Os trabalhos de Sísifo...

…“Portugal e Espanha precisam de cortes orçamentais adicionais para alcançar o objectivo de redução de défice, evitando por em causa o crescimento e o efeito ‘bola de neve’ nos seus défices, de acordo com um esboço do documento da Comissão Europeia de análise das medidas dos dois países.
As medidas de redução do défice anunciadas por Portugal e Espanha, como parte de um acordo da União Europeia - de 10 de Maio - para criar um pacote de ajuda de 750 mil milhões de euros, não são suficientes, de acordo com o relatório a que a Bloomberg teve acesso.” …
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Só o recurso à mitologia grega permite-me compreender o permanente duelo entre a actual crise europeia e as exponenciais exigências de Bruxelas.
A constante confrontação entre insaciáveis apetites da Comissão Europeia e a permanente insuficiência da resposta dos países da zona Euro, em mais profunda crise [orçamental e da dívida externa], lembram-me os “trabalhos de Sísifo”.

Sísifo teria desafiado os deuses do olimpo como a Grécia, Portugal, Espanha & outros terão ignorado a sustentabilidade económica e financeira [altos deficits orçamentais e pesadas dívidas externas].
Sísifo foi condenado a uma [eterna] punição algo parecida com as sucessivas previsões [e visões] saídas das reuniões da CE e do Ecofin.
Sisifo teria, segundo reza a mitologia, de empurrar montanha acima um volumoso pedregulho, assim como nós – os do Sul da Europa - já carregamos um pesado fardo de austeridade.
Sísifo ofegante e esgotado ao chegar ao topo via o enorme pedregulho soltar-se e rolar montanha abaixo voltando ao ponto de partida, como cada medida extraordinária adicionada ao Programa de Estabilidade e Crescimento depois de arduamente transportada para Bruxelas, ao subir às altas instâncias europeias, é remetido de volta para Lisboa a fim ser agravada e carregada de novo…
E mesmo sabendo que a sua tarefa era um esforço inútil,
Sísifo, pacientemente, continuava carregando sua pedra até o topo da montanha, até que ela rolasse de volta. Nós [os europeus do Sul] solicitamente vamos aumentando [a um ritmo mensal?] o peso da austeridade, para no mês seguinte recomeçar.

Um suplício eterno ou os contemporaneos trabalhos de Sísifo?

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Por lapso, de que peço desculpa, apaguei a última versão deste post.

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