Algarviadas sobre Saúde no Hospital da Misericórdia de Loulé

Hospital da Misericórdia de Loulé (reconstruído)


Ontem, na cerimónia de inauguração do [recuperado] Hospital da Misericórdia da Loulé, o Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, teceu algumas considerações sobre Saúde.

Disse:
…se o Estado não tem capacidade de assegurar a qualidade e eficácia dos serviços de saúde, então deve delegar e partilhar com outras organizações, como é o caso das misericórdias...”. link

O eterno problema da convivência entre o modelo liberal e as disposições constitucionais.
Mas para além desses princípios políticos majores (os do texto fundamental) os problemas sobre qualidade e da eficácia em suspenso (não existem evidencias) devem ser avaliados por entidades credenciadas e independentes. Não basta o presidente das Misericórdias afirmar excelência ou invocar estudos encomendados. E quanto aos custos e resultados a mesma situação… Nem sempre o outsourcing sai barato. Quando se torna obsessivo - como parece o caso - é quase sempre caro!

E, mais adiante, Cavaco Silva, considerou:
...“a saúde não é imune ao princípio da justiça social”, razão pela qual, concluiu, “cidadãos com diferentes rendimentos podem eventualmente dar diferentes contribuições para a distribuição dos encargos com a saúde”. link

Na verdade o Sr. Presidente da Républica, com a posse do novo governo, perdeu o assessor de Saúde do seu gabinete [é o novo Secretário de Estado Adjunto da Saúde] pelo que pode andar um pouco fora do contexto. Se tivesse lido o recente relatório da OCDE Health Data 2011 link, no capitulo Health Expenditure item “out-of-poket payments” verificaria que em 2008 (últimos resultados publicados referentes a Portugal) a percentagem do esforço dos portugueses para a saúde, sem reembolso, é de 27,2 % , contra 7,3% (2009/França); 10,5% (2009/Grã-Bretanha); 13,1 (2009/Alemanha); 20,1 (2009/Espanha); etc.
Na UE somos o país que contribui com uma mais elevada percentagem de comparticipações em despesas [sem retorno] com a saúde (a Grécia não apresentou números). Mais de 27% do Orçamento da Saúde.

Onde e como deseja o Sr. Presidente sobrecarregar os portugueses com mais contribuições ou, se que quisermos ser directos, instituir os co-pagamentos? Caminhamos silenciosamente para a mudança de paradigma do SNS? É preciso falar claro aos portugueses!

Comentários

Não é de causar espanto que Cavaco Silva,filho de um comerciante,seja
partidário do Liberalismo e do Livre Mercado e que como eu suponho,seja católico e opte pelas Misericórdias e pelo regresso das Irmãs da Caridade.E para rematar o meu comentário,direi:
De Boliqueime também sou eu/mas não alinho com Cavaco/sou filho da Plebe,sou plebeu/sou um algarvio de pataco.

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