos cidadãos incautos, fazendo o mal "sem olhar a quem".
Esta gente não olha a meios para atingir os seus criminosos fins. Acham que tudo lhes é permitido!
menpv:

Eu sou um federalista. E não gosto menos do meu País do que os que se opõem.
e-pá! disse…
AHP:

Sendo incontestavelmente um roubo, não é um simples 'roubo'.
É, também, a total descredibilização do sistema bancário europeu onde existia (ou tinha sido anunciada) uma 'regra de ouro' relativa à salvaguarda dos depósitos até 100.000 euros.
A partir daqui tudo é possível. O Chipre conseguiu na UE o resgate (bancário) mas dificilmente captará qualquer tipo de investimento. Daqui para a frente, é só aumentar a dívida e arcar com austeridade em cima de austeridade. Um processo que infelizmente conhecemos.
Mais um país europeu que caíu na ratoeira e jamias se libertará da intromissão dos 'mercados'.
Todos tinhamos a noção de que os bancos cipriotas funcionavam como refúgio das máfias russas, facto escandaloso a necessitar de um combate. Uma questão de polícia. Mas uma coisa é estas 'lavagens' de dinheiro, engenharias financeiras infelizmente ainda corriqueiras no espaço europeu, outra é o cidadão ou a empresa depositante que até aqui confiou nos bancos...
Para o neoliberalismo não existem regras. Vale tudo!
AHP:

Começo a acreditar que vem aí a bancarrota para vários países.
e-pá! disse…
CE:

Foi mais ou menos isso que Daniel Bessa comentou na RR...
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/estamos_todos_a_evitar_anunciar_a_bancarrota_diz_daniel_bessa.html
"Os ‘impostos extraordinários’ são o actual veículo para extorquir dinheiro onde ele possa existir. O longo braço do ‘ajuste’ (de contas?) chega a todos os lados: bancos, debaixo do colchão, empresas, reformas, salários, poupanças, etc..
Completado este primeiro passo conhecemos o menu: seguem-se as ‘reformas estruturais’, a recessão 'prevista', o desemprego 'necessário' e o empobrecimento endémico. Aparecerá sempre alguém [bem instalado na vida] a dizer que outros vivem acima das suas possiblidades...ou que a austeridade é fácil de aguentar".
O infernal ciclo da perversão financeira, que se baseia na promoção da transferência da riqueza dos países menos ricos para os países ricos, e, em cada país, na transferência dos rendimentos do trabalho para os rendimentos de capital. E esta extorsão legalizada só é possível com um sistema político alienado aos interesses do capitalismo financeiro internacional, o que é o caso de todos os governos da Europa, sejam eles conservadores, sociais democratas ou socialistas. Nesta caso do Chipre, a União Europeia deu um tiro no pé. A confiança nos bancos ficou minada.

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