Não nos levem por parvos

Os filhos de Cavaco
Por

Daniel Oliveira (www.expresso.pt)   


Cavaco Silva fez uma permuta para comprar o terreno da sua casa de férias. Os registos notariais não existem. Mais uma coincidência: no pequeno aldeamento de um ex-adjunto tem como vizinhos os homens fortes da SLN.
    
Segundo uma investigação da "Visão", no período de pousio político, Cavaco Silva conseguiu um terreno, onde agora tem uma propriedade, através de uma permuta com um construtor civil. Não se sabe com quem e com quê foi feita a permuta. E o próprio Cavaco Silva não se lembra. Ao contrário do que informou o Presidente da República, a matriz da propriedade que é referida no Tribunal Constitucional não está nos registos notariais.

Sabe-se que o negócio foi feito por um ex-adjunto seu e que no pequeno aldeamento, financiado pelo BPN, em que quase tudo tem estranhos contornos, Cavaco tem como vizinhos Oliveira Costa e Fernando Fantasia. São dois homens fortes da SLN. Um vendeu e comprou ações a Cavaco Silva, dando-lhe um bom pé de meia. Outro fez excelentes negócios em Alcochete, socorrendo-se de informação privilegiada, depois do empenho dos cavaquistas em ver ali o novo aeroporto.

Será mais uma coincidência a rede dos negócios ser sempre a mesma?

Cavaco Silva pode continuar a dizer que os seus filhos sairam há muito tempo de casa e que não pode responder pelo seu comportamento tantos anos depois de lhes ter perdido o rasto. Mas, de cada vez que se cava um buraco, lá aparecem as mesmas minhocas. É coincidência que tantos filhos do cavaquismo tenham ido parar ao BPN? É coincidência que Cavaco tenha mantido, com todos eles e com o banco que eles construiram e que nos está a destruir, relações tão próximas? Que eles apareçam nos seus negócios privados, nas suas comissões de honra e nas listas dos financiadores das suas campanhas?

A verdade é que os filhos que Cavaco Silva renega quando se fala do BPN nunca sairam da sua casa. Construiram um banco que se mostrou ruinoso para o país com base nas redes clientelares do cavaquismo. E, na gestão da sua vida financeira e patrimonial, Cavaco Silva continuou a mover-se sempre nessa mesma rede.

Nota: Este texto, de Daniel Oliveira, merece reflexão. 

Comentários

e-pá! disse…
Este artigo de DO lembra-nos - salvaguardada as distâncias temáticas - uma canção que esteve em voga há alguns anos:

Os Filhos Da Nação

Aqui estás tu, jovem atento
acordado neste fim de século
à espera de um lugar
difícil de encontrar
no canudo vive a esperança.

Atrás das luzes em vertigem
ao medo da noite decente
que tens que conquistar
tu tens de conquistar


Ai estes são os filhos da nação
adultos para sempre
ansiosos por saber
se a cruz é salvação

Pões as cenas sem nada para temer
velho cúmplice da decisão
presa é uma ordem
que não podes quebrar,
o desfacinado ofício da vitória

A fúria de um monólogo
que insiste em partilhar
mas não entendes porquê
mas não entendes porquê


(Quinta do Bill)

Na verdade, sobre os indisfarçáveis conúbios que projectaram o clã cavaquista para fora da política, envolvendo-o com um suspeitoso e promíscuo grupo financeiro português, continua a imperar, como a letra da última quadra diz, "a fúria de um monólogo"...

Esta deriva, para além da promiscuidade político-financeira que encerra, acabará por penalizar brutalmente os contribuintes portugueses. E, Cavaco Silva, tão expedito na glorificação dos seus avisados conselhos, esqueceu-se de nos alertar para esta obscena orgia financeira... Incontestavelmente uma má moeda.
Anónimo disse…
Haverá no panorama politico português alguém que não tenha esquemas por trás?

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