Liberdade em risco

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução que condena a difamação religiosa, passando a considerar o acto como uma violação aos direitos humanos e pedindo que os governos legislem no sentido de protegerem as religiões contra as críticas.

A proposta apresentada pelo Paquistão e co-patrocinada pela Venezuela – dois países de sólidas tradições democráticas, um islâmico e outro cristão –, foi aprovada por 23 votos a favor e 11 contra, num conselho formado por 47 países.

Esta vitória muçulmana, uma religião com lúgubres tradições no respeito pelos direitos humanos, arrepia quem defende o livre-pensamento. A Liga Islâmica defende o Corão em toda a sua crueldade: lapidação, amputação de membros e decapitação de infiéis. Não Pode zelar pela igualdade de sexos, laicidade do Estado e emancipação da mulher.

Se o Islão, secundado por outras religiões, visse cumprida a resolução aprovada, nos países laicos, a democracia seria a primeira vítima. Não pode ser delito denunciar a moral anacrónica, delito é pactuar com os crimes que as religiões cometem, com a ignorância que cultivam e a superstição a que sujeitam os seus crentes.

Se o cristianismo considera o Antigo Testamento como parte da Bíblia é cúmplice do racismo, da xenofobia e da crueldade, inspirados naquele livro hediondo.

Ridicularizar o bispo que atribuiu a destruição de Nova Orleães a castigo de Deus, pelos pecados dos homens, talvez venha a ser difamação religiosa mas é um acto de higiene. Acusar o Papa Bento XVI de troglodita por mentir em relação à eficácia do preservativo e, sobretudo, por condenar a sua utilização, é um dever de quem apoia o combate contra a disseminação da epidemia e não pode intimidar os que combatem a sida.

Duvidar da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus por intercessão de santo Pereira pode virar delito e a gargalhada ser punível com prisão. Negar que o arcanjo Gabriel soubesse árabe e tivesse ditado o Corão a Maomé pode tornar-se perigoso mas a sanidade mental exige que não se acredite em anjos.

A religião que permite e impõe os casamentos combinados, que legaliza matrimónios de meninas de 9 anos, discrimina as mulheres, assassina infiéis, adúlteras e apóstatas passa a merecer respeito e a poder retaliar contra quem aprecie presunto e vinho do Porto.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU, em vez de proteger os Direitos Humanos, como lhe compete, fragilizou-os de forma beata e deu razão a extremistas violentos e perigosos.

É preciso estar atento à escalada religiosa que devora os direitos que a nossa civilização conquistou. A Idade Média durou mais do que devia e o regresso é intolerável.

Comentários

Anónimo disse…
Venezuela?? Se for assim, então por que a TV estatal de lá pôs estes programas????
http://www.youtube.com/watch?v=5tKYVqL3aHc

http://www.youtube.com/watch?v=QpqcsjQQHpQ

lamento, mas o jornal tá inventando história!!!

Pq este mesmo jornal não fala do silêncio da mídia ocidental em relação a graves crimes da igreja??
Pq não fala da cumplicidade da OTAN com terroristas islamicos da KLA contra a Sérvia??? Pq a mídia ocidental, qua fala tantos horrores do islam, não fala das SS islamicas (Handschar,Kama,Skanderbeg)?? Pq não fala do apoio dos EUA à teocracia saudita??? Pq não critica violentamente os EUA por colocar xiitas no poder no Irak??

Estas história de islamico ameaçando a livre expressão é mais uma jogada pra assustar o povão...
Quantas coisas graves envolvendo igreja , EUA, OTAN são censuradas p e ninguem diz nada???

