MADEIRA: uma inacreditável chicana política…ou o mastodonte doméstico?


A “insustentável” link situação de endividamento criada pelo Governo Regional da Madeira e a protecção que os madeirenses (como de resto todos os cidadãos) carecem, perante as duras medidas de austeridade que já chegaram, ou que ameaçam intensificar-se, tem estado na ordem do dia da política nacional.

O Governo de Passos Coelho para justificar a sua actuação drástica em termos de caça à receita (aumento de impostos) e de cortes radicais (por vezes cegos) no Estado Social tem defendido que será necessário ir para além do Memorando da “troika”... link.

Andava o esforçado Passos Coelho nos areópagos europeus vendendo a imagem de “bom aluno”, recebendo rasgados elogios dos euroburocratas e dos gauleiters anglo-saxónicos , quando lhe rebenta no regaço um estrondoso petardo.
Afinal, um feudo conservador (directamente ligado à sua família política) vinha há largos anos “escondendo” a dívida (regional). Tudo parecia à primeira vista inacreditável.

Afinal, as derrapagens da dívida públicas não eram o pergaminho, nem a marca heráldica, da Esquerda, apresentado como esbanjadora e incapaz de gerir com equilíbrio as coisas públicas.
Afinal, lá atrás num recanto do quintal existia um insuspeitado “buraco”.
Não sendo possível endossar este desaire à Esquerda, Passos Coelho refugia-se, atabalhoadamente, na autonomia do PSD-Madeira, como se esta organização política regional fosse um órgão regulador das contas públicas. Na verdade, é uma "máquina" para vencer eleições a qualquer preço.
Confrontado com a gravidade dos factos que representam - numa análise muito sumária - uma machadada na solidariedade nacional (agravada pelos actuais tempos de crise), Passos Coelho foi lesto em sacudir a água do capote e “remeteu para o PSD-Madeira e o eleitorado regional o desafio hoje lançado por António José Seguro para que Pedro Passos Coelho retire a confiança política a Alberto João Jardim, devido à situação das contas na Madeira”. link.

Raramente, os portugueses foram confrontados com tamanha desfaçatez. A Região Autónoma da Madeira é (por enquanto e mau-grado as insinuações de Miguel Sousa Tavares) parte integrante da República Portuguesa. As questões orçamentais e do endividamento dizem respeito ao País. Os titânicos "esforços" – os pesados (insuportáveis) sacrifícios – não têm qualquer selectividade (positiva ou negativa) regional ou local.

Porque razão um descalabro de endividamento, como o da Madeira, vai ser "julgado" nos votos (próximas eleições regionais)?

Não quererá também Passos Coelho submeter ao escrutínio dos portugueses as inevitáveis repercussões do “escândalo madeirense” nos bolsos dos contribuintes?

Começam a ser intoleráveis estas chicanas políticas. É de certo modo o contraponto da infeliz alegoria do aparente “pentelho”, da lavra de Eduardo Catroga, que vem borrar a escrita tão ardilosamente construída para “salvar Portugal”.

Para todos aqueles que viviam obcecados pela procura de esqueletos nos armários, finalmente encontraram um mastodonte instalado na sua própria “quinta” (política), tão corpolento que não cabe no armário...(da nossa democracia)!


PS: Interessante este conceito de “legítima defesa” para defraudar os representantes do povo. link

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