Associação Ateísta Portuguesa


Assunto: A viagem de Bento XVI a África

COMUNICADO

À Comunicação Social

Bento XVI declarou, no início da sua primeira visita ao continente africano, que “não se resolve o problema da SIDA com a distribuição de preservativos” e que, “pelo contrário, (a sua) utilização agrava o problema”.

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) repudia solenemente estas graves e falsas afirmações e, sabendo que 67% das pessoas infectadas com SIDA vivem na África subsariana, lamenta a viagem do Papa católico a África e os consequentes prejuízos irreparáveis na luta contra a dramática epidemia.
Estas afirmações do Papa, ao arrepio dos conhecimentos científicos, em colisão frontal com as recomendações dos organismos internacionais, nomeadamente a OMS, e com grave prejuízo dos esforços das autoridades sanitárias para debelarem o flagelo, contribuem para tornar mais dramática a situação e mais difícil o seu controlo.

Com estas palavras, a visita do Papa a África torna-se numa calamidade que contribui para a degradação das condições sanitárias e para o recrudescimento da epidemia da SIDA. As crenças de Bento XVI contrariam os conhecimentos epidemiológicos e as suas declarações agravam os perigos de comportamentos sexuais de risco e da propagação da SIDA.

A reprovação do preservativo, o meio mais eficaz de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, é moralmente injusta e cientificamente insustentável. Ao defender dogmas religiosos sem considerar a tragédia humana que daí resulta, o Papa declara-se como um dos responsáveis pelo agravamento da epidemia e pela sabotagem dos esforços dos organismos de combate à SIDA.

Deste modo, a AAP condena, em nome da paz, da liberdade e da felicidade humanas, o comportamento imoral do Papa e apela a que a representação do Vaticano nas organizações internacionais de saúde seja suspensa até à retractação, sem subterfúgios, destas alegações inadmissíveis.
Finalmente, a AAP exorta a Conferência Episcopal Portuguesa a demarcar-se das infelizes e graves afirmações papais sob pena de se tornar cúmplice da sabotagem no combate à SIDA.

Bastavam a África a fome, as epidemias e o tribalismo. Era escusada a viagem papal.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 20 de Março de 2009

Comentários

Anónimo disse…
Quando é que Nazinger vai prestar contas sobre a cumplicidade de Roma com a AIDS na África, além do massacre de Ruanda?
e-pá! disse…
Bento 16, destruíu em menos um minuto - o tempo necessário para as suas infames declarações! - anos e anos de trabalho de múltiplas equipas de prevenção governamentais e de Organizações Não-Governamentais (ONG's) que têm dirigido uma especial atenção para a África subsariana, dramaticamente afectada pela SIDA.

Para prestar declarações, em termos humanitários, deste teor cataclísmico, bem podia ficar de quarentena no Vaticano.

É, mais um lamentável episódio entre as falsas convicções (impostas dogmaticamente) que tornaram cruéis e desumanas as religiões e as colocaram em permanente conflito com o mundo científico, neste caso, com a epidemiologia e a medicina preventiva.

Para quem, como a Cúria romana, considera um espermatozóide um "homem pequenino", esta nefasta e funesta "contribuição", provocará muitas mais mortes do que a sua insana e néscia "batalha" contra o aborto (que toda a gente reprova, mas aceita e legisla para situações específicas, convém esclarecer).

Se existissem saldos humanitários, Bento 16, tinha posto em consonância o negativismo das concepções retrógadas e deletérias ICAR, que vêm de à séculos e perduram, com mais recente crise oriunda de Wall Street...
Ambas, conduzem à miséria...

E se, as declarações de Bento 16, não fossem tão graves e vexantes para a Igreja teriam, no mínimo, transformado a sua digressão africana, num festival da ignorância e do ridículo.

Bem-aventurados os que têm a noção (...pelo menos a noção) de que existe Ciência (ou conhecimento científico).

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