BPN: do mau negócio ao fim do pesadelo?

Governo escolhe Banco BIC para ficar com BPN… link

O BPN tem sido um “elefante branco” para o Estado e um sorvedouro de receitas para os contribuintes.


O fim desta saga que se anuncia – independentemente de um processo ainda sinuoso de transferência de propriedade – nunca foi clara para os portugueses. A sua “nacionalização” em plena crise do sistema financeiro de 2008 (crise dos subprimes) na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers Holdings Inc. pretendia evitar riscos sistémicos do sistema bancário nacional. Na verdade, a situação do BPN viria a revelar-se um escabroso desempenho de actividades bancárias e de investimento, com fortes suspeitas de fraudes e gestão danosa, irregularidades, favorecimento de sectores políticos, etc., neste momento, em averiguação judicial.

Assim, "considerando também o esforço já realizado pelo Estado com a criação e a transferência de activos para as sociedades Parvalorem, S.A., Parups, S.A. e Parparticipadas, S.A., o total do custo do Estado com o BPN, descontado do preço de venda, ascende nesta data a cerca de 2,4 mil milhões de euros". link

Resta esperar que os custos deste imenso descalabro (2,4 mil milhões de euros) fiquem por aqui. É que o esforço dos portugueses além de pesado foi inglório.
A sua “venda” ("entrega"?) rendeu 40 milhões de euros e, segundo de sabe, os cerca de 750 funcionários a dispensar, continuam sob encargo do Estado.

Finalmente, ninguém entendeu como decorrerá a chamada “recapitalização” do BPN, mas suspeita-se que possa ser feita à custa de da “ajuda externa” que estamos a pagar com drásticas medidas de austeridade.

Esta política de “privatizações” do novo governo não tem decorrido sob bons auspícios. Para além de uma orquestrada e concertada desvalorização do património público [com o fim facilitar as privatizações], sem quaisquer resquícios de “nacionalismos” [que no mundo das finanças não existem!], verificamos que vamos alienando tudo ao estrangeiro ao preço da “uva mijona”. A via das privatizações mais parece um processo de arbitrárias expropriações. Enfim, tanto esforço solicitado aos contribuintes para acabar numa venda ao desbarato…

Estas as "novas" políticas de mudança! A "mudança" essencial é ficar sem os anéis e sem os dedos…

Comentários

MFerrer disse…
E falta ainda assistir ao despedimento dos tais 50% dos funcionários, à custa do Contribuinte...
Palpita-me que não vão despedir por este nétodo os contínuos nem as senhoras da limpeza...Para o Contribuinte pagare bem vão ser escolhidos os mais caros dos funcionários, Depois os restantes é tratar deles como se tratam as rezes: Abatem-se uma a uma! Este é o negócio da década e dos anais da corrupção!
Antonio disse…
Mira Amaral acaba de fazer um negócio da china e ainda se gaba de ter criado 750 postos de trabalho, aqueles que não devem ser despedidos. Foi ministro de quem?
e-pá! disse…
Dos 40 milhões de euros que o Estado deverá receber não devem sobrar uns cêntimos depois dos gastos sociais relativos aos despedimentos e indemnizações de metade dos funcionários...
Sendo assim, o património imobiliário do Banco disperso pelo País - para não falar da carteira de clientes [que neste momento não será famosa... mas já o foi!] foi uma oferta.
Foi, como se usa na gíria política, uma privatização a "custo zero", melhor dizendo, com zero de proveitos...
E assim se "emagre" o Estado...de mais de dois mil milhões de euros.
Ao menos, o banco comprador deveria oferecer a cada contribuinte uma esferográfica BIC ... para preencher a próxima declaração de impostos. É lá que vai figurar o real custo desta insólita transacção.
Mira Amaral não terá só negociado bem (tinha condições para o fazer) mas com que argumentos "calou" os outros concorrentes (que publicamente terão publicitado propostas mais altas)?
Ou teremos aqui mais um imbróglio da dupla Pedro/Paulo?
e-pá! disse…
Adenda:

Para assegurar a liquidez do BPN o Estado - de acordo com o definido pelo Banco de Portugal - deverá "injectar" mais 550 milhões de euros (como ontem Miguel Sousa Tavares referiu na SIC).
A venda do BPN começa, à partida, com o valor de: - 510 milhões (550-40).
E a procissão vai no adro...
Assim, acerca do mau negócio não restam dúvidas. O fim do pesadelo é que parece não estar próximo.

Se a intenção do memorando de entendimento com a troika foi libertar os encargos públicos (excessivos) resta interpelar o governo sobre a razão pela qual não se procedeu à anexação deste fatídico Banco à CGD ou à sua pura extinção.
Tantos experts no governo para não entenderem isto?

Não será melhor esclarecer previamente qual o conceito governamental de privatizações?
E esclarecer a inquietante interrogação que ocorre a todos os contribuintes:
com as privatizações pretendemos aumentar a dívida?
ou, o Estado conta ser posteriormente ressarcido, pelas antigas administrações do BPN, deste descalabro?

Este é um caso exemplar de falta de transparência da administração pública.
Daqui para a frente os portugueses ficam de "pé atrás" com as privatizações:
servirão para "aliviar" o serviço da dívida ou são um bodo (aos já ricos)?

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