‘País em sofrimento’? - Não! . Bem, vamos monitorizar…


“Paulo Macedo anunciou ainda que o seu ministério irá monitorizar a forma como a degradação das condições económicas está a afetar os portugueses, tendo para tal solicitado o apoio da comissão europeia nesta avaliação do impacto da crise na saúde…” declarações efectuadas perante a Comissão Parlamentar de Saúde (AR) link.

Afinal, depois de uma despropositada e arrogante chicana política tecida à volta do Relatório de Primavera 2012 divulgado pelo Observatório Português de Servilços de Saúde (OPSS) link, Paulo Macedo aparece, em contra-tempo, a dar a mão à palmatória.

Quando da apresentação do dito relatório com o subtítulo “Um País em Sofrimento” o Secretário de Estado Adjunto da Saúde (em representação do Ministro) procedeu a deselegantes e descabidas críticas (mesmo sendo pródigo na aceitação das mesmas), bem como a um chorrilho de torpes insinuações, relativas à qualidade e isenção do trabalho desenvolvido pelos relatores do extenso documento.
Disse: “Trata-se de um documento político, com uma linha ideológica, não necessariamente partidária, de que não se consegue distanciar para proceder a um relato fidedigno e útil para o exercício da Governação…link.
Mais à frente acrescentou: “ Entendeu o Observatório intitular o seu Relatório deste ano de ‘Crise e Saúde – um país em sofrimento’. Do título pouco se comprova pela leitura do conteúdo. É um facto que crise económica tem impacto na saúde das populações. No entanto, os dados apresentados pouco nos acrescentam ou mesmo comprovam esta certeza…” (link anterior)

Estamos, portanto, confrontados com um facto que por ter sido levantado por um organismo independente do Governo (OPSS) não merece credibilidade. Restou hoje a senhor Ministro anunciar que recorreu a Bruxelas (Comissário Europeu da Saúde, John Dalli) para esclarecê-lo. Monitorizar os impactos é o termo usado link

Para termos a noção do 'ziguezaguear' e a precipitação ministerial convém recordar que o Relatório de Primavera do OPSS, nas Conclusões Finais (pág. 200) link, afirma:

"1. Existe uma considerável base de conhecimento dos efeitos de uma crise socioeconómica (desemprego, endividamento, empobrecimento) sobre a saúde e os sistemas de saúde.
Os efeitos, nomeadamente sobre a saúde mental (perda de autoestima, ansiedade e depressão e suicídio) e sobre o aumento de comportamentos de risco incluindo os relativos à toxicodependência e ao álcool. As consequências de falta de conforto térmico nas habitações, as limitações do acesso aos cuidados de saúde médicos e medicamentos.

2. A forma como uma crise socioeconómica afeta a saúde depende essencialmente dos seguintes fatores:
• Situação socioeconómica, da saúde e da proteção social à partida;
• Intensidade da crise;
• Oportunidade e qualidade das respostas.

3. O país está em sofrimento. A crise financeira, económica e social é patente. Os reflexos sobre o sistema de saúde igualmente evidentes"...

Alguém discorda?  Recorrer a Bruxelas para quê?  Para ganhar tempo ou para gastar dinheiro?

APOSTILA:

A crise económica e financeira também abre caminho a outras perversidades no campo da Saúde. É o caso da grave burla ao SNS recentemente anunciada e ainda em curso (Operação ‘Remédio Santo’) que poderá envolver à volta de falsas prescrições, vendas simuladas e comparticipações fraudulentas, montantes elevadíssimos. (50 a 100 M€). link.
Este é outro assunto a retomar uma vez findas as investigações.

Comentários

Mario Neiva disse…
Haverá investigação a sério, julgamneto e condenados neste "remédio santo"? E quanto tempo vai durar? O tempo necessário a aplicar ao doente (diga-se SNS) o "remédio santo" da completa descredibilzação e "cura" definitiva?
Pura especulaçâo, claro. Mas nâo pode deixar de ser notada a coincidência entre o aúncio da greve dos médicos e o anúncio pelo sr Ministro da descoberta da fraude.
Gostávamos de saber se foram os serviços do ministério encarregados de "conferir as facturas" que cheiraram a fraude.
Ando desconfiado, depois dos freeports, furacões e faces ocultas. Quando a investigação vem baptizada, de certeza que tem padrinhos.

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