EGIPTO: ElBaradei, o catalisador da mudança?

ElBaradei [ao centro] entre apoiantes nas Legislativas de Novembro de 2010.

O "repentino" regresso de Moahmed ElBaradei ao Cairo poderá ser um gesto de grande significado político para o Egipto.

Gamal Eid, director do “Arabic Network for Human Rights Information”, uma ONG que se dedica à defesa dos Direitos Humanos no Egipto, afirmou:
Quem quiser ser líder de um movimento democrático tem de estar [trabalhar] próximo deles [manifestantes]. Ele não pode travar uma batalha contra a corrupção e o autoritarismo por controlo remoto ou pelo twitter. As pessoas não se esquecem de quem estava próximo e de quem desertou quando se clamava por democracia e pelo combate à corrupção”.
E, acrescentou - "A minha pergunta ao Sr. ElBaradei é: o povo começou a mover-se e reclama pela força o direito à democracia, qual é o seu papel?" al jazeera

A resposta a estas questões foi a chegada, hoje, ao Egipto, de Moahmed ElBaradei. A recepção que lhe prestaram no aeroporto agrupou diversas correntes políticas que actualmente lutam pela democracia e, nomeadamente, a National Association of Change.

Mas para ElBaradei nem tudo são facilidades: viveu durante muito tempo fora do País [cerca de 3 décadas], embora seja um diplomata não tem uma sólida experiência política e apresenta um parco currículo no historial da luta contra o regime de Hosni Mubarak. Os jornais pro-governamentais aproveitaram estas fragilidades para iniciarem uma campanha de descrédito a ElBaradei.

Nas eleições parlamentares de Novembro não tendo conseguido congregar a oposição contra Mubarak, nem garantir eleições limpas, preferiu não concorrer em nome da unidade e apelou ao boicote do acto eleitoral.

ElBaradei tem, no entanto, um grande trunfo. Não está enfeudado a nenhum dos múltiplos grupos oposicionistas, tendo contactos e apoios diversificados, inclusive, com o proscrito grupo “Irmandade Muçulmana” – a estrutura oposicionista mais organizada no Egipto.
É reconhecido como uma personagem moderada, credenciada [culta] e respeitada na actual arena política egípcia. Um defensor de um novo regime político com um sistema democrático, moderno e laico que seja capaz de promover o desenvolvimento.

Será, assim, um símbolo agregador para uma mudança colectiva e consensual. Todavia, precisa de participar – ombro a ombro com os manifestantes - nestas jornadas de protesto que, a partir de amanhã, 6ª. feira, depois das orações nas mesquitas, deverão intensificar-se. A “Irmandade Muçulmana” até aqui expectante, já declarou que, a partir de amanhã, vai empenhar-se nas acções de rua visando a mudança de regime. Para a contestação que desde há alguns dias varre o Egipto, amanhã, poderá ser o "dia D".
ElBaradei não podia permanecer por mais tempo distante de um povo que diariamente - apesar das proibições - sai à rua. Tem todas as condições para ser um tranquilo e decisivo “catalisador da mudança”.

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