Notas soltas: Novembro/2011

Miguel Mestre – O obscuro Secretário da Juventude e do Desporto afirmou que um jovem desempregado, em vez de ficar na «zona de conforto», deve emigrar. O governante que profere tamanha tolice devia sair logo para a «zona de conforto».
OE/2012 – É um orçamento brutal, excessivo e iníquo, com sacrifícios a caírem sobre funcionários públicos e pensionistas, uma injustiça que agrava as desigualdades e amplia a recessão. Eis o resultado de um presidente, um governo e uma maioria.
Itália – A demissão de Sílvio Berlusconi foi mais um acto de higiene do que uma atitude política, útil para credibilizar um país membro fundador da União Europeia. Mas foi lastimável a influência exercida por Sarkozy e Merkel.
Nicarágua – A reeleição de Daniel Ortega desprestigiou a democracia por não respeitar a Constituição. Quando assim acontece qualquer acto é ilegítimo. Há quem não se resigne a seguir o exemplar comportamento cívico de Lula da Silva.
RTP – A privatização é uma velha aspiração da direita, certa de que os magnates não deixarão de defender os interesses comuns. Quando o povo reage, os ultraliberais são obrigados a recuar. E, desta vez, ainda não cumprirão a ameaça.
Otelo – Nunca deixará de ser um herói do 25 de Abril, uma referência afectiva da minha geração, mas as suas declarações, tolas e inoportunas, revelam que não pensa preservar a imagem que a história registará.
BPN – O maior escândalo financeiro português, o mais ruinoso de sempre, somou-se à crise internacional para agravar os problemas nacionais e lançar na miséria um número insustentável de portugueses.
Egipto – As manifestações contra o jugo dos militares, que mantiveram o poder depois de derrubado Mubarak, são a prova de que a democracia sacrifica muitas vidas e é difícil, enquanto a influência dos Irmãos Muçulmanos faz temer a sharia.
  Espanha – A Igreja católica mobilizou-se para as eleições gerais em apoio claro ao PP. Desde Franco que a cumplicidade não tinha sido levada tão longe mas, nunca como hoje, apesar da vitória da direita, a Espanha foi tão laica e secular.
Espanha 2 – Nunca a direita foi sufragada com tão larga maioria e tão estreita margem para governar. A alternância deu-se à terceira tentativa do mesmo líder – Rajoy –, enquanto em Portugal aconteceu ao 5.º líder do mesmo partido.
Greve Geral – A greve nunca é oportuna nem benéfica para a economia mas foi a resposta dos trabalhadores à falta de sensibilidade e aos atropelos à equidade com que o Governo impôs sacrifícios. Não exigiu regalias, foi um aviso para evitar males maiores.
Duarte Lima – A presunção de inocência não apaga os indícios fortes de uma trama organizada para roubar o País através do BPN cuja gestão ruinosa foi exercida por proeminentes figuras políticas da era cavaquista.
Passos Coelho – Em Espanha a direita conquistou o poder após duas derrotas do mesmo líder; em Portugal venceu as eleições ao quinto líder, tendo de conformar-se com o mais inexperiente e impreparado dos sucessivos presidentes do PSD.
S.N.S. – A progressiva entrega dos hospitais públicos às Misericórdias é uma tentativa para transformar um direito constitucional num acto de caridade em que apenas os ricos terão acesso a uma assistência de qualidade.
Madeira – Os atropelos à democracia continuam em absoluta impunidade, mas a deliberação de um só deputado poder votar por todos os ausentes da sua bancada foi a apoteose da tolice numa região habituada aos disparates do sátrapa local.
Cavaco Silva – O PR, que ajudou à queda do anterior Governo e pretende agora que Passos Coelho dialogue com o PS, reincide na ingerência na área governamental. A nostalgia do exercício das funções executivas só serve para atrapalhar o Governo.
Portugal – Enquanto o Fado é considerado pela Unesco Património Imaterial da Humanidade, as agências de rating reduzem Portugal a «lixo».
Itália – Uma das maiores economias mundiais já está sob ameaça dos mercados. O FMI tem um plano de ajuda de 600 mil milhões de euros preparado para auxiliar a Itália em caso de agravamento da crise. E ainda há quem não perceba que é o euro e a União Europeia que estão a ser atacados.
 Marrocos – A vitória dos «muçulmanos moderados», saudada pela imprensa que crê na harmonia do Islão com a democracia, não garante que os islamitas abdiquem dos preceitos do livro sagrado. Por ora só o rei que pode condicionar o radicalismo da fé.
António Guterres – O melhor primeiro-ministro desta segunda República, que os ingratos esqueceram, foi considerado pela revista Forbes, em 2009, a 64.ª personalidade mais influente do mundo. Cinco milhões de deslocados regressaram a casa graças ao seu empenhamento e ao de 6600 funcionários que coordena em 110 países.
5 de Outubro – O eventual desaparecimento deste feriado é prova de ignorância de quem não respeita a memória histórica e a data legitimadora do regime que, embora maltratado, se mantém constitucionalmente irreversível.

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