ANTONIS SAMARAS: Entalado entre a dispneia e as teses de Lutero…

O actual primeiro-ministro grego, Antonis Samara, acabou de realizar um penoso périplo por algumas capitais europeias.

Internamente, a situação do Governo grego, saído das últimas eleições de Junho, que é encabeçado pela NOVA DEMOCRACIA (Direita) e conta com a colaboração do PASOK (Socialista) e do DIMAR (Esquerda democrática, reformista e europeísta) é frágil e a sua estabilidade (uma convergência de emergência) muito periclitante. link

Publicamente, Samaras - dadas as condições políticas internas - sentiu a necessidade de pedir “um pouco de ar”, ou seja, mais tempo para adoptar as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais. link

Perante este ‘cenário’, em que diariamente aparecem ‘opiniões’ sobre a permanência e/ou o abandono da Grécia na Zona Euro, Hollande e Merkel jantaram em Berlim numa reunião informal para concertarem posições sobre a próxima reunião do Conselho Europeu que se debruçará sobre a questão grega. link

Quando Samaras, um dia depois, se desloca a Berlim limita-se a constatar a intransigência de Merkel que defende o integral cumprimento das condições de resgate. link.
É a sua ‘família política’ (PPE) que aparece em público a retirar-lhe o tapete.

E no dia seguinte, já em Paris, ouve opinião idêntica de François Hollande, embora a ‘intransigência’ apareça mais mitigada. Tudo se resume a vagas declarações de intenções que podem ser resumidas no artigo de Le Monde: "La Grèce est dans la zone euro et la Grèce doit rester dans la zone euro. Ensuite, elle doit faire la démonstration, encore, de la crédibilité de son programme et de la volonté de ses dirigeants d'aller jusqu'au bout", a déclaré le président français aux côtés de son hôte. Il s'agit de faire "en sorte que ce soit supportable pour la population", a cependant relevé le président français, précisant avoir "salué les efforts que les Grecs avaient engagés, douloureusement, depuis deux ans et demi". link.
A única ‘abertura’ visível - da parte de Hollande - reside na pequena e complementar tirada: ‘que seja suportada pela população’…

Pouco para quem precisa de ‘ar para respirar’. Ar na Europa e na Grécia, onde a proposta de novos cortes em salários e pensões link não será muito pacífica no seio da instável coligação de circunstância.

Esta difícil missão diplomática de Antonis Samaras junto ao ‘eixo Berlim-Paris’ mostra onde, de facto e por ora, reside o centro de decisão europeu. Não faltará muito para que 'tudo' se acantone em Berlim.

A não ser que se pretenda uma patética humilhação dos actuais dirigentes gregos porque razão Samaras não foi convidado para participar no jantar Hollande/Merkel que se realizou na véspera do início do já anunciado (pelo Governo de Atenas) périplo europeu? Não basta impor ‘reformas estruturais’e drásticas políticas de austeridade em nome dos credores/investidores?
É preciso também humilhar?

De facto, segundo as teses de Lutero (que datam de 1517 e foram afixadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg) podia ler-se: ‘Deus não perdoa a culpa de ninguém sem sujeitá-lo à humilhação’
Ora aí está! Quem se segue?

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