Civilização e multiculturalismo

O encontro de culturas é um factor de enriquecimento e a cultura europeia é a síntese do encontro de povos e conhecimentos diversos que fizeram a Europa das Luzes e a Revolução Francesa.

Esta cultura exige a tolerância para com todos mas sem a transigência para com tudo. A antropofagia era um hábito de certas tribos e não estou certo de que devêssemos perpetuar o costume que, ainda há dois séculos, resistia na Polinésia, onde se engordavam mulheres para consumo humano.

Reconheço que não sou entusiasta do hábito de oferecer sacrifícios humanos aos deuses nem admirador dos que, na Páscoa, se fazerem crucificar nas Filipinas.

Sou pouco condescendente com a diversidade das crenças sobre a epidemiologia ou a higiene básica e consideraria criminoso um conselho para a aplicação de excrementos de cavalo sobre as feridas ainda que os pacientes tivessem a vacina do tétano.

O multiculturalismo é enriquecedor mas não me peçam para aceitar a cultura que discrimine os sexos, preconize a pena de morte, defenda a lapidação de mulheres ou a decapitação de infiéis. Entre a cultura, que informa a Declaração Universal dos Direitos do Homem, e a cultura que exige a renúncia aos valores humanistas e obriga à submissão à vontade divina, defenderei a primeira contra a segunda para evitar o regresso à barbárie.

Não me importo que à minha volta se façam jejuns, orações pias ou fumigações rituais, mas não admito imposições. Desprezo qualquer cultura, religião, dogma ou ideologia que confira aos homens o direito de bater nas mulheres, ou vice-versa.

Definitivamente.

Ponte Europa/SORUMBÁTICO

Comentários

andrepereira disse…
Apoiado! Relativismo e renúncia a valores não é connosco. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é a magna carta do diálogo de civilizações. E disso não cedemos. E na Europa, a malha é ainda mais apertada e chama-se Convenção Europeia dos Direitos Humanos e os seus Protocolos Adicionais. E não venham em nome de um clã, de um grupo ou de uma alucinação colocar esses magnos valores em causa.
Apoiado(ao post e ao comentário)!
Quando oiço falar em multiculturalismo fico logo de pé atrás; normalmente atrás dele esconde-se o pró-islamismo.
O diálogo e o convívio entre civilizações é benéfico. Mas não se pode pôr no mesmo pé a civilização e a barbárie!
e-pá! disse…
Em vez de envolvermos o Mundo na sua real e imensa complexidade e, em vez disso, sistematizarmos (mesmo que artificialmente) alguns dos parâmetros sectoriais das relações que estão presente no contacto entre os Homens, p. exº. incentivando o diálogo, teríamos uma percepção mais "fina", mais apurada das dificuldades e provavelmente saídas mais airosas para os eminentes e cíclicos problemas e conflitos.

Assim,

O diálogo intercultural é fundamental para a Paz.
É aí que se harmoniza o pluralismo e a diversidade, características humanas insubstituíveis.

Por outro lado, o diálogo inter-religioso, mais faz lembrar um "supermercado", ou um placa giratória onde se entra ou sai, onde se rodopia ou onde nos afundamos.
É dificil compreender como a modernidade não tornou as religões obsoletas.
O eucumenismo não passa além das proclamações, sem significado, sem consequências.
Entre as religiões reveladas então a fissura é abissal.
O que não tem trazido Paz ao Mundo.

Não podemos descurar - principalmente na UE - o dialógo social.
Ele é uma ferramenta chave para uma melhor governança e um motor de reformas económicas e sociais...

E podiamos continuar a citar outros exemplos nesta longa estrada do diálogo!

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