Política: modelo "Dupond et Dupont"...

O ministro das Obras Públicas, António Mendonça, e o seu secretário de Estado, Paulo Campos, leram o mesmo discurso na abertura e no encerramento do 20º congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, revela o Expresso.
Da parte da manhã falou o secretário de Estado das Obras Públicas, da parte da tarde foi a vez de o ministro ler o mesmo texto. Das 23 páginas do discurso, 18 foram reproduzidas por António Mendonça.

Questionado sobre este percalço, o Ministro, "esclareceu":
Considerou que a semelhança dos discursos se deve à semelhança da política do Governo. "Há partes comuns do discurso em relação aos resultados obtidos, à caracterização da agenda digital e aos objectivos para o futuro. São esses os números reais e é essa a mensagem do Governo"...
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Um governo do tipo Dupond et Dupont...célebre criação de Hergé de especialistas em lapsos e pleonasmos...

A reprodução de um discurso praticamente na integra [18 de 23 páginas, i.e., cerca de 90% !] é um indício da "semelhança da política do Governo"? Que tipo de semelhança política pode existir [dentro de um Ministério] onde há um único responsável político?
Porque não existe a verticalidade de reconhecer que foi um erro das assessorias?
Ou o Senhor Ministro pensa que o incógnito cidadão contribuinte desconhece da existência - na intensa actividade de marketing político - de "ghostwriters"?

Qualquer homem, qualquer organização, qualquer departamento, diria, qualquer Ministério, pode cometer lapsos. Mas a dignidade de, perante a crueza dos factos, reconhecer erros... não pode ser escamoteada à custa da subestimação da inteligência e discernimento dos cidadãos!

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