Os eternos tabus dos ‘sem tabus’…

«Caso RTP será analisado sem tabus» - Passos Coelho… link

De facto, esta dos ‘tabus’ vinda donde vem, i. e., de um partido cujo histórico presidente (Cavaco Silva) tentou entreter o País com um longo ‘silêncio’ sobre uma evidencia de todos conheciam: – a sua primeira candidatura à Presidência da República (1996), soa a caricato para não dizer insultuoso. link
Quando, nos dias que correm, Passos Coelho retoma o remoque para vir a terreiro proclamar que não haverá tabus é exactamente porque isso (dos tabus) já está a acontecer. O tempo passa, as pessoas deslocalizam-se, as realidades modificam-se, mas de residual fica o ADN partidário.

E o início deste (actual) tabu remonta há mais de 1 ano. Quando, a clique actualmente no poder decide inscrever no programa político partidário a privatização de 1 canal da RTP.
Passos Coelho, apresentou-se aos eleitores como um político novo, um arauto da ‘mudança’, que tinha estudado os problemas do País e estava ‘apto’ para governar. Afinal, ontem, em mensagem enviada de Londres, ficamos a saber que inscreveu esta medida (uma daquelas para além da troika) de ‘borla’. Sabemos, agora, que não existiram quaisquer estudos prévios (os agora denominados ‘estudos técnicos em curso’) e a proposta de privatização de um dos canais da RTP foi um oco e leviano arreganho eleitoralista, posteriormente, integrado como medida programática (governamental).
Aliás, este tipo de navegação errática tem sido o constante rumo deste Governo. E para continuar a usar imagens marítimas, o actual e preocupante deficit orçamental (em angustiante descontrolo apesar de severas medidas de austeridade) resulta do facto de algo (ou muito) não ter corrido como o esperado, porque ‘não se aviaram em terra’. E, começa a ser evidente, que daqui para a frente nada deverá correr como o esperado... Mas, 'isso' será outro (o próximo) 'tabu'.

Afinal, há muito que sabemos que os ‘tabus’ são o sustentáculo das famigeradas 'políticas sem alternativas’. E o grande ‘tabu’ será afirmar-se ‘sem tabus’ e verberar que as questões sejam política e socialmente discutidas, remetendo-as para ‘estudos técnicos’ (de sustentabilidade financeira) e, finalmente, escondendo as decisões políticas, como se elas, na realidade, já não estivessem de antemão tomadas.

De facto, ao contrário que prometeu na tomada de posse como 1º. Ministro, Passos Coelho, falhou. O ‘não podemos falhar’, o ‘custe o que custar’, o ‘nem mais tempo, nem mais dinheiro’, não passam de desajeitados e relapsos ‘tabus’ cuja evidência se pretende negar.
Para usar a linguagem freudiana, Passos Coelho, tenta esconder-se atrás de um ‘Totem’, pretendendo com o lancinante apelo ao ‘sem tabus’ proteger, exactamente, ‘os tabus’ - uma velha e pernamente matriz do seu partido.

Comentários

Excelente post.
Só queria acrescentar que o Dr. Passos Coelho aproveitou essas declarações para mais uma vez insultar os cidadãos. Depois de nos chamar "piegas" e outras coisas, agora, a propósito da RTP, chamou-nos, indiretamente, "histéricos"!
Até quando é que os portugueses continuarão a aturar esta gente?

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