é verdade que o islam não é santo, mas fazê-lo de bode expiatório é o cúmulo!!
Anónimo disse…
Outra coisa...
a mídia ocidental, que tanto idolatra Salman Rushdiem, Hirsi Alli ou Waffa Sultan por criticarem o islam é a mesma que desmerece(u) e/ou ignora(ou) Edmond Paris,Avro Manhattan,Santiago Camacho,Vladimir Dedijer,Viktor Novak e John Cornwell. Pq ?? pq estes ousaram mostrar podres da igreja!!! Ou seja... mostrar os podres do islam pode(se forem islamicos pró-OTAN,não pode!), mas da igreja não!!! Os crimes da igreja são melhores do que os dos islâmicos,então!!
Anónimo disse…
Outra pergunta:
Pq a mídia ocidental, qua fala tudo contra os islâmicos, chorou por eles no caso Milosevic e Karadzic???
Vocês não vêem o comportamento dúbio da MASSMEDIA??
E Gadafi?? há 20 anos ele o ditador cruel, o terrorista islâmico etc.
E hoje é tratado como 1 democrata.
Pq? pq ele se curvou a OTAN.
e-pá! disse…
ONU:
- FORUM DAS LIBERDADES ou DAS PENITÊNCIAS ?


As crenças - sejam quais forem - não podem condicionar o consagrado na Declaração dos Direitos Humanos que são, no concreto, uma conquista para a Humanidade.

Momens e mulheres de diferentes crenças, isto é, mulçulmanos, cristãos, judeus, protestantes, agnósticos, ateus, etc., sofreram na pele ou perderam a vida em quezílias em cuja génese estivaram conflitos religiosos. Não pretendem, com certeza, repetir esses comportamentos bárbaros e cruéis que sofreram os seus antepassados.

A liberdade de crença, não existe fora da possibilidade de qualquer cidadão praticar a religião em que acreditar e, simultaneamente, de, pelo próprio arbítrio, não aceitar preceitos religiosos de qualquer espécie.

Este é o quadro humano que envolve as religiões e que está expresso no artº. 2º. da Declaração Universal dos Direitos Humanos subscrita pela ONU, onde se proclama:

Artigo 2°
"Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião , de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação...".

Aproveitaram uma momentânea oportunidade para introduzirem a raposa na capoeira.

Espero que a capacidade crítica dos homens, indissociável do exercício da liberdade, não consinta que a Assembleia Geral da ONU, venha a ratificar esta resolução de uma comissão que, inopinadamente, abre um conflito religioso internacional.

A liberdade de expressão está para além das convicções pessoais, políticas, religiosas, etc. porque se for cerceada acaba por aniquilar todas as outras.
A liberdade de consciência concede-me o privilégio de desfrutar do mesmo modo da liberdade de louvar, como da de criticar, como da de ser indiferente.
A liberdade de expressão é um gozo do direito de me exprimir, com independência e autonomia.

O facto das religiões sentirem a necessidade de virem a uma Comissão da ONU solicitar protecção contra as críticas, mostra a fraqueza e a debilidade que sofrem os fundamentos que informam essas religiões.
Já nos libertamos da Inquisição há alguns séculos. Denunciamos os horrores desses "santos ofícios", em nome de um deus.

Não vamos agora permitir que, através de uma Comissão da ONU, se generalize o renascimento das Inquisições, nos Países, em nome de todos os deuses...

Ou Conselho de Direitos Humanos da ONU desconhece que existem Países laicos?

Porque a primeira tentativa de protecção das religiões à crítica seria silenciar os agnósticos e os ateus, onde os crentes, possivelmente, buscariam a unanimidade de acusações.

Depois, todas as dissensões seriam passadas a pente fino e estaríamos à beira de um conflito religioso global.
De novas cruzadas. Também já demos para esse peditório...


CE:
Parece-me, pela inverosimilhança, uma notícia prematura do 1º. de Abril(estamos a 28 de Março)…
Graza disse…
"...O facto das religiões sentirem a necessidade de virem a uma Comissão da ONU solicitar protecção contra as críticas, mostra a fraqueza e a debilidade que sofrem os fundamentos que informam essas religiões."

Também acho, deve ser o 1º de Abril antecipado...

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