AAP na comunicação social


Hoje, pelas 11H40, fui solicitado pelo Rádio Clube Português para comentar as declarações do cardeal Saraiva Martins, proferidas na Figueira da Foz, sobre a homossexualidade, que considerou anormal, e a adopção de crianças por homossexuais, que considera um perigo.

Em resumo, afirmei:

- As declarações do cardeal reflectem as crenças das religiões monoteístas e o carácter homofóbico da Bíblia. Tem todo o direito a exprimi-las assim como o Estado tem a obrigação de as ignorar;

- Ressalvei que não era legítimo confundir os casamentos homossexuais com a adopção de crianças. O primeiro deve ser um direito de adultos a exercer de acordo com a sua orientação sexual;

- Quanto à adopção de crianças, a Associação Ateísta Portuguesa não tomaria qualquer decisão sem o parecer de psicólogos e sociólogos sobre o assunto embora, neste momento, já haja em Portugal crianças legalmente adoptadas por homossexuais;

Tal como o Estado não tem o direito de impor à Igreja os casamentos religiosos homossexuais também à Igreja não assiste o direito de coibir o Estado de os consagrar.

Limitei-me a condenar a recusa da autonomia ética à sociedade por parte das religiões e a constatar o carácter radical da ICAR numa atitude mimética do Islão.

***
O paradigma de família para a Igreja católica continua a ser o mito bíblico da criação de Adão e Eva, há pouco mais de seis mil anos, com a admissão inevitável do incesto para que o Planeta se povoasse. Semelhante mito está totalmente desacreditado e é inaceitável como modelo único.

Há, aliás, dúvidas quanto ao apreço divino pela virgindade feminina, o desvelo pela castidade, a exultação com o celibato dos padres e muitas outras crenças atribuídas ao deus que os homens inventaram e de que os sacerdotes reclamam procuração.

Comentários

andrepereira disse…
Senhor Presidente da AAP:
Discordo de si no seguinte:
- deve dizer Estado com maiúscula;
- os critérios da adopção estão na lei e devem seguir os pareceres - em concreto - dos técnicos: muitos heterossexuais são rejeitados; muitos homossexuais poderão também ser rejeitados. E a inversa será - só pode ser - também verdadeira, como aliás V.ª Ex.ª afirma e bem.
Vou já emendar o Estado, E obrigado também pelo apoio jurídico.
Já que estamos em matéria de terminologia jurídica, os sacerdotes não podem ser procuradores de nenhum deus, porque não têm procuração que possam exibir; quando muito agirão como meros gestores de negócios,i.é: pessoa que "assume a direcção de negócio alheio no interesse e por conta do respectivo dono, sem para tal estar autorizada" (art. 464 do Código Civil)
Resta saber se o deus/dono do negócio ratifica ou não a gestão!
e-pá! disse…
Os casamentos - quaisquer que sejam - dizem respeito aos direitos cívicos dos cidadãos, não são emanações ou "consagrações" religiosas.

As "novas" Conferências do Casino são muito frequentadas por eminências da ICAR e, por isso, quando entram no campo mundano ou secular, levantam muita polémica.

Enfim...

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