Silvio Berlusconi: o regresso ou a fuga em frente?…

Silvio Berlusconi anunciou que vai disputar a próximas eleições legislativas em Itália. link.

A situação política italiana vive momentos de instabilidade que provocarão a queda antecipada do 'governo tecnocrático' em exercício dirigido por Mario Monti.
A legitimidade democrática do Governo Monti foi sempre controversa, muito embora tenha conseguido, na sua investidura e ao longo do seu exercício, o necessário (mas ao que parece insuficiente) apoio parlamentar. Contudo, uma situação de excepção - mesmo decorrente da irresponsabilidade política de Il Cavaliere -  não pode nem deve perdurar.
Este é mais um caso de um 'intermezzo democrático' na Europa que chega ao fim, como recentemente  sucedeu na Grécia com Papademos. E a situação italiana é tanto mais particular e excepcional quanto é verdade que o PDL (a coligação de Berlusconi) mantem, formalmente, a maioria no Parlamento.

Interessa, pois, saber o que precipitou, aqui e agora, o fim do governo de Mario Monti previsto para o início do próximo ano. Na verdade, terão sido as recentes modificações no panorama partidário que levam a colocar (a precipitar) vários cenários entre eles a antecipação das eleições legislativas. 

Uma das principais razões serão as terríveis dificuldades que o actual secretário-geral do partido Povo da Liberdade, Angelino Alfano, tem sentido na gestão da 'pesada herança' deixada por Berlusconi, surgindo nas projecções pré-eleitorais recentes como um grande perdedor.

Por outro lado, Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrático, ainda este mês conseguiu a nomeação como candidato do centro-esquerda, sob a sigla “Itália Bem Comum”, facto que o coloca, à partida, numa boa situação para disputar as próximas eleições.

Silvio Berlusconi, ao tentar regressar à primeira linha da política italiana pretende evitar o afundamento da sua antiga frente partidária ‘Partido da Liberdade’ (PDL) que ameaça desmembrar-se antes das eleições. Berlusconi deverá surgir, unicamente (isoladamente?), como líder da 'Forza Italia', o que compromete os resultados que possivelmente estará à espera.
Terá, contudo, outras razões. O protagonismo político que procura servir-lhe-ia para atenuar, ou fugir, à crescente pressão do poder judicial sobre múltiplos casos onde é arguido. Esta poderá ser a última fuga em frente, não para servir a Itália mas para salvar a pele e, eventualmente, os seus 'negócios'.

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