PORTUGAL, ingrato e maledicente…


"Só oiço dizer mal de Portugal em Portugal", afirmou ontem o Ministro Luís Amado, segundo notícia o JN. link

Estas são afirmações que pretendendo estimular a auto-confiança popular têm, muitas vezes, um efeito boomerang.

Na verdade, é preciso mais. Isto é, torna-se necessário ir ao encontro e compreender porque razão Portugal vive, neste momento, com um elevado índice de desânimo e de perda da auto-confiança.

Ninguém gosta de ser acusado de praticar a pura maledicência.

Por outro lado, é preciso separar as águas. Uma coisa é o sentimento nacional decorrente da uma profunda crise multissectorial (política, financeira, económica, social, etc.) e , outra coisa serão os naturais desejos de um membro do Governo.

Ao Ministro Luís Amado compete-lhe defender no exterior os interesses do povo português que, neste momento, sofre as consequências e as perturbações de uma longa recessão e não para retribuir com piropos e salamaleques aos representantes da nação swazi (onde se encontrava de visita oficial), zurzindo nos portugueses...

Um Ministro dos Negócios Estrangeiros, nas suas deslocações no estrangeiro (passe a redundância…), deve ser realista e rigoroso nas imagens que do nosso País pretende transmitir aos outros. Nunca deve sucumbir à tentação de, do exterior, mandar recados cá para dentro.

A infeliz boutade do Ministro, numa época em o acesso à informação está “democratizado”, mostra que o mesmo não tem estado atento à imprensa internacional onde, de há algum tempo a esta parte, a visibilidade de Portugal tem sido pautada por motivos, diplomaticamente falando, pouco satisfatórios…
É preciso, também, mostrar coerência. Não podemos criticar o Dr. Rangel pelas declarações que proferiu no Parlamento Europeu, sobre a liberdade de expressão em Portugal, e ao mesmo tempo, anatematizar as críticas internas...

"Só oiço dizer mal de Portugal em Portugal" é, deste modo, uma asserção tão genérica, fútil e descabida que, em primeira linha, fere quem a pronuncia. Por mais que lhe custe aceitar o “dizer mal” (?), este é o Povo que habita o solo pátrio e tem toda legitimidade cívica para criticar ou aplaudir.
É o mesmo Povo que, no dia a dia, diz: “Quem não gosta come menos!”

Comentários

Anónimo disse…
Penso que não entendeu as palavras do ministro

mas também acho que elas não merecem senão um minuto de reflexão

sobre como, entre os bem pensantes da terra, nos autoflagelamos ad nauseum...

abraço

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