Terry, um pastor incendiário…


Terry Jones, um americano de 58 anos, antigo gerente de hotel e actualmente pastor evangélico em Gainesville, pretende, em nome da sua fervorosa crença cristã, queimar o Corão, porque o considera “cheio de mentiras". Nesse sentido, colocou placards nos arredores da sua igreja com os dizeres: "o Islão é do diabo". link

Esta paranóica crise islamofóbica nascida na mente de um obscuro pastor que, a todo o custo, procura notoriedade, já suscitou imensas reacções no Mundo e, particularmente, entre os norte-americanos figuras da política como Hillary Clinton e militares como o general David H. Petraeus, já se manifestaram contra esta cruzada.

Ninguém deve ser impedido de expressar as suas ideias ou de "pregar na sua freguesia", como, simbólicamente, diz o povo. Ninguém deve ser obrigado a reger-se por qualquer crença. Ninguém deve ser sujeito a arbitrariedades [...muitas vezes em nome de falsas verdades]. Ninguém deve acreditar que a sua crença [se a tiver] é melhor, ou pior, que a do vizinho.

Este caricato [mas não inofensivo] “auto de fé” é, antes de tudo, o retrato de muitos americanos que - passados quase 10 anos - não digeriram, nem tiraram ilações político-sociais, dos trágicos acontecimentos do 11 de Setembro.
Acreditam que o 11 de Setembro foi “obra do diabo”. Esta visão – se não for contestada e esclarecida - só pode conduzir o Mundo a outros desvarios semelhantes aos do pastor Terry Jones [ou mais graves - quando generalizados]…

Para os cidadãos do Velho Continente – que carregam no seu lastro histórico imensas guerras cuja génese religiosa é incontestável - estas manobras revelam, no seu contexto mais profundo, não só um preconceito islamofóbico mas, mais do que isso, uma postura islamofascista, em que os “outros” não passam de inimigos.
Devemos esperar que esta “nova cruzada”, estas novas fogueiras, que vão ser encenadas num recôndito lugar da Florida, tenham o impacto que merecem. E que mereçam - a par da denúncia dos seus obscuros propósitos - a indignação geral.

Qualquer europeu sabe como as civilizações erguidas à sombra de deuses conduzem à servidão dos Homens e a “guerras santas”. Por isso, uma sociedade democrática, é sempre uma sociedade que combate a intolerância e o fanatismo, preferindo “ocupar-se” dos Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos. Os Homens quando abandonam o refúgio as suas pequenas capelas e se tornam livres, alargam a sua intervenção cívica lutando por valores universais. Não se entretêm guerreando “outros homens”, outros credos, outras culturas. Têm mais que fazer…do que saltar à fogueira!

Adenda: Entretanto, a minha profunda indignação já me fez perder algum tempo com as diatribes do Sr. Terry.

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