5 OUTUBRO 2011 / Discurso do PR: realidades e fantasias (passadas, presentes e futuras)

No plano internacional, emergem sinais preocupantes de que a situação económica e financeira se poderá agravar de novo. Num mundo cada vez mais globalizado e interdependente, o mau desempenho das economias desenvolvidas irá reflectir-se inevitavelmente sobre as outras economias.” link


Afinal, Belém, lá conseguiu detectar que o agravamento da situação económica e financeira internacional tem reflexo nas outras economias (na portuguesa supõe-se). Tardou, mas chegou lá por duas razões: porque agora começam a morrer as ilusões de milagres económicos nascidos da austeridade e dos sacrifícios e, ainda, porque o anterior (e exclusivo) alijar de responsabilidades sobre o Governo da República, para além de faccioso, foi revelador de uma pequenez de análise e, hoje, pode ser observado (classificado) como uma clara chicana política.

A situação do País deixou por uns malabarismos de retórica (e essencialmente por oportunidade política circunstancial) de ser insustentável (discurso do 10 Junho, 2010, Faro link) como era há pouco mais de 1 ano. Baixou no rating presidencial para “muito difícil”…


Hoje, nos 101 anos da República, foi possível ver Cavaco Silva preparar terreno para um eventual segundo resgate (hipotese que foi levantada pelo actual 1º. Ministro link, em recente entrevista à comunicação social, a propósito da eventualidade de um “colapso” da Grécia).

Disse, o PR, hoje, na Praça do Município lisboeta: “A par do inevitável saneamento das contas públicas, tem de existir revitalização do tecido produtivo nacional, investimento privado, combate ao desemprego, aumento da produtividade e da produção de bens e serviços capazes de concorrer nos mercados externos. Se tal não ocorrer, os desequilíbrios financeiros terão uma correcção meramente temporária e estaremos de novo colocados na contingência de recorrer à ajuda externa, a qual, a acontecer, se irá processar em condições ainda mais gravosas para os Portugueses"… link

Aí regressaremos novamente ao “insustentável”. Em todos os campos (económico e financeiro), mas também na área política. É que a eventualidade de um segundo pacote de auxílio externo não pode ser considerada a evolução natural do problema português. Terá de ser - até pelo teor slogans que foram e têm sido utilizados – o total “falhanço” destas políticas (apresentadas como opções rígidas, sem alternativas) e, necessariamente, o desmoronar da actual coligação no poder que as sustentam.
Impor condições mais gravosas, do que as já previstas no actual Memorando da troika, supõe (impõe) uma nova consulta popular. Aqui é que não há outra alternativa. Esta será a ética política republicana. A solução republicana para a crise. Não é preciso “reinventar o espírito republicano”(?!) como sugeriu o Presidente com o imediato aplauso da Direita. A jovem que o precedeu a discursar nas cerimónias deixou isso bem claro. É, sim, preciso aderir aos ideais republicanos como “exigiu” Ana Dias. link

Ninguém deseja a necessidade de um novo pedido de ajuda externa, pelo que de intrínseco (e de mau) isso significaria para o País. Mas, também, ninguém aceitará uma mudança de estratégia da política (ou a continuidade na “via estreita do mais do mesmo") como uma fatalidade. Por mais caminho que vá sendo aberto pela cooperação (concertação) institucional (coligação PSD/CDS e PR), como hoje tivemos o primeiro sinal.

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