Evangelização à força

O Papa Bento XVI, ao mesmo tempo que afirma que os filhos não são propriedade dos pais, pede a estes que eduquem os filhos na verdadeira liberdade, eufemismo com que designa a religião católica.


Acompanho o Papa a considerar falsas todas as outras religiões e só lhe acrescento a sua. Nego-lhe, todavia, autoridade para se pronunciar sobre os deveres dos pais não católicos que terão, quanto aos próprios filhos, maior legitimidade.


Sei por formação profissional como é fácil doutrinar e fanatizar crianças e o perigo que representa entregá-las ao cuidado das madraças, sejam elas muçulmanas ou católicas. O baptismo católico, ou outro, e posterior doutrinação, coarctam a liberdade de escolha de quem deve ser educado para a liberdade e não para a obediência a um credo.


Um pouco por todo o lado, há crentes que não se limitam a conquistar para si o Paraíso, querem impô-lo aos outros, como é o caso do Papa.


O Vaticano tem na sua história o rapto da criança judaica de 6 anos, Edgardo Mortara, removida à força pela polícia papal aos pais, em Bolonha, 1858, então integrante dos Estados Pontifícios. Os inquisidores que ordenaram o rapto da criança usaram o pretexto de que tinha sido baptizada in extremis por uma criada.


A doutrinação de crianças, política, religiosa ou filosoficamente, incluindo naturalmente o ateísmo, é uma forma de atentar contra a liberdade, a pretexto da vontade de um deus inventado pelos homens na Idade do Bronze.

Comentários

Anónimo disse…
abraço...
sempre oportuno nos comentarios postos...
Anónimo disse…
CE, vamos citar crimes + recentes do Vaticano!!!

As atuações do Vaticano no século XX ....
Croácia de Pavelic, o Vietnam-Saigon de Ngo DInh Diem ou o holocausto de Ruanda!!
Rui Luzes Cabral disse…
Por esta lógica, um comentário: Será que é correcto colocar as crianças, assim tão cedo, na escola, para aprender a ler e a escrever? Agostinho da Silva duvidada e eu até percebo. Não será também coactar-lhes a liberdade e a escolha, pois elas podem nunca querer saber dessas coisas.

É obvio que os pais - e não vejo mal nisso - querem aos seus olhos, o melhor para os filhos, senão todas as crianças do mundo eram "máquinas" à espera de consciência para se auto-formarem. Não vejo afecto, responsabilidade, nem grande futuro em tal tipo de educação. Seria uma pasmaceira completa. Ninguém poderia dizer "nada" aos filhos, praticamente. Assim que escolha seria a deles.
Para já fico-me por aqui...
Zeca Portuga disse…
"madraças, sejam elas muçulmanas ou católicas".

Falar de madraças católicas é o mesmo que falar das baleias do deserto do Sahara!

Por aqui se nota o rigor, os conhecimentos próprios da cultura do autor, bem como suas sadias ideias.

Neste país, a educação dos filhos é, legalmente (constitucionalmente até), um direito e uma obrigação dos pais.

Diz o autor que sabe muito bem como se podem "depravar" crianças... Não precisa de exemplificar, proque ateus como ele deram um exemplo na Casa Pia... nós já conhecemos!!!

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