ELEIÇÕES NA MADEIRA: o derradeiro um percalço de A. J. Jardim? …

Alberto João Jardim perdeu uma boa oportunidade de retirar-se da vida política regional airosamente para, neste momento, aparecer aos olhos dos madeirenses imolado num quadro de 'fadiga partidária e de liderança'. Esta a interpretação imediatista dos resultados eleitorais no PSD/Madeira.

Na sequência destes resultados link , tornou-se evidente que, se tivesse havido alguma dose de visão política, poderia ter 'gerido' a sua sucessão num quadro serenidade e continuidade, apesar dos interesses (regionais) em confronto. Não o tendo feito, em devido tempo, vê a sua imagem degradar-se perante os madeirenses submetidos a duras medidas de austeridade enquanto, no quadro partidário, perde autoridade.

Tem, a partir de agora, um caminho muito estreito para sair da cena política madeirense pela porta grande. Um caminho que terá rapidamente de percorrer até ao Congresso regional do PSD, já no fim deste mês, onde se confrontarão as moções de estratégia ('Realizar Esperança' versus 'Tempo de Mudança') e, mais uma vez, desfrutará de uma oportunidade para 'emendar a mão'.
Aparecendo a sua sucessão, neste momento, como um facto incontornável, perdeu a oportunidade de assegurar a continuação de um (esgotado?) 'modelo jardinista' no contexto da política regional. Resta-lhe 'condicionar' a mudança.

Não será descabido pressupor que, nos próximos tempos, a política regional (partidária e governativa) deverá viver momentos de grande instabilidade. Esta instabilidade poderá traduzir-se no incremento de movimentações ‘independentistas’ que representarão a fuga em frente para uma autonomia nitidamente comprometida por opções orçamentais, de cunho marcadamente desenvolvimentista, mas financeiramente insustentáveis, tomadas ao longo de mais de 3 décadas de governação regional.

O ambiente que se vive a nível europeu – salvaguardadas as devidas distâncias – onde pontificam problemas deste tipo, em adiantada fase de incubação (Catalunha, País Basco, Escócia, etc.), poderá vir a condicionar as próximas posturas deste longevo [e imprevisível] líder regional, em fim de ciclo político. À volta de uma (surpreendente?) realidade podem suceder-se outros (e novos) percalços...

Comentários

De facto, só pode queixar-se de si próprio. AJJ deixará uma herança difícil de assumir. É natural que os herdeiros renunciem à herança.
Confesso que fiquei surpreendido com este resultado. Afinal os madeirenses - mesmo os do PPD - não são tão vulneráveis à demagogia e à corrupção como eu pensava.

Mas de facto é de recear que o soba, assim espicaçado na sua vaidade, no pouco tempo que lhe resta de poder tome posições ainda mais disparatadas do que o habitual.

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